Prólogo.

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Desde já agradeço pela sua atenção e peço, antecipadamente, desculpas por qualquer erro aqui cometido.



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  O vilarejo estava em polvorosa por conta das crescentes destruições noturnas que arrasavam as plantações, e todos temiam que a sobrevivência no inverno fosse impossível, pois se não tivessem alimentos, morreriam de fome.
  Havia mais de dois meses que nada se colhia e o estoque do vilarejo já estava perto de acabar. "É hora de fazer alguma coisa", os aldeões pensavam com certo desespero, mas não sabiam o que poderiam fazer para acabar com a devastação noturna de seus campos.
  Já, sim, haviam montado guarda nos arredores das plantações, mas nunca funcionava e na manhã seguinte tudo estava destruído. Até mesmo cercar as plantações e posicionar cães de guarda se tornou inútil. A situação estava cada mais difícil para o pequeno vilarejo...

  -Está na hora de consultarmos a anciã! -Alguém bradou no meio da pequena multidão na praça do vilarejo onde haviam se reunindo para discutir o que mais poderiam fazer.
  -A bruxa?! Sabe que não podemos confiar nelas! -Outra pessoa exclamou incrédula.
  -É nossa melhor chance! Por acaso alguém aqui sabe o que está destruindo nossos campos e como detê-lo?! -Uma terceira pessoa falou em concordância à que havia sugerido a ideia e logo todos ali começaram a falar cada vez mais alto, uns contra, outros a favor da ideia de consultar a anciã -chamada de bruxa por muitos. Então, de repente em meio ao caos de vozes e bravejos, a voz estrondosa do líder se fez presente em uma imponente ordem de silêncio e todos ali se calaram.
  -Eu sei que muitos de vocês são contra as previsões das anciãs! Mas não temos outra opção! Se não consultarmos a anciã, isso vai continuar e vamos ter que abandonar nossas casas! -O líder bradou em frente a todos ao subir em uma caixa de madeira para ter total atenção. -É isso que vocês querem? Querem abandonar suas casas e vagar com suas mulheres, filhos e maridos sem rumo?! Esperando que achemos um lugar onde estabelecer morada enquanto o inverno se aproxima mais e mais a cada dia?! -Indagou fervoroso e todos ali pareceram mais abatidos, realmente pensando na situação. -Ou consultamos a anciã e resolvemos o problema ou todos morremos em poucos meses!! -Exclamou ainda mais efusivo. -O que vocês querem?? DIGAM!! -Bradou ainda mais alto e logo todos os aldeões explodiram em fervorosos "DEVEMOS CONSULTAR A BRUXA!!", "NÃO VAMOS ABANDONAR NOSSAS CASAS!!", "O LÍDER ESTÁ CERTO, NÃO PODEMOS VAGAR SEM RUMO ATÉ O INVERNO CHEGAR!! VAMOS ATÉ A BRUXA!!".

  E, ainda com os ânimos exaltados, o líder escolheu mais dois outros chefes das famílias mais antigas do vilarejo para irem consigo à anciã e mandou sua mulher preparar suas coisas para a viagem, pois para chegar até a anciã, eram necessários dois dias e uma noite de caminhada, levando, assim, um total de quatro dias para fazer a viagem de ida e volta.

  -Mamãe, o papai vai ver a bruxa? -A garotinha de cabelos laranjas indagou ao segurar o vestido da mulher que arrumava uma bolsa de suprimentos para o marido.
  -É uma anciã, Leana, e não precisa ficar com medo, porque o papai vai voltar em alguns dias. -A mulher disse com um sorriso terno ao ver a preocupação no rosto da filha. -Por que não vai ajudar o seu irmão lá fora? A mamãe tem que arrumar as coisas aqui, querida. -Sugeriu com um singelo sorriso e a pequena sorriu animada em resposta, indo sem pensar duas vezes para fora da casa.

  A pequena Leana correu animada na direção de seu irmão e pulou sobre seus ombros assim que o viu abaixado próximo ao toco de cortar lenha, ocasionando na queda de ambos no chão empoeirado.

