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Fiquei deitada naquela verde e divina grama depois de vasculhar boa parte do terreno, encontrei uma árvore de grande copa que presenteava qualquer sortudo que a encontrasse com uma boa sombra, a brisa acariciava meu rosto e eu me sentia no céu, o céu de Elizabeth Bennet e Mr. Darcy, é claro, de que outro poderia ser?
Em dado momento, voltei para casa, furtei a cozinha e almocei sozinha, mas o entardecer me obrigou a voltar, lembrei do sol beijando a água da praia como eu mesma já tinha visto dias atrás, sou uma criatura do silêncio, sinto que não sirvo para existir.

-Daria qualquer coisa para ser você, Bennet.- pensei alto enquanto encarava a porta antes de entrar, afinal, ela estava casada, feliz e segura, a última parte era a que eu mais queria, em outros tempos, eu pensaria em pedir segurança ao papai noel, mas tenho certeza que o bom velhinho tinha mais o que fazer do que ler as minhas cartas, talvez estivesse apostando alguma coisa muito importante em jogos de azar... Bem, só o que resta para uma mulher de 19 anos é ficar para ver por quanto mais tempo vai viver, nada mágico.

Finalmente abri a porta mantendo meus olhos no chão para caso alguém estivesse lá, até mesmo Davi tem se mostrado mais que qualquer pessoa, preferi ter que dar de cara com Romeu novamente a me submeter a mais um interrogatório.
Quase no mesmo segundo, algo pequeno e peludo me derrubou, sequer consegui ver, mas aquele entusiasmo era único. Oi, Locke!
Ele inquieto encima de mim e lambendo meu rosto me fez sentir mais querida do que outro carinho existente.
-Mas o que você está fazendo aqui?- indaguei ensaiando um sorriso.

-Surpresa!- Exclamou Davi em um evidente tom sarcástico.

-Ele vai ficar com a gente...- Romeu falou como se nem devesse estar naquela sala. Falando comigo. Falando - Por enquanto.

-Ah, mal chegou e já quer me abandonar? -Fiz biquinho para o cãozinho como se ele fosse me responder ou entendesse que pudesse me ofender com tamanho disparate.

-Ele não é o único, se fosse eu, faria igual e ia morrer sem me arrepender!- Davi brincou.

Abri a boca para revidar a brincadeira, a minha piada era boa, juro, mas mamãe apareceu subitamente vestindo um avental florido, o cabelo preso e fios caídos, como se tivesse sido a própria Cinderela por um dia, por um momento, me senti mal por não ter lembrado de ajudá-la, mas ver ela balançar um pacote de ração para cachorro pronta para me atirar uma bronca, foi hilário demais para pensar demais nisso, que cena esquisita.

-Ah, então apareceu a margarida!

-Apareci...- Respondi tímida.

Eu senti que os dois ou mesmo um dos rapazes estava me olhando, aquilo tornou tudo mais constrangedor.

-Onde estava?

-Por aí.- Montei um sorriso amarelo para disfarçar aquela resposta medíocre.

-Sei...

Ela olhou para os lados dispensando seja lá o que mais ela queria falar e deixou a sala, provavelmente indo para a cozinha preparar alguma coisa.
Imagine como estaria o ego dela cozinhando para dois estranhos pseudo perigosos.

Percebi que Locke estava congelado, parado e prestando atenção naquela humana irritadiça de meia idade, assim como eu. Foi bonitinho.

Ele se deleitou nas minhas mãos implorando por carinho, até que Romeu chamasse sua atenção com um assobio, o cão rapidamente virou-se para o dono esquecendo de mim, então isso é desprezo. Sorri.

Locke pulou em seu colo e parecia que tinha plena certeza de que o carinho de Romeu fosse melhor que o meu, Romeu pousou a mão na cabeça de Locke, que fechou os olhos aproveitando e aquietando-se.

Romeu e Julieta •Leonardo DiCaprio•Onde histórias criam vida. Descubra agora