CRUEL SUMMER | Min Yoongi

21. pick up the pieces, start over again

21. pick up the pieces, start over again

O resto das férias passou em um piscar de olhos, tão rápido quanto uma breve e quente brisa de verão. E com elas, Yoon-gi mais parece uma lembrança distante do que poderia ter sido algo bom enquanto durou ou algo que eu levaria comigo para vida, além dessas curtas férias. A segunda opção sempre soou mais atrativa desde que admiti meus sentimentos para mim. Mas na verdade, o sentimento deixado é amargo.

No fim, nada parece tão amargo quanto a angústia assolada na boca do meu estômago.

Sem perceber, depois de dias trancafiada dentro do quarto e evitando assuntos indesejáveis ou aparecer na rua e olhar nos olhos das pessoas que estão tão prontas para destruir minha reputação nesse momento, tenho que juntar os pedaços deixados e me preparar para o resto do ano letivo.

Preciso estudar bastante, entrar numa boa faculdade e me mudar para um dos minúsculos dormitórios. Essas são minhas prioridades. Quero me afastar desse bairro e tudo que ele representa para mim. Quero apagar a memória de nós dois caminhando pelas ruas vazias durante a noite, rindo ou trocando farpas durante todo o caminho; ou quando eu andei em seu carro, pronta para fazer uma missão mirabolante, certa de que aquela noite mudaria minha vida. E de fato, mudou.

Mas agora não resta mais nada além de resquícios de um passado tão doce no começo, mas que em poucos segundos, com poucas palavras, foi capaz de me destruir pela segunda vez em tão pouco tempo.

Preciso cuidar de mim agora. Ou pelo menos tentar com todas as minhas forças.

Desde o dia em que soube da verdade pelo meu irmão, usei a imposição dos meus pais para fugir de tudo e todas as minhas responsabilidades. Me permiti perder o foco pelo menos uma vez e apenas trabalhar no que estava me fazendo tão mal. Não foi o suficiente para apagar as faíscas que ainda atritam em meu coração, a ânsia de ter alguma notícia reconfortante dele, porém, já é um começo. E começos tendem a ser difíceis mesmo, principalmente quando eles te obrigam a deixar de lado coisas que já faziam parte da sua rotina.

Yoon-gi se tornou a minha rotina preferida, e por isso o processo é tão lento.

Não tive notícias do Yoon-gi desde aquele dia. Mesmo depois da conversa dura que tive com meus pais, não consegui dormir naquela noite. Como uma boba, ainda esperei que alguma mensagem ou ligação chegasse. Só queria uma explicação vinda dele, qualquer coisa. 

Queria sua sinceridade. Mas Yoon-gi sequer foi capaz de me dar algo tão simples, e eu me vi perder mais e mais da confiança que tanto depositei nele.

Agora me sinto forçada a virar a página. Terminar um capítulo com um plot twist inesperado no final das contas e sem conclusão, pois não compreendo suas motivações e motivos, mas agora não tenho mentalidade convicta para lidar com ambos nossos problemas.

Caminho pela rua a passos lentos, chutando uma pedrinha que achei no percurso e que parece mais interessante do que a paisagem de mais um dia que se inicia. Recusei a carona dos meus pais logo pela manhã, pois não queria passar constrangedores minutos dentro daquele carro, em completo silêncio. Sabia que eles encontrariam um jeito de tocar no assunto que determinei proibido e tentarem mudar meu foco para essa nova etapa da minha vida. Eu só não estou pronta para ouvir isso agora. Não estou pronta para palavras reconfortantes que em nada mudam minha situação. Acho que, antes de mais nada, precisamos encontrar uma alternativa, uma saída, dentro de nós mesmos.

E eu sei que estou perto da aceitação, da conformação. Só não alcancei esse lugar ainda.

O aumento na circulação de pessoas usando o mesmo uniforme sem graça me indicam que cheguei na escola. Ergo o olhar e encaro aquela construção antiga. Checo o horário no relógio de pulso e espero pelo Han-gil. Ele sempre está atrasado, felizmente não o suficiente para sermos expulsos da sala de aula ou algo do tipo.