Capítulo 8

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M I Y A • A T S U M U

Sexta-feira. Shoyo não entrou em contato desde ontem. Eu estou me corroendo de preocupação e culpa. Dormi poucas horas, e ainda acordava de tempo em tempo. Mas pelo menos estou melhor do que Osamu.

Meu gêmeo nem parece ter dormido. Nós estamos agora entrando no saguão da creche. Precisamos deixar Sho e, com sorte, poderemos ver Shoyo.

Eu preciso ver ele. Preciso saber que está bem. Preciso.... Preciso que ele sorria pra mim novamente. Céus, não faz nem três dias que o conheço. E ele já se tornou essencial. Isso é tudo por sermos almas gêmeas? Eu ainda sentiria o mesmo se não fôssemos? Bem, não importa.

— Bom dia, chamarei alguém para buscar Sho — diz Kenma, em tom profissional.

— Hey Kenma — eu comprimento.

— Bom dia Kozume — pra que Osamu precisa ser tão formal?

— Bom dia Miya Cinza — não sei pelo que estou mais espantado, o apelido ou ele ter respondido o comprimento. O do meu irmão ele responde, o meu não? O que há de diferente em nós?

— Kenma, pode chamar Shoyo? — eu me intrometo. — Nós queremos falar com ele.

Osamu revira os olhos, balançando a cabeça em negação.

— Oh, por que precisam que eu chame especificamente por ele? Por acaso fizeram algo...pra ele evitar vocês? — questiona Kenma, focando os olhos em nós. Engulo em seco, agora entendi o gesto de Samu.

— Não, não, é apenas que — tento me explicar.

— Cala a boca Tsumu — Osamu me bate do braço. Ele suspira. — Pode chamar ele, Kozume? Por favor.

Ele nos olha de cima a baixo. Nos avaliando. Me sinto nervoso. Até onde sei, Kenma tem a confiança de Shoyo o bastante para tomar conta das raposas. E pelo que Shoyo comentou as raposas não gostam de qualquer um. Enfim, Kenma é amigo de Shoyo, um amigo próximo. Isso já basta para eu temer seu julgamento.

Ainda mais que ele parece não gostar de mim.

— Shoyo não veio trabalhar hoje — finalmente responde Kenma.

E é aqui que eu quebro.

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M I Y A • O S A M U

Shoyo não veio trabalhar.

Eu já estava preocupado antes, mas agora a palavra é um eufemismo pro que sinto. Não é possível. Shoyo ama seu trabalho, da pra saber só de ouvi-lo falar. Ele tem orgulho desta creche e ama ela. Então pra ele não ir.... Oh, céus. É nossa culpa.

— Eh? Por quê? — indaga Atsumu. Ele é idiota. — Aconteceu alguma coisa? Ele não bateu o carro né? Diz pra mim que ele chegou em casa seguro? Ele ficou doente?

— Cala a boca Atsumu — eu brigo novamente. Se deixar ele fica falando todo tipo de possibilidade. Pessimista.

— Isso mesmo, cale a boca Atsumu — diz uma voz atrás de nós. Quando olho, vejo Kageyama se aproximando com Akaashi. — Por que Hinata não veio, Kenma? — mas ele não espera uma resposta e se vira pra mim e meu gêmeo. — O que vocês fizeram?

— Não saía nos acusando assim, não fizemos nada — é incrível como Atsumu mente fácil. É claro que fizemos. Mas somos burros demais pra pensar no que pode ser sozinhos.

— Ah não? Tem certeza? Pois ele tava ótimo antes de sair pra jantar com o propósito de resolver as coisas com as duas almas gêm — ele é calado por uma bola de papel atirada por Kozume. Eu apenas percebo o quanto ele tava falando alto quando vejo o silêncio que ficou. — Por que você fez isso?

Kitsunes (MiyaHina)Onde histórias criam vida. Descubra agora