The Fairy

08

Senti medo.

Pela primeira vez desde que pisei neste mundo, eu senti medo, mas não por mim, e sim pela criatura em meu ventre a quem eu realmente tinha me afeiçoado.

Era realmente estranho, eu nem a conhecia.

Eu não tinha ideia de como funcionava a maternidade, mas mataria por este projeto de gente.

Quando aquele lobo estúpido, rasgou meu braço, e deu ao recém acordado híbrido meu coração chegou a falhar.

O veneno vampiro fora do sexo causava dor. E eu tinha um companheiro, doeria mais ainda.

Eu usei meu poder para o lançar longe, mas não foi rápido o suficiente, senti o  veneno se espalhar em minhas veias, e meu corpo contorcer.

Então o híbrido olhou para mim, e eu senti uma ligação com ele, uma ligação como um alfa e sua alcateia.

- Mate-o - ordenei ao híbrido que avançou em Tyler.

Porém foi morto antes de cumprir minha ordem, Tyler entrou na cabana esboçando ódio pronto para iniciar mais um de seus discursos, quando me viu.

Eu tenho certeza que o assustou, minha pele estava brilhando, um brilho claro e fraco, meus olhos com certeza estavam totalmente brancos, e minhas veias apareciam em minha pele pálida, escuras. Meu corpo estava tentando expulsar o veneno.

Então eu ouvi um rosnado e a porta da cabana, voou atravessando a parede de madeira do lado oposto.

Suspirei de alívio ao ver Klaus ali, sua feição transformada os olhos amarelos e as veias se destacaram debaixo de seus olhos, ele estava tomando de ódio e nem precisou falar para eu e o outro híbrido perceber isso.

Klaus avançou chutando o híbrido para fora da cabana, e eu ouvi eles começarem a brigar entre si.

Este idiota esqueceu que eu estou aqui, e com fome?

Então do buraco que deveria está a porta, Hayley entrou com Luke, e o mesmo carregava uma garrafa de suco, eles se assustaram um pouco com minha aparência, mas logo se apressaram em me soltar, o lobo me deu o suco e eu tomei todo em questão de segundos.

- Sangue - falei com voz falha e baixa.

- Sangue? Sangue de quem? Pra que? - Luke perguntou confuso e se eu pudesse eu o apagava da existência.

Meu corpo queimava, meus órgãos pareciam se movimentar dentro de mim.

Se meu companheiro for um vampiro, sua mordida não me machuca e pode até transmitir prazer, o veneno não afeta, começa a fazer parte de meu sangue, como a marca dele em mim.

Mas se outro vampiro me morde o veneno se espalha de forma dolorosa, e corrói por dentro, e isso piora se eu já encontrei meu companheiro, é como se fosse uma traição ao meu companheiro, e meu corpo não tolera isso.

Fadas e Elfos são extremamente fiéis, em todos os sentidos, uma vez que se encontra e se firma o companheirismo, é para sempre, literalmente até que a morte os separe.

- Klaus... sangue... - eu falei com dificuldade.

Minha cabeça estava apoiada na perna da loba, e ela me olhava com preocupação, ela gritou algo com o lobo, e eu não conseguia mais ouvi-los, minha visão estava desfocada, e eu me sentia área, como se estivesse longe do meu próprio corpo.

- Elora! Me diga o que fazer - a voz de Klaus se sobressaiu para tomar conta de todo o meu corpo, e dar eco em minha mente.

- Seu sangue! - eu gritei, mas minha voz não deve ter passado de um sussurro.

Ele cortou a mão e colocou em minha boca, senti o gosto metálico e me forcei a engolir tudo, ouvi ele me chamando mas eu simplesmente apaguei.

Minha mente continuava alerta, mas meu corpo não, era uma sensação estranha.

(...)

Fora de órbita.

Elora parecia fora de órbita, Klaus podia senti-la, mas ela não respondia, e parecia muito distante, ele a pegou no colo, ignorando os dois lobos ali, e correu com ela para casa.

As veias escuras de sua pele sumiram, ela parecia normal, Klaus berrou ordens e arrastou até lá um bruxa para que ela dissesse o que ela deveria fazer.

- Eu não sei o que ela é - a bruxa falou confusa - Ela tem uma ligação profunda com a natureza, muito mais profunda que as bruxas, mas seu corpo é diferente, diferente de tudo que eu conheço.

- Não foi isso que perguntamos. Responda a pergunta antes que a jogue na fogueira - Rebeka falou irritada.

Ela estava sentada ao lado da cama segurando uma mão de Elora, era estranho para a original ter se apegado tanto aquela mulher, Rebeka sentia uma ligação forte, e esperança com a presença dela. Via como Klaus olhava para Elora, e aquilo a deixava feliz, ela esperava que Klaus encontrasse aquilo que tanto buscava a séculos, o amor, a confiança, lealdade, e a original tinha certeza de que isso vinha com Elora e a criança.

- Eu não sei - a bruxa respondeu - Acho que ela vai acordar a qualquer momento, seu corpo só precisa de um tempo, ainda assim não tenho certeza.

- Sai da minha casa - Klaus rosnou e a bruxa se apressou em sair.

Eles ouviram um respiração profunda e se viraram para ver Elora sentada na cama, puxando ar para seus pulmões, no mesmo instante o híbrido já estava diante dele segurando seu rosto, para ter certeza de que ela estava bem.

- Eu estou bem - ela murmurou e ele a abraçou forte.

- Vou brincar com o lobo no porão - Rebeka cantarolou, ela deixou um beijo carinhoso na mão da fada antes de sair.

- Acho que está na hora de me contar o que você é.