13 - Responsabilidades e Legado

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Como já tinha dito antes, de atlética, nunca tive muita coisa. Claro, adorava correr pelo jardim, escapar e esconder-me da Macready e subir a alguns dos ramos mais baixos das árvores existentes ao redor da casa. Mas era um lugar de conforto, onde sabia que estava em segurança e que, caso acontecesse algum problema, estaria sempre um conhecido disposto a ajudar. Ali era o completo oposto.

Todos precisamos subir uma das árvores mais altas do local. O raposo dizia que, como os lobos não eram muito espertos e mantinham o focinho sempre contra o chão, não seriam capazes de perceber o que se encontrava acima deles. A ideia era bastante boa, embora na prática, a coisas não parecessem tão fáceis assim.

Lucy e Peter iam à frente, enquanto Susan e eu tínhamos atenção onde pisávamos. O primeiro logo ajudaria a que as irmãs subissem para um dos ramos mais alto. Eu, por tanta sorte ou tanto azar, tinha olhado para o chão naquele instante, apercebendo-me de quão alto estávamos e de que uma queda dali equivalia a uma dezena de ossos partidos, se não mesmo morte. As minhas mãos tremeram me ligeiramente enquanto segurava um dos ramos mais grossos, e Peter logo me ajudou a subir para o ramo onde estavam os castores, de forma a que o peso ficasse distribuído sobre a árvore.

No preciso momento que estávamos já posicionados sobre os ramos, foi quando os lobos irromperam pela passagem secreta, cheirando os rastros que teríamos deixado e buscando por marcas de pegadas a seguir. No entanto, o raposo já tinha pensado nisso tudo, e estava a terminar de limpar os últimos rastros que pudessem revelar onde estávamos. Até que agora sentia que podíamos confiar plenamente nele.

- Não me subestimes! – Ouvi eu, do ramo em que me encontrava, observando o que ocorria lá em baixo. O raposo estava cercado pela polícia secreta e um dos lobos parecia estar a falar com ele. Seria ele Mourgrim? – Eu sei de que lado estás. Procuramos humanos.

Do lado dos bons, ao contrário do teu., pensei comigo mesma, balançando ligeiramente a cabeça, enquanto encarava preocupada o raposo.

- Humanos? Aqui em Nárnia? – O raposo fingia rir com a afirmação. – Bom, essa é uma informação valiosa, não achas?

No espaço de segundos, fez se ouvir um rosnar e um gemido de dor. No lugar em que estava, apertei as minhas mãos contra o ramo, enquanto quase me inclinava para sair deste. Estavam a magoar um inocente, um animal que apenas queria o bem de Nárnia. Não conseguia observar impassível o que estava a acontecer, mas a Senhora Castor logo colocou uma de suas mãos sobre a minha, garantindo que não faria nada impulsivo no momento. A vida de todos estava em risco.

- Poupo-te a vida como recompensa. Não vale lá muito. – Dizia Mourgrim ironicamente. Só podia sentir o meu peito a apertar-se com aquela crueldade. – Mas enfim. Onde estão os fugitivos.

Houve uma pausa. Esperávamos o que o raposo diria. Se nos iria entregar ou ajudar. E pude ouvir o gemido de dor dele. Era das coisas mais dolorosas de se ouvir.

- A norte. Fugiram para norte.

- Vamos procura-los. – O lobo e a sua polícia saiu de onde estava, enquanto que o que mantinha a mandibula fechada no torso do raposo, o lançou contra o chão, sem qualquer cuidado.

Ele voltou a gemer pelas dores e eu não pensei duas vezes. Assim que percebi que o último lobo tinha desaparecido do campo de visão, iniciei a cuidadosa descida dos ramos da árvore onde estávamos.

- Sophia, o que estás a fazer? Ainda é perigoso! – Murmurava-me Susan, num tom alto o suficiente para ouvir, mas baixo para que não chamasse a atenção alheia.

Pela primeira vez, percebi o quão estava a ser impulsiva e pensar pouco sobre as consequências dos meus atos, mas estava cansada de fazer nada ou muito pouco. Devido a isso, ergui o olhar para poder encarar as orbes da mais velha das irmãs, uma expressão séria colocada em meu rosto.

The Fifth Child [Narnia Fanfic]Onde histórias criam vida. Descubra agora