Josh Beauchamp
Estava mais ansioso do que o normal para essa viagem. Se fosse duas semanas atrás eu não faria isso nunca.
Colocar meu pai, minha mãe e a família da Any em uma única casa durante um fim de semana era algo que, com sã consciência, eu nunca faria.
Mas nesse tempo que se passou desde o jogo, meu pai demonstrou estar realmente.disposto a ser uma pessoa melhor fora do escritório. Nossa relação de pai e filhos estava aos poucos melhorando.
- Vai demorar muito ainda? -perguntei pela sétima vez na última meia hora
- Vai Josh -meu pai respondeu impaciente
- E agora? Vai demorar muito ainda? -perguntei cinco minutos depois
Esse fim de semana seria importante para mim, eu estava sentindo isso.
- Vai Joshua -senhor Beauchamp respondeu novamente impaciente- Você está vendo Úrsula? Você está vendo né? Se eu jogar ele para fora do carro... -deixou a frase no ar e minha mãe.riu acariciando o ombro dele
- Fica calmo querido, ele está ansioso -assenti freneticamente fazendo eles rirem
- Essa menina está deixando ele mais idiota do que já era antes -meu pai comentou baixo, acho que era só para minha mãe escutar
- "Mais idiota"? Eu não sou idiota -resmunguei cruzando os braços- Mas vai demorar muito ainda?
- Filho... -minha mãe falou séria
- Vai demorar pai? -perguntei fazendo bico como uma criança inocente
- Vai demorar para chegar lá Joshua, mas quer saber uma coisa que não vai demorar? -falou me deixando curioso
- O que?
- Minha mão na sua cara se você não calar a boca -sorriu falso e eu engoli em seco
- Sem graça -falei colocando o meu fone dando play em uma playlist qualquer
Fiz careta ao ver que não tinha sinal, assim eu não poderia mandar nenhuma mensagem para a Any para perguntar como eles estão. Nós saímos da cidade um pouco antes deles e eu já estava morrendo de saudade de falar com ela.Chegava ser sufocante a necessidade que eu tinha de compartilhar os momentos do meu dia com ela, de escutar ela falando sobre coisas banais que ela gostava, como combinar a cor da meia com o tênis. Ver, ouvir, abraçar e beijar ela faziam meu dia ficar infinitamente melhor e se isso era amar alguém... Eu queria amar ela para o resto da minha vida.
Mas tinha uma coisa me deixando curioso, alguma coisa que ela não queria me contar, algo que a estava deixando nervosa e pensativa. Eu não quis forçar a barra, estava esperando ela me falar, mas isso já estava me deixando paranóico.
Às vezes ela parava olhando para algum lugar qualquer com o olhar nervoso, perdido, angustiado e confuso, o que me partia o coração e fez perguntas surgirem.
E se ela quisesse desistir de nós?
E se ela não me quisesse mais?
E se ela percebeu que não gosta de mim?
E se ela estiver gostando de outro?
Confesso que minhas paranóias acabam me fazendo muito mal em alguns momentos.
O certo seria perguntar o que está acontecendo e tals, mas estava com medo do que fosse o real motivo para deixar ela assim.
A verdade é que eu não gostava nem de me imaginar sem ela, pode parecer meio psicopata, mas eu esperei por tanto tempo para ter ela comigo que era dilaceradora a sensação de perdê-la.
Mas se algum dia ela quisesse assim, eu respeitaria, pois não teria o que fazer.
Ninguém tem o direito de obrigar alguém a ficar ao seu lado.
O que me deixava menos tenso quando a insegurança batia eram os momentos bons que já passamos, os sorrisos sinceros, beijos carinhosos, o apoio, a ternura e o companheirismo que nós temos.
-Já estamos chegando -meu pai falou puxando um lado do meu fone
- Que bom -sorri animado
Amava a casa de campo, mesmo não frequentando ela com a frequência que eu gostaria.
Ter a menina que eu amo ao meu lado ali seria incrível.
