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Olho ao redor e percebo que estou em uma floresta, com certeza é mais aceitável que cair no meio de uma cidade, e ser centro da atenção humana. Tento ficar em pé e falho, com minhas asas recolhidas meu equilíbrio é vergonhoso, meu corpo é muito maior neste mundo, uso a água da atmosfera para formar um espelho, eu pareço branca demais, meus cabelos brancos, os olhos verdes acinzentados, eu ainda sou bonita, mas sem o brilho de fada, meus olhos estão cansados e minha aparência abatida.

Conforme caminho faço uma lista mental de coisas que tenho que fazer para me acostumar a este mundo, primeiro preciso descobrir a quantidade de sono que preciso neste mundo, depois minha resistência, controlar minha alimentação, testar meus poderes gerais e fazer compras.

Depois de muito caminhar sinto uma cidade próxima, olho para minhas roupas e estão aceitáveis, observo de longe a aglomeração de pessoas, humanos são sem graça, comparados a eles eu pareço uma deusa, resisto a vontade de usar minhas asas e caminho até lá, não quero chamar atenção.

Posso sentir espécies nesta cidade, lobos, vampiros, nunca vi um, mas já ouvi sobre eles, e pesquisei muito também, seres evoluídos desta terra, na maioria das vezes são descritos como monstros pelos humanos, mas não sinto nenhum poder grande o suficiente para me causar medo.

Esta cidade é estranhamente bonita, tem muitas cores e construções, tem vida pode assim dizer, música e sorrisos em todos os lugares, um fluxo enorme de gente, parece ser um bom lugar para começar a conhecer este mundo.

Entro em uma loja de roupas, e experimento algumas coisas, eu com certeza não gosto de como se vestem neste lugar, mas eu não posso sair por aí como gosto ou a esquisita seria eu. Coloco uma calça jeans, uma regata vinho e uma jaqueta de couro, entro na mente da mulher, e faço ela acreditar que eu paguei e me dar uma boa quantidade de troco.

Volto a caminhar pela cidade pensando no que irei fazer neste mundo, considerando tudo eu aparento ser uma jovem, o que se faz neste mundo para se divertir?

Entro em um bar que contém muitos seres evoluídos, muitas pessoas me olham e ignoro todas elas, sento em um balcão e uma mulher loira se aproxima, ela parece uma fada, tem feições gentis, um olhar calmo e sorriso doce, eu gostei dela.

- O que gostaria? - ela fala.

- Algo bom, qualquer coisa - ela sorriu se afastando e depois voltou com um copo com líquido âmbar, e gelo.

- É nova na cidade? Eu sou Camille, mas pode me chamar de Cami.

- Sim, acabei de chegar, sou Elora.

- Tem um sotaque lindo, de onde é?

- Muito longe - falo e bebo um gole.

Não é exatamente ruim, na verdade eu gostei. Ela se afasta sorrindo para atender outras pessoas, não sei quanto tempo eu estou ali naquele lugar mas eu já bebi muito daquela bebida.

- Como ainda não está bêbada? - Cami pergunta me servindo novamente.

- Eu sou resistente - respondo.

Eu já fiz compras, já testei minha resistência física e nesta bebida, preciso resolver questões do sono e da alimentação, e testar meus poderes. Conversei bastante com a loira e ela parece bem legal, só não sei o que faz trabalhando neste lugar.

- Você parece que está sofrendo, e esconde muito de si - ela fala.

- Você também - respondo e ela sorri.

- Acho que seremos ótimas amigas - ela fala.

Não sei exatamente que horas são, preciso comprar um relógio e aprender como funciona as marcações de tempo neste mundo, ou um daqueles aparelhos barulhentos que eu vi alguns usando, preciso de um lugar para dormir e começo a procurar algo decente para mim.

De repente sinto uma dor absurda e minha pele brilha em resposta querendo se transformar, meus olhos já se tornaram completamente brancos, me escondo em um beco escuro,onde seguro minha barriga e evito gritar, tento me controlar para que minhas asas não saiam, e minha magia fique contida em mim mesma.

Mais ou menos uns cinco minutos depois eu me coloco de pé, cambaleou um pouco para sair do beco, minha visão está embaçada e neste momento eu odeio as luzes e a claridade, com certeza eu ando muito pouco até sentir bruxas ao meu redor, a magia delas não funciona em mim, mas meu corpo está tão estranho que apago, bem ali.

(...)

Sinto que meu corpo está diferente mas não consigo identificar o que exatamente, ouço conversas variadas ao meu redor, mas não consigo acordar, então paro de resistir a mudança e tudo parece voltar e acordo.

- Ah, graças, pensei que você morreria também - uma bruxa fala na minha frente.

Olho ao redor e não sei onde estou, minhas mãos estão presas por correntes mágicas, minha magia está inquieta, e meu senso me diz para fugir. Então na mesma hora quebro as correntes e me levanto fazendo a bruxa se assustar.

- O que é você? - ela pergunta levantando as mãos.

Uma bela oportunidade para testar meus poderes.

Deixo que meus olhos se transformem e ela grita, uma corrente verde sai de minha mão e agarra ela a trazendo para mim, uso minha magia para investigar até onde vai o poder dela, depois a lanço na parede com força e seu coração vem parar na minha mão envolvido por uma névoa verde.

Analiso minha roupa para ver se não sujou, logo após me abaixo me conectando com a terra deste cemitério, bloqueio o acesso das bruxas a sua magia ancestral, e então ouço gritos de desespero que me fazem sorrir.

Antes que possa dar um passo para fora, a sala é invadida por uma bruxa jovem e pequena com olhos castanhos e com uma cara brava, atrás dela um vampiro de terno. Olho para ele fixamente e descubro que ele é um original, os primeiros e mais fortes vampiros da história.

- O que você é? - ele pergunta balançando sua cabeça após perceber que eu entrei na mesma, uma invasão eu sei, mas não posso está em desvantagem.

- Como bloqueou a magia? - a bruxa rosna para mim.

- *Είμαι ένα βήμα μακριά από τη σφαγή - falo irritada.

* estou a um passo de cometer uma chacina.

- É ela? - o vampiro pergunta.

- Ela carrega o filho de seu irmão - a bruxa fala.

Olho para os dois confusos, e riu, não me lembro de ter me deitado com nenhum homem desde que cheguei e minha memória não é tão ruim assim.

- Pode nos deixar a sós? - ele pergunta.

- Ela bloqueou o nosso acesso à magia ancestral e vai desfazer isso.

- Não, eu não vou, até alguém me explicar o que eu estou fazendo aqui. E aconselho que seja rápido pois já estou sem paciência.

- Acontece que o híbrido engravidou uma loba, a mesma lutou muito se negando a nos acompanhar e por acidente morreu, a criança no ventre se teletransportou para seu ventre com o fim de sobreviver.

Demoro um pouco para associar a história.

- Então eu estou grávida? De um filho que não é meu? - falo mais para mim mesma mas ela assente - Como eu tiro isso de mim?

Isso pareceu assustar o original pois ele me olhou com mais atenção.

- Não tira, a criança a escolheu como mãe, isso não vai mudar, e o híbrido é seu companheiro.

γαμώ!

*porra!

Isso só pode ser brincadeira, azar, piada.

Eu só queria um pouco de paz.

The FairyOnde histórias criam vida. Descubra agora