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YOON-GI

Presente.

Depois de minutos dirigindo acima da velocidade permitida em cada estrada, paro o carro subitamente, numa estrada que dá vista para o mar, próximo ao restaurante em que ajudei a Jung Eun na noite em que o destino traiçoeiro usou para entrelaçar da forma mais intrínseca o meu futuro ao seu, apenas para pôr um fim nas coisas desse jeito.

Eu pôr um fim em tudo da pior maneira.

Às vezes me surpreendo com a minha falta de tato para lidar com as coisas, os sentimentos das pessoas e os meus próprios. No fim das contas, sempre acabo deixando um lado sofrer mais. Definitivamente não queria que fosse o dela, por isso julgo que não lhe proporcionar a real verdade pode canalizar o seu ódio apenas em mim e não em diversos fatores, talvez assim ela possa superar mais rápido. Mais rápido do que eu, pelo menos.

Meu corpo é lançado para frente com a parada repentina, o cinto se aperta ao meu redor e causa uma pequena dor, mas sequer faço questão de olhar para a pessoa ao meu lado e, em certa medida, cúmplice de toda a história. Pouco me importa se ela se machucou ou não.

Respiro fundo e abaixo a cabeça, ofegante. Apesar de não ter feito esforço físico, a adrenalina corre desenfreada pelo meu corpo, como se tivesse sido com minhas pernas que eu fiz o mesmo esforço do motor do veículo até segundos atrás.

Estou exausto. Cansado de falar, me justificar (ou pelo menos planejar justificativas que se concretizam apenas em minha mente) e, principalmente, ser olhado e julgado como o grande vilão da história pelos pais da Jung Eun, o Hoseok e ela mesma.

Fazem dias que meus pensamentos estão absortos em apenas uma pessoa, mergulhados em um oceano vasto e denso, repleto de pensamentos que destoam entre melancólicos e felizes, recordados de uma forma quase que nostálgica e temporalmente muito distante de onde me encontro agora. Queria poder resolver tudo de uma vez, seja para o bem ou para o mal, mas não entendo por que, subitamente, existem tantas pessoas e tantas coisas conspirando contra nós e dependendo das minhas decisões.

Eu, de fato, acredito ter resolvido tudo agora, mas definitivamente não foi algo que eu planejei fazer ou executar desse forma. Na verdade, os meus planos se limitaram até alguns dias atrás. Não imaginei que encontraria com a Jung Eun tão cedo, após poucos dias desde a briga, com as feridas ainda abertas e uma vontade absurda de querer falar comigo, gritar comigo, ou talvez... me bater. Por isso tomei tanto cuidado, a última coisa que imaginava era lhe encontrar hoje.

E, para piorar mais o meu estado de irritação, sei que mesmo que eles expliquem seus motivos várias e várias vezes, ainda assim, não entendo.

- Satisfeita? - pergunto entredentes, fechando meus dedos com força ao redor do volante. Sinto a dor expressa externamente pelos meus nós dos dedos, que começam a ficar mais pálidos do que já são.

- Por que não me disse que ela estava com você naquela hora? - Hana pergunta, ignorando a minha existência ao olhar para o vidro frontal, admirando uma paisagem que seria de tirar o fôlego a essa hora do dia, se não fossem as circunstâncias. Sei que seus olhos não estão realmente contemplando o que vê.

- Eu não sabia que ela apareceria e viria falar comigo, tive que improvisar algo que pensei já ter posto o ponto final há dias - explico com uma calma comedida, mas então minha expressão muda quando lembro por que (ou melhor, por causa de quem) estamos aqui, conversando, e eu acrescento: - Além disso, pensei que era isso que queriam. Agora não adianta tentar sair como a inocente da história.

Ela não demonstra qualquer reação, apenas abaixa o olhar. 

- Sabe que não concordo exatamente com tudo isso. Muitas coisas saíram do controle antes que pensássemos na melhor alternativa para ela - então olha para mim novamente. - Afinal, é por isso que estamos aqui, certo?

CRUEL SUMMER | Min YoongiOnde histórias criam vida. Descubra agora