Dazed and Confused

Capítulo 11

- Você só pode ter ficado louco! - Robert esbravejou enquanto se aproximava de Jimmy, que fechava o porta mala.

- Não estou entendendo. - Jimmy o olhou impassível - É assim que nos dá boas vindas?

- Olha, cara, essa banda é tudo pra mim. Você sabe disso. Mas desse jeito penso que quer me afastar...ou só foder minha cabeça mesmo! - Ele bateu duas vezes na própria cabeça, pareceu um pouco forte.

- Essa banda é importante pra todos nós, Plant. Agora pode parar de dizer coisas sem sentido? - Ele pegou as malas do chão e foi se dirigindo para dentro do rústico chalé. Robert o seguiu falando as suas costas. Eu continuei caótica por dentro, observando toda aquela merda que estava causando apenas com minha presença e os seguindo com tímidos e curtos passos atrás. Profissional...me senti como aquela amiga que fica com vergonha após ouvir a conversa dos pais da colega dizendo "ela não vai dormir aqui".

- Puta que pariu, será que dá pra conversar como uma pessoa normal? Você sabe muito bem o que tô falando! - Ele parou de frente para Jimmy. Eu fiquei na porta de entrada, ainda sem dizer uma palavra. Estava envergonhada, apesar de nem entender o porquê direito. Robert era o errado, ele que estava reagindo exageradamente...não é?

- Será que dá pra parar de agir como uma maldita colegial? - O tom de voz de Jimmy subiu o bastante para eu entender que ele estava começando a ficar irritado.

- Jimmy, eu vou pra cidade, ok? - senti o olhar raivoso de Robert, mas não olhei em sua direção - Eu volto no fim da semana pra buscar você... - Jimmy parecia ter ouvido o maior absurdo de sua vida.

- Você não vai a lugar algum! - Ele disse apontando para mim.

- Então eu vou! Podem ficar nessa porra de chalé sozinhos. - Ele começou a andar em direção a um dos cômodos.

- Se você quiser sua bunda fora da banda, pode ir. - Jimmy sentenciou aparentemente calmo. Só aparentemente. Robert virou-se para ele.

- Você não teria coragem.

- Continue agindo como um idiota e verá. - Jimmy levantou uma sobrancelha - Você acha que não é substituível?

- Talvez eu deva mesmo sair dessa porcaria - Robert se aproximava perigosamente, estava focado como um leão prestes a atacar, Jimmy, não atrás, também estava como uma cobra prestes a dar o bote. Isso não iria acabar bem - seria divertido ver você voltar a ser apenas um filhinho de mamãe apagado que toca em estúdio. Antes que Jimmy pudesse fazer ou dizer qualquer besteira, finalmente dei um passo a frente e interrompi.

- Olha aqui, vocês dois! Eu não ligo pra porra dessa banda, meu nome e trabalho estão em jogo aqui! Se vocês não começarem a agir com um mínimo de profissionalismo não são apenas vocês que vão sair na merda! Não façam que essa viagem toda tenha sido uma perda de tempo! - Os dois me olhavam e eu olhava os dois sem sombra de insegurança. Eu sei fingir bem... Depois de alguns segundos que pareciam horas Robert se pronunciou.

- Eu...eu respeito sua paixão pelo seu trabalho. E acima de tudo respeito o meu também... Vamos ser profissionais. - Seu olhar clareou como uma sinceridade esverdeada dessa vez que nossos olhos se encontraram, a tensão era quase palpável. Pelo menos meu trabalho ele parece respeitar...Jimmy o observou e levantou uma sobrancelha novamente.

- Que bom que entende... - Digo desconcertada e agradecida. Jimmy olhou pra mim com uma expressão desconfiada e não muito feliz.

Jimmy's POV:

Robert era um cara cabeça fria, da paz. Uma hora ou outra ele iria se acalmar, mas isso foi terrivelmente diferente.
O jeito que ele olhou para minha Samanta, a forma com que ele acatou tão rápido seu pedido raivoso, me deixou doente. Eu queria ter lhe acertado um soco bem no meio da cara, naquele instante mínimo de olhares se encontrando. Mas eu precisava desse maldito, ele era imprescindível pra essa droga de banda funcionar. E no fundo ele sabia disso. Maldito dissimulado. Samanta é, foi e sempre será minha, não é qualquer bonitinho de rebolado que vai conseguir faze-la me esquecer... Sou a sombra eterna de sua vida...