Capítulo 3

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Boa tarde, como estamos?

Quem aí já vacinou? A autora já tomou a primeira dose :)

Nesse nós teremos um pouquinho de Maya... Capítulo bem rotina, mas eu sugiro que aproveitem.

Boa leitura, perdoem qualquer erro e até as notas finais.
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Maya Bishop Point Of View.
Seattle - Washington.

Apaguei as luzes do ginásio, voltando para a minha sala, e tamanho foi o susto quando fechei a porta e virei.

- O garoto esqueceu três toalhas molhadas de novo, eu disse que ele não serve pro cargo.

- Droga Gibson, você me assustou.

- É sério Bishop, dá um jeito nisso porque eu não sou pago pra fazer o serviço de outra pessoa.

- Também não estou te pagando por fazer hora extra. Sai logo da minha sala.

- Você é um amor de pessoa, sabia?

- Tchau Gibson.

- Até mais Bishop.

Revirei os olhos para o tom autoritário, Gibson e eu vivemos de ironias, é assim que nos suportamos, mas apesar do convívio inadequado no fundo somos bons e velhos amigos, empilhei alguns papéis que estavam na minha mesa, guardando-os na pasta, fichas de inscrição, nessa época do ano geralmente chegam novos alunos, hoje mesmo alguns deles vieram para a primeira aula, eu nunca consigo explicar o brilho no olhar deles, é sempre o mesmo olhar, as crianças guardam essa coisa de ter uma medalha e um troféu, como um segredo que precisam proteger, isso os faz serem persistentes, e no Muay Thai é o que se precisa para ser um bom lutador.

Antigamente o Bishop Institute recebia atletas de todas as idades, mas quando meu pai morreu eu precisei assumir o controle, fechei o lugar por alguns meses, reorganizei tudo e resolvi reabrir com limite de idade, agora treinamos apenas crianças e adolescentes, nós literalmente buscamos crianças carentes de rua e trazemos para dentro da academia, aqui eles ganham um novo ponto de vista, e o mais importante, um espaço seguro para serem quem são. Poucos de nós entendem o sentido de ganhar algo quando não se tem nada, fui criada para compreender isso, desde pequena mantenho em mente a necessidade de ajudar a todos, e aqui nós buscamos fazer o possível e o impossível para manter nossas crianças salvas, seguras e confiantes, pois o lugar de onde vem e para o qual vão quando crescem, já não é bom, na verdade é terrível, mas é o lugar deles, de todos nós, é o mundo e o jeito como as coisas funcionam.

Quando criança, meu pai me levava junto para o trabalho, nos horários vagos ele me ensinava alguns golpes, o Muay Thai era mais do que uma modalidade para Lane Bishop, ele sempre tinha uma frase de efeito pronta e todas elas definiam a arte da prática, ao crescer, também se tornou mais para mim, além de ser a nossa coisa, também era a minha válvula de escape, me ajudando em momentos difíceis e principalmente momentos de tensão, quando se tornava impossível definir minhas próprias emoções, todas alteradas e à flor da pele, o Muay Thai foi a primeira língua que aprendi no quesito me expressar.

A caneta desliza pela minha mão e bate na superfície da mesa, só então percebo que estou completamente distraída, toco a nuca sentindo a pressão de toda a minha exaustão se acumular naquele ponto do meu corpo, um dia cheio mesmo que comece e acabe num estalar de dedos, ainda é um dia cheio.

"Flashback On"

Tentei me levantar do chão, tarde demais, o corpo pequeno já estava sobre o meu, levemente desajeitado em uma tentativa de me imobilizar, imediatamente comecei um ataque de cócegas que o fez rir divertidamente.

- Chocolo papai! - Pediu entre uma gargalhada e outra.

- Vamos campeão, fuja dela. - Lane responde acompanhando a brincadeira de pé, com os braços cruzados e um olhar risonho.

