Sand angel

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– Foi tão ruim assim? – Camila me perguntou enquanto saíamos do estúdio de tatuagem.

– Ainda doí um pouco. – Eu meio que ri. 

– Você é muito delicada, baby. – Ela disse, me cutucando suavemente no nariz.

– Não faça isso! – Eu sorri. – Você é uma má influência Camila. Eu nunca tive a coragem de fazer uma tatuagem e a primeira vez que eu saio com você, você me leva para um estúdio de tatuagem e, umas horas mais tarde, eu saío daqui com uma. – Eu olhei para ela e ela sorriu. Parecia que seus olhos estavam brilhando. – Eu não sou mais virgem de tatuagem por causa de você.

– Eu apenas te dei o empurrãozinho que você precisava. – Ela piscou para mim. Eu balancei a cabeça e rolei os olhos para ela. – E eu ficaria feliz em ajudá-la a não ser mais virgem em outros aspectos também. – Ela lambeu seus lábios e acariciou minhas clavículas com sua mão. 

– Eu tenho medo do que vamos fazer agora. – Eu disse, tentando mudar de assunto.

– Você deve estar morrendo de fome, então vamos apenas fazer algo normal e ir comprar comida.

– Algo normal não combina com você. – Eu disse, reprimindo uma risada.

– Você viveu a minha vida “live young, die fast” esta noite. Talvez eu devesse tentar a sua vida “normal”. – Camila deu de ombros e sorriu para mim.

Isso me pareceu bom. Tatuagens e motos tinha sido o suficiente para hoje à noite. Nós caminhamos para uma lanchonete mais próxima e compramos um pouco de comida. 

Camila veio com a ideia de ir novamente para a praia e comer na areia, como se fosse um piquenique à noite. Achei sua ideia boa e interessante então por que não? Desde que viemos de uma praia, decidimos ir para South Pointe Park. Eu já tinha estado lá antes, mas eu não fiquei tempo suficiente então não recusei. Além disso, seria apenas 30 minutos de carro de onde estávamos. Bem, moto.

...

– Ok, se vamos ser amigas eu preciso saber coisas sobre você. – Eu disse depois de engolir o último pedaço de hambúrguer.

– Mas você já sabe. – Camila riu.

– Não. As únicas coisas que eu sei são ruins. Eu preciso saber coisas boas e normais.

Talvez esta fosse a minha única chance de ter uma conversa normal e civilizada com ela. E se realmente iríamos tentar resolver as coisas, eu precisava ter algumas boas razões para isso.

– Ok, pergunte.

– Quando é seu aniversário? – Por alguma razão essa foi a primeira coisa que me veio à mente. Talvez, inconscientemente, eu queria fazer as perguntas clichês e estúpidas para obter as respostas que eu realmente queria ouvir.

– Sua pergunta é muito banal. – Ela riu. Eu apertei os lábios fazendo com que ela risse ainda mais. – Ok, ok. Dia 3 de março.

– Onde você nasceu? – Eu continuei.

– Cuba. – Ela disse. – É um país insular localizado no mar do Caribe ou mar das Caraíbanas, que seja...

– Isso é bem legal. 

– Sua definição de “legal” é bem diferente, baby.

– Com quem você viveu lá? 

Camila nunca havia falado sobre sua família; Bem, não era como se nós realmente conversássemos sobre isso cada vez que nós víamos. Nós apenas brigávamos. Mas eu estava curiosa para saber se talvez ela tivesse irmãos, ou se seus pais se divorciaram como os meus.

– Ninguém. – A sua resposta foi fria e curta.

– Como assim? – Inclinei a cabeça e franzi a testa.

– Eu não tenho família. – Ela disse brutamente. – Eu vivia em um orfanato. Fim de papo.

– Sinto muito. Eu não deveria ter perguntado isso. – Eu disse, me sentindo culpada.

Isso explicava muita coisa. Talvez essa era a razão pela qual era tinha essa atitude. Ela deve ter tido uma infância difícil. Eu não queria julgá-la, mas de alguma forma isso justificava o seu comportamento e ações. Mesmo assim, não significava que ela não poderia mudar e ser uma pessoa melhor.

– Você vai fazer todo o interrogatório? – Camila perguntou, tirando-me dos meus pensamentos. – Quando é a minha vez?

– Ok! O que você quer saber?

– Sobre seu pai. – A menina de cabelos longos disse, olhando diretamente nos meus olhos.

– Não.

– Por que não? Eu respondi todas as suas perguntas.

– É um assunto delicado, que eu prefiro esquecer. – Eu olhei para baixo, quebrando nossos olhares.

– Tudo bem. – Ela soltou um suspiro profundo. – Onde você nasceu? Me lembro de ter falado espanhol uma vez comigo.

– Eu nasci aqui, em Miami. – Eu disse. – Eu apenas tenho ascendência hispânicas. 

– Isso explica muita coisa. – Camila disse, olhando para mim com um sorriso.

– O que você quer dizer? – Eu perguntei confusa.

– Você tem uma natureza explosiva. Eu vejo um fogo dentro de você cada vez que briga ou que faz algo que ama. Deve ser porque é Americana. – Camila disse.

– Eu não sei se eu deveria me sentir ofendida sobre a “natureza explosiva”. – Eu disse, reprimindo uma risada.

Com Camila eu nunca sabia se era um elogio ou um insulto.

– Você nunca quis sair daqui? 

– Talvez. Mas isso é impossível, eu não gostaria de deixar minha mãe sozinha. 

Me deitei na areia e comecei a mexer meus braços e pernas. Eu realmente não queria mais continuar a conversa.

– O que você está fazendo? – Camila perguntou, levantando uma sobrancelha para mim.

– Eu estou fazendo um anjo de areia. – Eu disse sorrindo.

– Você é uma idiota. – Camila disse, balançando a cabeça em sinal de desaprovação.

– Vamos lá, faça isso comigo Camila.

– De jeito nenhum.

– Por que não? – Eu levantei uma sobrancelha para ela. – Eu não posso acreditar que Camila Cabello está com medo de fazer um anjo de areia.

– Eu não estou com medo. 

– Então faça isso. – Eu disse, brincando com ela.

Camila murmurou algo que eu não entendi e se deitou ao meu lado na areia.

– Eu não posso acreditar que eu vou realmente fazer isso. – Ela disse em um tom irritado enquanto movia seus braços e pernas para moldar o seu anjo.

Eu comecei a rir com a visão de uma garota toda vestida de preto, deitada ao meu lado fazendo um anjo de areia.

– Do que está rindo, baby? – A menina de cabelos longos perguntou, tentando ficar séria, mas não conseguiu e caiu na gargalhada.

Eu balancei minha mão e continuei rindo. Eu não conseguia parar. Me sentei e limpei as lágrimas dos meus olhos; Eu ri tanto que lacrimejei. Esta era a primeira vez em que Camila tinha realmente me feito feliz.

– Agora você tem que fazer algo que eu quero. – Camila se sentou sorrindo e olhou para mim.

– O quê? Não.

– Sim! Eu fiz esse estúpido anjo de areia. Agora é a sua vez. – O tom na voz d Camila não me passava confiança, mas eu sabia que se eu negasse ela iria insistir e isso seria pior para mim.

– Ok! – Eu disse. – O que você quer que eu faça?

– Me beije. – Ela se arrastou para mais perto de mim e lambeu seus lábios.

DemonOnde histórias criam vida. Descubra agora