Capítulo 6

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Minha garganta estava seca, meus pensamentos disparados. Que tipo de jogo doente do destino era esse? Não poderia imaginar essa situação em meus pesadelos mais loucos. Desde o dia de meu término desastroso com - Patrick... Jimmy, que seja! - pensei que iríamos passar o resto da vida sem nos ver. Ou no máximo um encontro quando um dos dois estivesse à beira da morte. Queria sair dali. Queria gritar, socar alguém. 

— Você está se sentindo bem? - Jimmy perguntou e colocou sua mão em minha testa. – Está pálida. – Senti-me tonta. Apenas essa frase me trazia lembranças antigas e mais dolorosas que nostálgicas. Ele deu um sorriso de canto de boca, parecia saber exatamente o efeito que estava causando. Robert parecia confuso.

— Não, não estou. Acho que é melhor voltar pra casa. - Virei-me para Robert e o abracei –Muito obrigada... por tudo. Nós nos esbarramos por aí. – Ignorando qualquer protesto e olhar, comecei a me dirigir para a porta de saída. – Tchau rapaziada, foi um prazer!

Após fechar a porta e abafar qualquer palavra que tenha sido lançada, apertei os passos a quase correr naquele corredor, que agora, parecia ter quilômetros. Meu coração batia muito forte, por um momento senti como se flutuasse. O ar estava faltando em meus pulmões. Tudo estava escurecendo. Resolvi parar, me apoiando em uma parede. Maldita ansiedade.

— Samanta, que merda é essa?! – A voz de Robert soou como se estivesse em outra sala. – Por que você tá sempre fugindo? Por que ficou tão nervosa? Se não me quer por perto quero que diga olhando nos meus olhos, não que fique fugindo igual a porra de um rato! Será que dá pra olhar pra mim? – Ele puxou meu braço. Desmaiei.

...

Acordei em uma cama. Estava desorientada. Tudo parecia ter sido apenas um sonho estranho. O ambiente tinha uma iluminação baixa e aconchegante. Esfreguei os olhos e me sentei devagar. Era um quarto. Eu estava em um maldito quarto desconhecido. Alguém parecia tomar banho. Esta era minha deixa, ia embora.
Peguei meus sapatos e caminhei, de forma quase inaudível, atravessando a curta distância até a  porta. Talvez eu fosse mesmo uma ratinha medrosa.
Mas vocês queriam o quê? Eu estava em um quarto desconhecido.
Coloquei a mão na maçaneta, meu coração estava acelerado. A girei lentamente, como se minha vida dependesse disso.

— Tá trancada. - Uma voz bem familiar  me informou ao fundo. Girei devagar sobre os calcanhares. - Ia fugir de novo? Dessa vez fui mais esperto. – Pegou a chave de dentro do banheiro e a balançou.

Robert estava apenas com uma toalha enrolada na cintura. Deveria ser um crime alguém continuar com uma aparência tão atraente assim, todo molhado.
Não podia pensar muito sobre essa situação.

— Ah, era isso mesmo que eu estava procurando. Dá aqui. – Estendi a mão. Em vão, claro.

— Vem aqui buscar.

— Ah mas era só o que me faltava. Para de agir feito criança!

— Para você de agir como uma garotinha! – Ele sentou na borda da cama e bateu na colcha com a palma da mão. – Senta aqui. Vamos conversar.

— Você só pode tá maluco pra achar que eu vou cair nessa, me dá logo essa merda de chave!!! – Tinha sentimentos conflitantes dentro de mim e o jeito que ele me olhou não ajudava em nada. Eu era teimosa demais pra aceitar o que ele pedia. É um defeito de fabrica. Quando querem que eu faça algo de um jeito sempre minha cabeça dura se opõe.
Ele subiu por completo e se escorou na cabeceira da cama, pernas cruzadas e mãos em cima do pacote - do qual olhou e deu uma apertada - respirou fundo e voltou a me encarar obstinado.

— Você só vai sair daqui quando conversarmos – Levantou as sobrancelhas para dar ênfase – como adultos.

— Você não pode me manter aqui contra minha vontade, isso é sequestro! Não me obriga fazer um escândalo! – Eu não ia fazer escândalo.

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