Poucos minutos depois avistei o portão de madeira que indicava o início da propriedade dos meus pais, tinha uma fita laranja amarrada nele, era o que meus pais tinham pedido para o caseiro fazer, assim o senhor Soares localizaria facilmente a nossa casa no meio de tantas outras nessa estrada afastada.
- Eu abro -falei alto praticamente pulando para fora do carro quando meu pai se aproximou o suficiente da entrada
O cheiro do campo logo invadiu minhas vias nasais e eu sorri satisfeito com a sensação de paz quase completa que eu senti.
Aguardei pacientemente meu pai passar com o carro para então fechar novamente o portão, entrei no meu lugar e fiquei apreciando a paisagem por mais uns 5 minutos até
chegarmos na casa.
Tudo aqui era diferente da nossa casa na cidade, as coisas eram mais "rústicas", tinha muita madeira e pedras por todas as estruturas, os cavalos pastando ao lado esquerdo
perto do rio que cortava o terreno ao meio com gansos nadando pela extensão dele, mais ao fundo conseguia ver o lugar onde ficavam algumas vacas, porcos, galinhas e a horta.
Do lado direito era mais "limpo", ali ficava o jardim de flores da minha mãe, alguns balanços, bancos e mesas de madeira, a piscina e uma parte mais plana, onde eu fazia piqueniques com a minha mãe quando mais novo.
A coisa que mais se destacava no meio de tudo era a casa, que ainda tinha um toque meio moderno.
- Sejam bem-vindos senhores Beauchamp -Flinn, o caseiro, falou quando descemos do carro
- Obrigado. Boa tarde Flinn -meu pai falou sorrindo de lado e estendendo a mão para o homem, que assustado retribuiu o cumprimento
Meu pai estava mudando mesmo, ele nunca foi de conversar com os funcionários ou tratá-los com mais que o básico de educação.
- Está tudo pronto? -perguntou enquanto tirava as malas do carro com a ajuda de Flinn
Minha mãe tinha cumprimentado Flinn e entrou correndo para falar com Diana, a mulher dele, que também trabalhava aqui.
Na verdade, eles moram em uma casinha menor aos fundos com os dois filhos, Dylan e Lisa, de 19 e 16 anos respectivamente.
Eu estava parado olhando para a paisagem, me sentia muito bem aqui.
- Sim senhor -o caseiro respondeu tirando uma mochila do porta-malas- Foram arrumados mais três quartos de visita como o senhor pediu
- Ótimo -meu pai sorriu- É para a família da namorada do Josh- Namorada do Josh? -Dylan e Lisa perguntaram em uníssono descendo a pequena escada da varanda
- É -Ron respondeu orgulhoso- Meu filho está todo bobo pela menina, vocês precisam ver -comentou rindo e eu sorri bobo
Dylan revirou os olhos descaradamente indo ajudar o pai dele com as bagagens, já Lisa bufou alto e voltou para dentro da casa.
Que gente estranha, credo!
Dei de ombros e fui ajudar a levar minhas coisas para o quarto.
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Continua...Depois de mil anos finalmente saiu capitulo novo
O que vocês acharam do Dylan e da Lisa?
Me desculpem por ficar uns dias sem postar
Eu precisava de um tempo pra mim, afinal eu não sou uma máquina e tenho uma vida fora do celular
Enfim, né desculpem por qualquer coisa e até amanhã🤍

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𝑵𝒂 𝑺𝒆𝒈𝒖𝒏𝒅𝒂 𝑪𝒂𝒓𝒕𝒆𝒊𝒓𝒂 »𝑩𝒆𝒂𝒖𝒂𝒏𝒚«
أدب الهواةTrês anos e dois meses, esse é o tempo que eu estou observando a menina sentada na segunda carteira da primeira fila, Any Gabrielly é o nome dela. Ela é a menina mais encantadora que eu já vi, não sei se pelos longos e morenos cabelos cacheados, pel...