O Lobo do Bosque. -Parte Dois.

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Desde já agradeço pela sua atenção e peço, antecipadamente, desculpas por qualquer erro aqui cometido.




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  Já era noite outra vez quando, de repente, Arius ouviu uma movimentação do lado de fora, sentindo seu coração bater enlouquecido de medo. Passos se aproximaram lentamente do local no qual estava e também uma luz branca tremeluzente. Assim que perto o suficiente, Arius pôde ver de onde se originava a luz e os passos e seu coração continuou a bater enlouquecido.

  ~Desculpe a demora. -O lobo falou enquanto caminhava até si com uma flor branca brilhosa na boca. ~Segure isto. -Ordenou ao estender a flor para o ruivo e ele assim o fez, analisando admirado a flor com brilho incomum.
  -Onde você-
  ~Está feito. -Disse após abrir a "cela" do chão na qual o ruivo estava preso e aproximou-se, encarando-o diretamente nos olhos, e Arius notou que as orbes azuis do lobo também brilhavam quase tanto quanto a flor em suas mãos.
  -O... O que está feito...? -Perguntou um tanto nervoso e apertou o caule da planta, pressionando-a contra o peito, ainda sem sair do buraco no chão.
  ~Seu vilarejo está salvo. Não vão sofrer com a devastação dos campos nunca mais. -Falou com certo orgulho e encarou Arius antes de caminhar mais adentro na árvore, afastando-se do garoto, o qual logo saiu da "cela".
  -Realmente? Isso é mesmo verdade? Muito obrigado!! -Arius exclamou com um sorriso radiante e o lobo olhou para si mais uma vez, arregalando os olhos ao ver o sincero, puro e completamente belo sorriso do ruivo.
  ~Você está feliz demais para quem agora é meu. Espero que não tenha esquecido. -O animal falou para afastar o sentimento estranho em si ao ver o sorriso do garoto e este pareceu perceber-se da situação, pois seu sorriso acabou ali e sua feição ficou séria e assustada.
  -Vo-você vai... me devorar agora...? -Indagou assustado e o lobo bufou pelas narinas, andando em círculos no local no qual estava e deitando-se em seguida.
  ~Vou dormir. Eu não devoro humanos. -Falou já fechando os olhos ao apoiar a enorme cabeça nas patas e Arius olhou para a entrada da árvore por alguns instantes.
  -Ma-mas eu sou o... sacrifício... -O garoto comentou ao olhar outra vez para o lobo, este ainda de olhos fechados.
  ~Eu disse que não sou o que você pensava. Não deveria acreditar em tudo o que ouve e só acreditar em metade do que vê. -O animal falou e abriu os olhos outra vez, encarando Arius por breves instantes antes de voltar a fechá-los. ~Faça silêncio, eu vou dormir. -Ordenou sério e o ruivo apertou mais o caule da flor contra seu peito, inspirando o ar lentamente.

  O lobo, após longos minutos de puro silêncio, podendo-se ouvir apenas as respirações de ambos e o animal podendo ouvir as batidas incessantes e intensas do coração do garoto -por conta das grandes orelhas e ótima audição-, ouviu Arius mover-se lentamente ali e, em seguida, ouviu-o sentar-se no chão. E isso surpreendeu tanto a criatura que esta abriu os olhos e encarou na direção do ruivo, vendo-o sentando e escorado contra a parede, com a flor brilhosa ainda em mãos e o capuz cobrindo sua cabeça e ocultando seu rosto. "Você deveria ir embora, estúpido", o lobo pensou, ainda surpreso, pois havia deixado a cela destrancada e o garoto sair justamente para que o ruivo fugisse assim que pudesse. "Mas talvez esteja apenas esperando que eu adormeça para que não possa ir atrás dele", o animal pensou mais uma vez e, bufando pelas narinas, fechou os olhos e tratou de dormir, pois o dia havia sido longo.
  Assim que acordou na manhã seguinte, o lobo não viu o garoto ruivo ali dentro e pensou, com certo alívio e tristeza, que ele havia partido enquanto dormia. O animal, então, levantou-se da cama de palha e saiu da árvore, indo na direção do lago para beber água, mas parando de imediato ao ver o ruivo tentando colher algumas maçãs de uma árvore do outro lado do lago.

  ~Ei! O que está fazendo?! -O animal bradou com um rosnado e Arius se assustou tanto que acabou caindo de cima do galho no qual estava, então o lobo correu em sua direção -contornando o lago para isso- e o levantou do chão ao agarrar o capuz da capa.
  -De-desculpa! Eu fiquei com fome e... vi essas deliciosas maçãs... -Arius falou enquanto se encolhia assustado e o animal o soltou.
  ~Por que ainda está aqui? Você deveria ter fugido à noite enquanto eu dormia! -Exclamou um pouco irritado e o ruivo lhe encarou nos olhos.
  -Não... Você cumpriu a sua parte. E eu sou o sacrifício, então tenho que cumprir a minha parte também. -Arius falou sério e o lobo não pôde deixar de pensar no quanto aquele garoto era interessante.
  ~Já falei que não como humanos.
  -Não me importo. Temos um acordo e na minha família não quebramos acordos. -Disse confiante e o animal afastou-se de si, caminhando na direção da macieira e ficando sobre duas patas, então abriu a boca sobre um dos galhos e o quebrou.
  ~Coma. -Ordenou ao largar o galho repleto de folhas e frutas aos pés de Arius e este encarou as frutas com olhos brilhosos, em seguida olhando para o lobo.
  -Muito obrigado! -Exclamou com um sorriso e logo passou a colher as frutas dos galhos, então o animal virou as costas e voltou a caminhar para o outro lado do lago. -A propósito, meu nome é Arius! -Exclamou ao ver que a criatura se afastava mais e mais e esta olhou para si brevemente e logo virou o rosto para frente, seguindo para fora da clareira e deixando Arius sozinho com as maçãs.

A Maldição do LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora