CRUEL SUMMER | Min Yoongi

36. invitation

36. invitation

- Para você - Hye-lim sequer esperou até que eu estivesse totalmente desperta para falar, erguendo-se bem acima de mim em um ângulo pouco favorável para minha visão.

Confusa e com uma bela de uma dor de cabeça causada pela luz forte que entra da janela do seu escritório, eu ergo meu tronco. Para minha surpresa, não estou tão desconfortável quanto pensei que estaria, ainda mais depois de dormir no chão, ao lado do Yoon-gi ontem à noite.

Ao lado do Yoon-gi...

Arregalo os olhos e balanço a cabeça de um lado para o outro, procurando-o. Mas não o encontro. Do contrário, encontro vários pares de olhos curiosos e enrugados competindo o melhor espaço no batente da porta do escritório minúsculo.

Não havia dúvidas, afinal, que eles estavam por trás disso.

- Seus danadinhos... - resmungo, sem realmente estar brava com eles. Não depois do que aconteceu.

Não depois de ter passado a noite em seus braços, intercalando o tempo e atenção entre perguntar algo sobre sua vida e beijá-lo.

Descobri que Yoon-gi conseguiu ingressar em uma universidade depois de um árduo ano de estudos, logo após ele ter ido para Daegu. Ele contou que passar um tempo com sua avó materna numa cidade mais calma foi a melhor convivência familiar que teve, naquela época, em anos. Fez bem para ele, tanto que no ano seguinte ele começou uma jornada de conquista à todos os seus sonhos.

Primeiro a aprovação no curso que queria; depois, a atuação profissional em um ambiente que o acolhia com todo carinho; e por último, finalmente poder conviver em um ambiente familiar saudável.

A mãe do Yoon-gi finalmente se divorciou e abriu um restaurante em outro distrito, de onde tira seu sustento. Seu pai não mora mais na Coreia, foi aconselhado a ir embora. E ele... bom, ele possui agora um apartamento não muito longe da casa dos meus pais (pelo menos não tanto quanto o Hoseok fez parecer), onde vive sozinho e, em alguns finais de semana, visita a mãe na casinha que ela alugou com o esforço do seu trabalho.

Coço os olhos e, mais desperta, pergunto:

- Onde ele está?

- Saiu faz pouco tempo. Talvez ainda o encontre na saída.

Não penso duas vezes, me levanto tão rápido que chego a ficar tonta e saio correndo até a porta. Os velhinhos abrem espaço para eu passar com salvas animadas e eu deixo com Hye-lim a missão de repreendê-los e dizer para não nos bisbilhotar do lado de fora - embora eu ache que eles farão isso de todo jeito.

É só no meio do caminho que percebo que estou com seu suéter em meu corpo, a peça que poderia facilmente levar todos a pensar que aconteceu mais do que realmente aconteceu ontem à noite. Preciso devolvê-la, é claro, por isso que estou indo desesperadamente até ele...

Abro a porta e o encontro no minúsculo jardim de entrada, poucos passos perto de chegar à calçada. O barulho abrupto da porta, por si só, faz com que ele vire nos calcanhares e olhe para trás, uma indagação estava se formando em sua face pálida quando suas linhas de expressão se suavizam ao me ver.

Abro a boca. Tinha me decidido segundos atrás que ia falar sobre o suéter, algo simples e sem perigo de soar errado, mas sequer o tirei do meu corpo.

Os segundos se passam com ele me encarando fixamente, as mãos nos bolsos e a postura casual sendo um indicativo de que ele tem a si mesmo sob controle.

Eu gostaria de estar pensando no que dizer, mas estou distraída, perdida nele.

- Eu deveria te devolver isso - digo, ainda atônita por estar vendo seu rosto sob a luz fraca do sol que aos poucos desponta no horizonte, segurando o tecido macio na região do meu ombro.