  -Lea! -O ruivo mais velho exclamou ao virar-se no chão e terminar com a pequena sobre si. -Você tem que tomar mais cuidado!
  -A mamãe me mandou te ajudar! -Leana exclamou animada e sorridente e o garoto não pôde deixar de sorrir também.
  -É mesmo? Vamos levar a lenha para dentro, então. Eu já terminei de cortar. -Falou ao levantar-se do chão com a menina em seus braços e logo a deixou em pé.
  -Arih, podemos brincar depois? -Indagou enquanto pegava o máximo de lenha cortada que conseguia e o ruivo sorriu para si, achando muito fofo o esforço da irmã.
  -Podemos, sim, Lea. -Disse simples ao pegar o restante da lenha e logo passou a caminhar com a pequena na direção da casa.

  Os jovens Brensinger, Arius e Leana, colocaram a lenha perto do fogão e, assim que Henrietta, sua mãe, permitiu, ambos saíram mais uma vez da casa e foram brincar perto do riacho, pois a pequena ruiva adorava saltitar sobre as pedras e chutar água para todos os lados e o ruivo mais velho, como o bom irmão que era, a cuidava de perto sempre que Leana ia brincar ali.
  Arius gostava muito de brincar com sua irmã e esta gostava muito de ver o sorriso radiante no rosto do irmão quando estavam se divertindo, chegando a entender o porquê de todos os adultos o chamarem de "Aruna" -o sol da manhã, mas que também significava esperança. A pequena achava que ele tinha o sorriso mais bonito de todo o vilarejo e pensava que queria ter um sorriso como o dele um dia. Ela queria ser como irmão quando crescesse.

  -Lea, cuidado com as pedras que têm limo! -Arius exclamou enquanto a seguia pelo riacho e a mesma sorriu animada ao virar-se para si.
  -Arih, podemos nadar? -Perguntou ao apontar para a água convidativa, mas o ruivo negou com a cabeça.
  -Você sabe que a água está mais fria do que parece e você pode ficar doente, Lea. Nada de entrar na água. -Disse sério e a pequena inflou as bochechas.
  -Chato... -Murmurou chutando algumas pedrinhas para a água e Arius se aproximou em mais alguns passos, pegando-a nos braços e a girando de repente. -E-ei! Arius!! -Exclamou surpresa, mas logo começou a rir ao ver o sorriso de seu irmão.
  -Quem é o chato agora, hein, mocinha? -Perguntou também começando a rir enquanto girava com a irmã nos braços.

  Porém, de repente, Arius ouviu um farfalhar nos arbustos densos da floresta do outro lado do riacho e parou de girar-se, olhando atentamente para o escuro entre as árvores.

  -O... O que foi, Arih? -Leana perguntou um pouco assustada e tentou enxergar alguma coisa na floresta.
  -Ah... Nada... Nada, não. Achei que tinha ouvido alguma coisa, mas acho que era apenas um coelho correndo. -Arius disse com um sorriso confiante para a pequena e logo a girou outra vez, arrancando mais risadas divertidas da pequena ruiva.

  E, assim, os irmãos Brensinger passaram o restante daquela tarde e voltaram para sua casa quando Leana disse que estava com fome, o que fez Arius perceber que também estava com fome, então não tiveram outra opção além de voltar para casa a fim de comer algo.
  Os irmãos chegaram a tempo de se despedir de seu pai, pois este já estava pronto para a viagem até a anciã e iria naquele mesmo dia, e o homem disse para Arius cuidar de sua mãe e irmã enquanto ele estivesse fora, ao que o garoto respondeu firmemente com um "Sim, senhor" e logo teve os cabelos afagados e um sorriso orgulhoso dirigido para si, e Arius sorriu em resposta.
  Então, após se despedir da família e dizer para Leana cuidar das galinhas -o que a pequena ruiva adorava fazer, diga-se de passagem-, Linus foi acompanhado por sua mulher até a saída do vilarejo -assim como as mulheres dos outros dois homens fizeram- e se despediu com um caloroso beijo, dizendo que voltariam com a solução para o problema das plantações e que tudo daria certo. E, então, os três homens partiram.














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Novamente agradeço pela sua atenção e peço desculpas por qualquer erro aqui cometido.

A Maldição do LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora