Capítulo 3

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Pisquei algumas vezes após a foto ser tirada. Eu e ele, o homem dourado. Com rostos grudados como siameses. Todos começaram a sair de suas poses e a falar coisas incompreensíveis e irrelevantes para mim naquele momento. Tão perto. Perigoso. Quando senti seus lábios em meu maxilar e suas mãos apertarem mais minha cintura, me desvencilhei e saltei pra frente, bruscamente. Todos olharam pra onde eu estava, senti o rosto esquentar.

— Agradeço profundamente vocês terem me dado a oportunidade de fotografá-los. Agora, tenho que fazer meu caminho. Tenho mais algumas pendências antes de... - O homem de juba dourada me olhava de uma forma intensa e concentrada. Parecia não escutar os risinhos e cochichos das jovens mulheres que o admiravam às suas costas. Limpo minha garganta - Er... vocês sabem, partir para meu estúdio as revelar... Haverá uma exposição em poucos meses em Nova York, espero que possam marcar presença. Muito obrigada por tudo!

Todos começaram a bater palmas e vinham em minha direção para se despedir, o homem continuava a me fitar, olhou pro chão sorrindo e depois levantou a cabeça, sacudindo-a para afastar as teimosas mechas que insistiam em cair em seu rosto. Começou a vir em minha direção.

Os homens o rodearam e começaram a puxar assunto, depois as mulheres também se juntaram. Até Ronaldo estava lá no meio. O amontoado de gente escondeu sua imagem e olhares, aproveitei o momento pra sair de fininho. Fui para a tenda onde Sissy, uma das veteranas do grupo, guardou meus pertences.
Meu coração estava acelerado. Parei alguns minutos respirando fundo dentro da barraca, somente outro ataque de ansiedade.
Tambores começam a tocar do lado de fora, algumas flautas acompanham em seguida. Parece que começaram uma festa.

— Isso Sammy, agora é só se vestir e dar o fora - Balbuciei para mim mesma - nem acredito que deu tudo certo.

Preciso extravasar toda essa energia ansiosa. Começo a mexer no ritmo da percussão, coloco o vestido desajeitadamente para não ter que parar de dançar.

— Essa musica contagia mesmo - Começo a rebolar como se não houvesse amanhã - Consegui, consegui, consegui 🎶

— Hum... coisa selvagem, você faz meu coração cantar.

Eu só queria levar um papo sério com o universo, que me coloca em todas as enrascadas e situações constrangedoras possíveis.

— Você taí a quanto tempo? - Não disfarcei a surpresa quando me virei para olhá-lo. Ainda estava completamente nu. Parecia reluzir com a luz da chama da fogueira às suas costas. Ele deu alguns passos, entrando completamente. A penumbra e os ritmos davam um ar mais místico ainda para aquele olhar. Era como um deus ancestral nórdico.

— Tempo o bastante pra ver sua habilidade com os quadris, baby. - Ele pareceu sorrir - Eu disse que queria te acompanhar, mas parece que você está me evitando. Fugindo.

— Estou mesmo, inclusive fui! - Tentei e falhei miseravelmente ao tentar atravessar direto para cortina de saída. Ele segurou minha mão. Não puxou nem forçou, apenas a segurou.

— Por que tem medo de mim? - Seus olhos eram grandes, sua expressão séria.

— Medo?! Hahahahah, eu rio na cara do perigo, meu bem. - Ele deu um sorriso de canto e se aproximou mais de meu corpo. Subiu a mão para meu braço e pôs a outra em meu rosto.

— Qual o seu nome? - Disse com uma voz baixa e rouca. Me arrepiei, estava quase inebriada por seu toque. Satanás ou um vampiro? Qual a explicação desse efeito? Só tesão não deixa a pessoa maluca assim como estou. Ou deixa?

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