The Fifth Child [Narnia Fanfic]

24 - Tudo Acabou Bem

 O cheiro a sangue fresco e ao podre estava a rodear-nos por completo. Não havia forma de respirarmos fundo sequer para impedir que o suor escorresse pelo rosto e pelo restante do nosso corpo. Nas mãos, as espadas começavam a tornar-se cada vez mais pesadas e difíceis de manobrar, à medida que as forças começavam a esgotar-se lentamente e a ferida sobre a palma da mão direita latejava por se ter aberto de novo.

No entanto, nem eu e nem Peter davamos sinais de parar, agora acompanhados por Edmund, que se unira na frente da batalha com mais alguns faunos e centauros. Apesar dos seus esforços, continuávamos a sofrer baixas numéricas.

- Não sei quanto tempo mais aguentamos. - Disse-me Peter, a respiração dele ofegante sobrepunha-se à minha. - Vou pedir ao Edmund que vá buscar a Susan e a Lucy e vá para casa.

- Se ele for, tu também vais! - Gritei, ao mesmo tempo que cortava um dos braços de um lobisomem, ágil o suficiente para me ter arranhado superficialmente sobre o pulso, mas não tão ágil para evitar um confronto com uma das chitas que juntara a nós.

- Não vou deixar as pessoas daqui, muito menos a ti. - Respondeu-me, quase que me levando a perder a concentração total na batalha e em quem se aproximava de nós.

Entendi o tipo de raciocínio dele e o sacrifício que estava disposto a correr, mas nem por cima do meu cadáver que o iria deixar enfrentar este desafio quando precisava de tanta ajuda.

Á medida que mais tropas se aproximavam e que as tentativas de derrotar diretamente Jadis eram frustradas, a cada narniano que caia transformado em pedra, as esperanças de conseguirmos vencer aquela guerra sozinhos começava a tornar-se mais vã. Ao mesmo tempo, pedia em silêncio para que Aslan não demorasse para chegar com os seus reforços, pois não conseguia supor quanto tempo mais iríamos aguentar.

Um dos gigantes, dos poucos que estavam nas linhas da Feiticeira, avançava na direção de um dos nossos faunos, mas antes que tivesse a oportunidade de executar o seu ataque com as mãos contra o narniano, concentrei-me no chão abaixo dos seus pés, imaginando uma fenda pequena que surgiria com o peso extremo da criatura das trevas, até por fim, ceder abaixo dos seus pés.

O gigante tropeçou, perdendo por completo o equilíbrio quando um dos seus pés ficou enterrado até à canela, retirando-lhe dos maiores apoios para conseguir executar o seu ataque, e dando tempo do fauno retaliar. Infelizmente, a magia não tinha sido completamente executada como eu queria, mas já valia de alguma coisa para manter afastados ou abrandar as outras tropas.

- Edmund! - Ouvi Peter a chamar, possivelmente ao perceber as complicações que cada um de nós estava a ter. - São muitos! Sai imediatamente daqui! E leva para casa as miúdas.

Quando o mais velho dizia isso, lancei-me na direção do mesmo, desferido um golpe sobre o braço do minotauro que o atacava, e que ele se defendia com o escudo.

- Peter, se queres dar um sermão, garante que pelo menos estou perto de ti para evitar seres atacado! - Respondi, sentido a frustração a impulsionar-me o corpo para a adrenalina da luta.

Os meus reflexos não tinham sido rápidos o suficiente para poder me desviar de um ogre que se aproximava de nós. Enquanto tentava desviar-me do machado do minotauro, o seu outro companheiro teria-me acertado nas costas, levando-me a cair para a frente e a deixar que as espadas ficassem presas entre as minhas mãos e o chão.

Talvez tivesse pensado que tinha acabado comigo, pois as suas atenções focavam-se agora em Peter, enquanto eu buscava recuperar forças para me erguer e regressar à luta. Todos os meus músculos latejavam, e tinha o pulso coberto de escarlate pelo sangue que escorria da ligadura. Não valia mais a pena mantê-la sobre a palma da minha mão, e acabei por puxá-la com os dentes, revelando o corte reto, o qual percorria da pele de uma ponta à outra, e manchava as marcas da minha mão com o meu sangue.