21 - Confrontando a Dor

73 5 0
                                    

O tempo que estivemos sobre os céus passou mais rápido do que assim esperava. E de seguida, já estaríamos sobre terra firme de novo, e com Rivnkar mesmo ao nosso lado, passando uma espada, ainda dentro da bainha de couro, para as minhas mãos. Senti o peso deste e de imediato percebi que não era um objeto fácil de manobrar, especialmente para alguém que nunca tinha lutado antes.

- Não te garanto que fiques uma mestre de esgrima quando a batalha começar, mas se já tiveres o básico, pode ser o essencial. - Esclareceu o meu mentor.

Enquanto isso, puxei a haste da espada, a qual possuía um leão gravado na ponta, e então mostrava a sua lâmina polida, refletindo a luz do sol do meio da manhã. Não havia inscrições na lâmina, mas na sua haste, em vez de estar decorada com efeitos massivos e dourados, encontrava-se talhada em prata, e com um peso ligeiramente mais leve para a minha mão esquerda.

Rivnkar entendeu que estava a tentar entender como deveria movimentar aquele objeto sobre a minha mão, pelo que se aproximou e envolvei os meus quatro dedos à volta da haste com força, antes me colocar o polegar sobre os restantes. Quase que me sentia uma criança a aprender como segurar num lápis pela primeira vez.

- Tenta não deixar o polegar perto da lâmina. Ao início podes ter essa tendência para equilibrar a espada, mas pode acontecer que ainda fiques sem o dedo.

Esse pensamento fez-me arrepiar sobre o torso de Hazel. E ele não pareceu indiferente àquela informação, pelo que se movimentou abaixo de mim, quase que se afastando de Rivnkar naquele instante. O meu mentor, percebendo o efeito que tinha causado no cavalo alada, levou os dedos até à crina deste e começou a acalmá-lo, garantindo que isso não aconteceria. E eu esperava mesmo que não acontecesse. Estava disposta a dar a vida pelos Pevensie e Nárnia, mas a ideia de ficar sem um membro qualquer do meu corpo era demasiado arrebatadora para sequer imaginar tal coisa.

Durante o resto da manhã, não só precisei aprender como movimentar a espada e garantir que permanecia em equilíbrio sobre o torso de Hazel, como também tive o treino em terra firme, enquanto o Pégaso aproveitava para descansar um pouco e também se alimentar. Rivnkar podia ser um excelente mentor quando tinha a haver com a magia dos elementos, mas a esgrima era o seu maior forte. Executava os movimentos da espada como se ela fosse uma segunda parte de si e uma extensão do seu braço. E quando, por momentos, me dava a esperança de ser desarmado por mim, ali estava ele, mudando a espada da esquerda para a direita, ou da mão direita para a esquerda.

Nesses momentos, sempre esbugalhava os olhos, pedindo para mim mesma que um dia fosse fácil manobrar a espada daquela forma, antes de retomar a posição de defesa para evitar o ataque do centauro.

Defesa, Ataque. Ataque, Defesa. Bloqueio. Avançar, Recuar. Era tanta coisa para recordar que ao fim de uma meia hora, os músculos já começavam a dar sinais de fraqueza. No entanto, recusava-me a abrandar nos meus treinos, e após o almoço, tanto eu como os Pevensie estávamos a treinar sobre o relvado selvagem do campo. Hazel estava a esvoaçar o céu livremente, semelhante a um vigia, enquanto que Edmund e Hazel treinavam a montaria com esgrima. Lucy e Susan, por sua vez, treinavam a pontaria nos alvos.

Parecia que cada um tinha a sua especialidade e modalidade e aproveitávamos o tempo disponível para melhorar ainda mais. Não podia estar atenta à evolução dos Pevensie, mas por outro lado, focava-me no meu treinamento que aos poucos e poucos ia dando os seus frutos.

Rivnkar tinha avisado em como eu nunca seria uma mestre de esgrima em pouco tempo. E na verdade, durante os minutos que estávamos a treinar, não fui capaz de o desarmar nem uma única vez. Era frustrante, e quase que acabei por pensar em como era possível haver alguém tão experiente com a espada, sendo que nem imortal era.

The Fifth Child [Narnia Fanfic]Onde histórias criam vida. Descubra agora