#38

6.4K 501 34
                                    

Josh Beauchamp

- Que saudade de você meu amor -falei me jogando na minha cama como se estivesse abraçando ela


Era segunda quase de noite, eu tinha acabado de chegar em casa e só tinha o pessoal que
trabalhava aqui mesmo.

Nós passamos o dia só na casa dos Blake arrumando as nossas coisas e curtindo um
tempo só entre nós mesmo.

Eu passei mais tempo beijando a Any do que fazendo qualquer outra coisa, mas quem
liga né? Enfim, estou apaixonado.

Suspirei, levantei da minha cama, tirei as roupas da mala e separei as que estavam sujas, coloquei tudo no cesto no banheiro, guardei os produtos de higiêne e meus eletrônicos, tomei banho e vesti uma roupa de ficar em casa, fui até a cozinha, fiz um sanduíche, servi um copo de suco e sentei na bancada para comer.

- Já chegou Josh? -minha mãe perguntou sorrindo ao entrar na cozinha

- Eu até pensei em uma resposta, mas eu gosto de ter uma casa e todos os dentes na boca -sorri para ela que revirou os olhos

- Me conta tudo -bateu palmas animada e sentou em um banquinho do meu lado- Se declarou para a Any? Já posso chamar ela de nora oficialmente?

- Ah mãe -sorri bobo- Eu me declarei sim, mas ainda não pode chamar ela de nora oficial
porque não temos um relacionamento sério

- E o que ela falou? Por que não é sério? -perguntou rápido

- Ela falou que gosta de mim, não falou que é apaixonada por mim, mas já é alguma coisa
-sorri de lado- Para mim o que nós temos é sério, mas ainda não temos nenhum rótulo

- Nem sempre precisamos de rótulos para ter alguma coisa, muitas vezes nomear as
relações que estão começando acaba estragando toda a mágica do amor -ela sorriu
carinhosa- Mas sobre ela não falar que é apaixonada por você... Dê tempo ao tempo filho,
nem todas as pessoas se apaixonam rapidamente -assenti sabendo que nem todos são
iguais

- Como você e o meu pai se conheceram? -perguntei

Eu com 18 anos nunca tinha feito essa clássica pergunta para nenhum dos meus
progenitores.

- Ah -ela sorriu de lado e seu olhar ganhou um brilho de nostalgia- Foi no primeiro ano da
faculdade, nós fizemos uma apresentação em grupo, nós aproximamos, viramos melhores amigos e depois de muito tempo e com muita paciência, da minha parte, a nossa relação
virou algo a mais

- Ele sempre foi assim? -perguntei me referindo ao comportamento mesquinho, egocêntrico
e irritante do meu pai

- É difícil te responder Josh -suspirou- Você quer saber a história inteira? -assenti- Mas ela é longa

- Eu tenho tempo mãe, pode contar

- Seu pai me contou a história depois de algum tempo de relacionamento, me explicou
porque ele é tão fechado e adotou a frase "amar é para os fracos" -sorriu de lado- Ele tinha quase 17 anos quando se apaixonou pela primeira vez, mas a menina era só uma interesseira que queria o dinheiro e o sobrenome dele, além de nunca ter o amado, ela ainda fez ele de bobo, o traiu com o melhor amigo e mais sabe-se lá mais quantos, difamou ele para o colégio inteiro e tantas outras coisas absurdas -ela negou com a cabeça- Ele
estava indo bem no plano de não se apaixonar, mas aí eu cheguei, aos poucos as barreiras
que ele construiu foram cedendo e hoje estamos aqui casados e com um filho lindo

- E por que ele é tão "assim" comigo? -perguntei confuso

- Ele só não quer que você passe pelo mesmo que ele -suspirou- Ele não é o monstro que
quer parecer, Josh. O Ron te ama muito

- Mas ele não percebe que com esse jeito insuportável de ser, ele perdeu qualquer migalha
de amor e consideração que eu poderia ter por ele? -levantei colocando a louça que eu tinha usado na pia

- Eu nunca entendi porque ele age assim, mas quem é que entende seu pai? -ela riu sem
humor

- É -sorri de lado- Ninguém entende ele

- Vai descansar meu filho -ela acariciou meu braço- E sobre a Any, espera o tempo dela, não se apresse, você já esperou bastante tempo, uns dias a mais ou a menos não vai fazer tanta diferença

- É... Acho que eu não vou morrer de esperar mais um pouco -brinquei e ela assentiu
sorrindo

- Eu te amo Josh, muito -falou e eu sorri

- Eu te amo mãe, mais que tudo -dei um beijo na cabeça dela e saí da cozinha

Meu pai estava sentado no sofá da sala com o notebook no colo e alguns papéis e plantas
de casa na mesa do centro. Eu tentei passar reto e fingir que não o vi, mas aparentemente ele queria conversar.

- Oi filho -ele falou, eu suspirei e o olhei com o cenho franzido

- Oi -cruzei os braços me apoiando no batente da porta

- Como foi sua viagem? -perguntou me olhando rapidamente antes de voltar a digitar, seu
tom de voz estava neutro, sem deboche ou aquela prepotência irritante, isso me deixou em
alerta

- Boa... Muito boa, na verdade

- E a Any? Como ela está? -arqueei a sobrancelha e suspirei impaciente

- Bem

- E os seus outros amigos? -perguntou novamente, isso está ficando muito estranho

- Bem também -dei de ombros- Olha pai, eu estou cansado da viagem, então...

- Tudo bem -me interrompeu- Vai lá descansar filho

Assenti e comecei a subir as escadas, não entendia o senhor Beauchamp não conseguia prever
as ações e reações dele.

- Josh? -ele me chamou e eu parei no meio da escada, revirei os olhos e desci dois
degraus da escada para conseguir vê-lo

- Esse é o nome que vocês escolheram né -respondi indiferente

- Vai ter um jogo dos Lakers no sábado e um amigo me deu dois ingressos -franzi o cenho
por ele ter ignorado minha resposta grosseira- Quer ir comigo? -perguntou me
surpreendendo

- Eu e você em um jogo de basquete? -perguntei em choque- Você sempre me falou para não usar nenhum tipo de droga pai, não acho que você deveria começar a usar nessa idade
-falei ainda assustado e ele riu

ELE RIU!

Gente isso está ficando cada vez mais estranho.

- Eu não estou usando drogas -falou em um tom brincalhão que eu nunca tinha visto ele
usar- Vai querer ir ou não?

- Vou ver e te aviso -falei e ele assentiu

Queria pedir um conselho para Any sobre isso, afinal não era uma situação que eu saberia lidar sem ajuda.

- Boa noite Josh -falou bagunçando o cabelo

- Boa noite -respondi e fui rapidamente para o meu quarto

Mandei uma mensagem para Any falando que amanhã precisaria de um conselho, ela
logo respondeu que me ajudaria em qualquer coisa, agradeci e mandei um boa noite,
coloquei meu celular para carregar e dormi em poucos minutos.
______________________________________________________
Continua...

𝑵𝒂 𝑺𝒆𝒈𝒖𝒏𝒅𝒂 𝑪𝒂𝒓𝒕𝒆𝒊𝒓𝒂 »𝑩𝒆𝒂𝒖𝒂𝒏𝒚«Onde histórias criam vida. Descubra agora