- Ele não pode fugir pai, eu sou mais forte.

- Ah é? Vamos ver se você é forte mesmo.

Exclamou segundos antes de se ajoelhar no tapete e atacar nós dois, fazendo cócegas em ambos, Mason, papai e eu rolamos pelo chão da sala aos gritos com altas gargalhadas e provocações.

"Flashback Off

Mais algumas horas no escritório e acabei chegando em casa tarde da noite, cansada, tudo o que fiz foi tomar um banho e me jogar em qualquer lugar, restavam só algumas horas até que o dia amanhecesse novamente, é exatamente assim que a minha rotina funciona, fazem alguns anos desde a última vez que me lembro de ter férias, e não poderia me dar ao luxo agora que absolutamente todas as decisões que mantém o instituto de pé são minha responsabilidade. 

[ ... ]

- Meudeus Maya, nós combinamos SEM DORMIR DE CALCINHA NO SOFÁ! - A voz berrou ao fundo, meus olhos mal se abriram. - MAYA! LEVANTA DAÍ, PELO AMOR DE DEUS!

Alguém já te acordou assim? É definitivamente a pior forma de acordar, abri os olhos e Victoria me encarava de braços cruzados no meio da sala.

Sala?

- Eu dormi na sala? - Sentei, percebendo que sim, eu havia adormecido no sofá.

- Sim, e quando chego em casa pela manhã a primeira coisa que encontro é a sua bunda branca à mostra no sofá.

- Gostou do que viu? - Provoquei, puxando uma almofada para o meu colo.

- Amei, inclusive vou postar o book de fotos que deu tempo de fazer enquanto você roncava aí, no Instagram, se importa? - Andou até a estante, largando as chaves e o celular.

- Nem um pouco, o que é bonito é para se mostrar, não é?

- Concordo, mas essa sua bundinha além de parecer um papel, não tem nem graça meu anjo. - Tirou o casaco também e o pendurou no cabide ao canto na parede.

- Não é o que me dizem. - Joguei a almofada nela e subi as escadas correndo o mais rápido que poderia, evitando assim de ser executada em plenas sete horas da manhãs

Debaixo do chuveiro, ouvi quando Vic avisou estar saindo de volta, ela passa mais tempo com Lucas do que aqui, o que me faz questionar a decisão de morar provisoriamente comigo enquanto seu apartamento passa por alguns ajustes, não que seja ruim, na verdade é excelente ter companhia quando seu namorado está cobrindo um turno de 48 horas na estação de bombeiros a qual trabalha, e ela não tem outra opção a não ser eu. Talvez seja pelo status, quando você namora alguém, as coisas são de um jeito, quando você decide morar junto acabam sendo de outro, e por mais que Lucas e Victoria sejam ótimos nisso, é um passo a se temer, compreensível.

Estacionei na minha vaga, desci do carro equilibrando pasta, bolsa, celular e uma bandeja de cafés do Starbucks, pela manhã as coisas são menos agitadas por aqui, isso significa que teria tempo o suficiente para organizar papelada e estar livre para os alunos do próximo horário. Dirigir o instituto e ser uma das instrutoras, ao mesmo tempo, é uma grande aventura, e há uma resposta lógica acerca da dedicação para isso; minha paixão é ensiná-los e minha obrigação é manter o lugar funcionando, basta manter ambas em equilíbrio que todo o resto se ajusta naturalmente. Convenhamos, sempre fui boa nisso, é difícil algo ou alguém roubar o controle da situação, estou sempre a muitos passos à frente, e consigo alcançar todos os meus objetivos, sem exceções.
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Pois então, como disse, bem rotina.

Mais uma vez; obrigada a quem continua acompanhando Fear to Lose, não desistam de mim galera!

Beijos, até o próximo.

𝙵𝚎𝚊𝚛 𝚃𝚘 𝙻𝚘𝚜𝚎Onde histórias criam vida. Descubra agora