CAP. 56 - COM AÇÚCAR, COM AFETO

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— Amor, podemos ir ao cinema. Faz anos que não assisto um filme.

— Como assim? Como uma pessoa fica anos sem ir ao cinema? — Eva franziu o cenho expressando.

— Falta de tempo, de interesse, de companhia, não sei. Não tenho resposta,  mi amor. — Thomas deu de ombros como se não fosse importante.

— Por que não assistimos um filme na Netflix?  Algumas colegas do trabalho ficaram loucas com um lançamento recente.

— Vamos assistir esse então.  Tenho uma sala de TV que nunca usei.

— Podemos relembrar os tempos de adolescentes e dar amassos no sofá.  Quer pipoca e refrigerante? — Eva sugere com uma expressão travessa.

— Eu  nunca dei amassos no sofá quando era adolescente, Eva.

— Não sabe o que perdeu. É muito bom, melhor ainda quando há possibilidade de chegar alguém. É excitante.

Thomas não gostou de pensar em Eva dando amassos no sofá e ficando excitada. Inferno! Ela dava amassos em Marcos. Teria que experimentar isso com ela.

— Também vou aceitar essa outra sugestão. Quero dar muitos amassos em você no sofá, no tapete no chão em qualquer lugar.

— Vai aceitar a pipoca e refrigerante também?

— Se é para ter uma típica tarde de adolescentes, não vou dispensar a pipoca com refrigerante.

— Vou organizar a cozinha e preparo a pipoca, só não sei onde ficam as coisas.

— Posso te ajudar a procurar. — Thomas deu de ombros.

— Já é alguma coisa.

Depois de organizar a cozinha e não encontrar  milho para fazer pipoca, Thomas teve que comprar. Eva odeia pipoca de microondas e fez um monólogo sobre todos os conservantes presentes num único pacote.

É a primeira vez que executa a tarefa, não é difícil, precisa apenas saber onde fica as coisas dentro de um supermercado. Nunca havia feito uma compra. Precisou pedir ajuda a uma funcionária solícita que certamente o achou um idiota, por não saber comprar milho de pipoca.

No caminho de volta para casa, refletia sobre as últimas horas, Eva chegou em sua casa há aproximadamente quatro horas e descobriu coisas que nem imaginava que pudesse estar acontecendo, pensou em todo sofrimento de Olga e sua família quase vendendo a própria casa.

Não é uma família rica, mas mantém um bom padrão de vida.  Olga é economista doméstica e decidiu se ocupar depois de se aposentar. Sua irmã Rita é contadora aposentada e sempre viveu com conforto, Lavínia é farmacêutica e tem alguma especialização, mas a doença levou todas as economias da família e certamente comprometeu o futuro delas. Se perguntou como está Maria Antônia, filha de Lavínia, a garota de apenas cinco anos é a mais linda e inteligente que conhece. Fez uma nota mental para saber como está a menina. Se responsabilizaria por ela garantindo uma boa educação.

Chegou em casa, e deparou-se com uma cena fascinante.

Eva está de pé no fogão mexendo uma panela e o conteúdo exala um cheiro delicioso: chocolate. Havia trocado de roupa, usava um short jeans desbotado, curto e rasgado uma camiseta básica, está descalça e com os cabelos bagunçados. É a imagem de uma típica dona de casa, na playlist do celular, uma música agradável enche o ambiente e Eva canta perdida na melodia e na letra.

Sentia sua casa diferente, havia algo novo e até então desconhecido, música, cheiro de comida e uma mulher cozinhando.

A simplicidade da imagem a torna erótica e sensual. Eva na sua cozinha cantando e cozinhando.

Com açúcar, com afeto (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora