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- Você não está se esforçando - Elora avisou deitada em um divã no meio de um salão de festa agora vazio.

- Eu estou sim - Davina respondeu convicta.

A fada ergueu a mão e uma forte rajada de vento passou pela bruxa, lançando ela ao chão em um baque seguido de um chiado dolorido baixo.

- Não, não está - a fada disse e novamente voltou a lixar as unhas.

- Você é uma péssima professora.

- Eu já te disse o que fazer, é simples, faça.

Davina suspirou audivelmente e logo fechou os olhos e ergueu a mão para cima, depois de uma hora de meditação elas estavam ali tentando que a bruxa encontrasse dentro de si sua ligação com a natureza porque assim ela conseguiria o primeiro passo para se controlar.

- Isso é inútil, porque não me ensina feitiços?

- Sabe o porquê essas bruxas são tão limitadas?

- Não somos limitadas.

- Porque dependem das ancestrais, vocês não tem uma conexão com a natureza, a maior provedora de seus poderes. Vocês têm uma conexão com as ancestrais e elas por vezes se ligam à natureza, por isso são limitadas e se submetem aos desejos das velhas mortas.

- Ela tem razão - Kol disse entrando no salão e se sentando ao lado da loira - Se você for sua própria ponte com a natureza a poucas coisas impossíveis para um bruxo assim.

- Você é um vampiro - ela acusou.

- Um original, que viveu por muito tempo...

- Num caixão - a bruxa interrompeu e ele fez uma cara ofendida e logo revirou os olhos.

- E já foi um bruxo poderoso, e é filho daquela que vocês chamam de bruxa original, aquele que conseguiu traduzir os grimórios Mikaelson que você usa - ele continuou.

- Você já foi um bruxo? - ela perguntou cética.

- Não foi o que eu acabei de dizer?

- Foi o que ele acabou de dizer - Elora informou.

- Porque não leva a bruxinha até a alcateia?

- Por que ela não acredita, e é incapaz de ficar quieta por mais de meia hora.

- Bruxinha, você deveria acreditar na fada - ele disse e o comentário rendeu uma risada que Elora não entendeu e decidiu ignorar.

- Meu nome é Davina.

- Que bom pra você, bruxinha - ele respondeu ficando de pé e ela revirou os olhos - Estou saindo - ele avisou e desapareceu em seguida.

- Quer continuar? - a fada perguntou.

- Claro - Davina respondeu um pouco mais determinada.

Elora se levantou caminhando com as mãos sobre a barriga que parecia crescer mais um pouco a cada dia, aquela não era uma gravidez normal, a loira segurou o pulso dela e respirou fundo fazendo a bruxa repetir o ato.

-Consegue sentir?

- Consigo - Davina respondeu admirada com os olhos brilhando para a magia que circulava por ela e pela sala fluida e calma, controlada.

- Existe algo que chamamos de Limbo, uma conexão entre esse mundo e o mundo dos mortos, aposto que você já ouviu falar de algo assim, mas o Limbo é diferente. Apenas bruxas e seres naturais como eu, podem acessá-lo, ele lhe dá acesso a muita coisa e muita magia que você sequer cogitou, e através dele você consegue sentir e encontrar sua ligação com a natureza porque é ela que te mantém viva diante do véu. Eu vou te levar até ele.

- Por que não fizemos isso antes?

- Por que se você não acreditar, não procurar ou se distrair demais, eu posso nunca mais conseguir te trazer de volta.

- Podemos tentar.

- Amanhã, Klaus vai nos levar à clareira. Agora vai dormir.

- Não estou cansada.

- Tome um banho, e depois me conte como foi o sacrifício para chegar até a cama.

(...)

- O que está acontecendo? - ela perguntou parada a porta do escritório de Klaus.

Sabia que algo estava acontecendo, desde que ele sumira no café da manhã e não voltou em nenhum momento ao longo do dia para irritá-la, conversar e inspecionar se ela estava bem e se alimentando corretamente.

- Nada - ele respondeu simples pedindo que ela entrasse.

- Oi Camille - a fada comprimentou a humana parada no canto do sofá - Niklaus! - ela reclamou quando a mulher não respondeu e permaneceu sem se mover.

- Você não tem noção do quanto ela é mais agradável assim, minha vontade de atirá-la pela janela desce para 32%.

- Porque ela está aqui? E porque você está irritado?

- Eu não...

- Vamos continuar mesmo com isso? Posso entrar na sua mente, mas realmente não quero.

Ele desviou o olhar para o teto e puxou a mão dela para mais perto, até que ela estivesse sentada no colo dele, com a cabeça descansando no ombro enquanto ele passava a mão pelo tecido fino do vestido sentindo a pequena criatura ali dentro se mover, contente por ele estar próximo como acontecia todas as vezes.

- Ela é sobrinha do padre, que acidentalmente morreu ontem à noite, quando deveria me contar sobre planos das bruxas da cidade.

- Planos? - ela incentivou.

- Elas têm a esperança de controlar Davina, por isso o treinamento. Mas não estão orquestrando, sei que você também sente, talvez seja um conjunto de ancestrais ou minha mãe...

- Pare de dar voltas, o querem?

- Você em cativeiro e nossa filha morta - ele diz baixo mas em cada palavra contida em raiva.

Elora já sabia a resposta só precisava ouvir dele, em voz alta, tornar aquilo realidade.

A fada segurou a mão do companheiro quando se virou para ele e viu seu olhar se tornar sombrio, as veias surgirem debaixo dos olhos e as íris amarelas douradas com raiva profunda.

- Nós vamos ficar bem - ela disse acreditando em cada palavra.

- Vou garantir isso.

- Nós vamos garantir isso - ela afirmou convicta e os olhos dele voltaram ao azul esverdeado de sempre e um pequeno sorriso admirado nos lábios enquanto acariciava o rosto dela.

- Você é perfeita.

- Eu sei - ela respondeu e ele riu logo tomando os lábios dela em um beijo. 

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