Capítulo 2

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H I N A T A • S H Ō Y Ō

Como no dia anterior, minha manhã começa agitada. Não é uma briga, é mais uma colaboração.

Sou acordado com quatro patas pisando em cima do meu peito, quando abro os olhos vejo Arroz e Spike com as patas dianteiras em cima de mim. Eles carregam, cada um, em suas bocas um pequeno girassol. Pequeno, pois as flores ainda não terminaram de crescer.

Existe alegria em seus olhos e terra em seus pelos e patas. Tenho medo de olhar algo além disso. Certo, não é a primeira vez que eles fazem isso, eu já deveria estar acostumado..... Quem eu quero enganar? Eles ainda me surpreendem.

Estou completamente dividido entre ficar irritado por conta da sujeira ou emocionado por esses dois quererem me presentear.

Bem, ao menos não são animais mortos. Sim, já aconteceu. Gafanhotos, baratas, morcegos, galinhas....

Continuo pensando em todos os finados enquanto me levanto e arrasto as raposas para o banheiro. Tiro as flores de suas bocas e quando faço isso eles sorriem e céus, não tem como dar bronca neles quando fazem essas coisas querendo me ver feliz.

— Obrigado — agradeço, coloco as flores em cima da pia e depois acaricio a cabeça de Arroz e de Spike. O último fica tão animado que pula em minhas pernas e me derruba. Estou acostumado, mas isso não me impede de reclamar quando eu bato a nuca na borda da banheira. — Tenha cuidado, Spike, eu poderia ter me machucado.

Arroz morde a cauda do irmão e eu me adianto, segurando ambos pela nuca para que não comecem a brigar.

— Já deu! Sem briga — sinto minha nuca doer e sei que vai ficar com hematoma. — Vamos tomar um banho rápido que hoje é segunda, esqueceu que temos que trabalhar?

Por sorte, trabalho com algo que deixa as raposas me acompanharem. Tanto que ambos me ajudam bastante.

Solto os dois e tiro a roupa, entrando na área do chuveiro.

— E então? Quem vem primeiro? — os dois se olham, como se tivessem uma conversa mental. E então Arroz levanta a pata e bate em Spike, que da um passo a frente. É ele que eu agarro.

Começo molhando seus pelos com água morna, tirando pelotas de barro. Ele é o mais sujo. Desligo a água e pego a barra de sabão favorita dele, rosas vermelhas, e então esfrego bem. Sua pelagem laranja desaparece sob as bolhas que eu faço.

Ouço um regougar e quando olho vejo Arroz rindo.

— Não ria não — eu aviso a ele. — Você é o próximo.

Termino o banho de Spike e então o seco com a toalha. Assim que afasto o tecido, ele se sacode todo, jogando os últimos resquícios de água fora. Estendo a toalha no chão pra que ele possa secar suas patas e então puxo Arroz para o chuveiro.

Eu adoro a forma como o pelo dele fica escudo quando eu o molho. Mas Arroz não gosta tanto assim, visto que esta fazendo cara feia pra mim. Isso muda quando pego o sabão de limão e começo a esfregar ele todo, em especial suas patas.

Faço uma pequena massagem antes de enxaguar ele. E então o seco e faço o mesmo que fiz com Spike, estendo a toalha no chão. E finalmente me concentro no meu próprio banho.

Aumento a temperatura da água e aproveito os minutos ali. Enquanto as duas raposas me olham atentamente. Com o passar dos anos, tive que me acostumar aos seus olhares e o fato de elas sempre estarem comigo. Com exceções é claro.

Depois, estou com a toalha amarrada na cintura e escovando os dentes, primeiro os meus e depois os da raposas. Quando volto ao quarto, o futon e as cobertas foram retirados para lavagem e esta tudo limpo.

Kitsunes (MiyaHina)Onde histórias criam vida. Descubra agora