De volta à casa.

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Desde já agradeço pela sua atenção e peço, antecipadamente, desculpas por qualquer erro aqui cometido.









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  Como Yaze havia dito, eles chegaram pouco antes de o final da tarde começar e, com um peso esmagador no peito, Arius desceu das costas do lobo -ambos haviam parado à beira da floresta, pois não queriam assustar ninguém com a presença de Yaze- e encarou-o nos olhos sem dizer nada por algum tempo.
  O ruivo contorceu a face tristemente e, em um único impulso, abriu os braços e envolveu o lobo com eles, apertando-o fortemente contra si. E Yaze só não ficou surpreso com o ato porque também queria, mais do que tudo, abraçar o garoto, então apenas abaixou sua cabeça e fechou os olhos, podendo ouvir as intensas batidas do coração de Arius.

  -Tome cuidado, Yaze. -O garoto murmurou ainda o apertando com força.
  ~Eu vou tomar. E você, Arius, fique bem e espere por mim. Eu prometo que vou voltar o mais rápido possível. -Disse no mesmo tom calmo e, após mais alguns minutos de silêncio, Arius afrouxou o aperto e afastou-se, encarando as orbes azuis do lobo intensamente.
  -Eu vou te esperar. Aqui. Vou vir todos os dias nesse horário e esperar por você até o sol se pôr, o que acha? -Indagou com uma tentativa de risada descontraída, mas tanto Arius quando Yaze sentiram a dor por trás daquelas palavras.
  ~Então nos encontramos aqui. -Concordou com a voz suave e, de repente, endireitou-se. ~Eu tenho que ir, Arius. -Disse com certo pesar e o ruivo pareceu entristecer-se. ~Eu vou voltar. -Afirmou ao notar o decaimento do garoto e este sorriu um pouco.
  -Eu sei que vai.
  ~Você deveria ir agora. Meu caminho é para o outro lado, então... -Balbuciou ao olhar brevemente para o lado oposto ao que o ruivo tinha que ir e Arius suspirou.

  O garoto olhou brevemente para o caminho que o lobo teria que seguir e depois para o caminho que o levaria até sua vila, então se aproximou de Yaze mais uma vez e o abraçou com força, porém rapidamente, para logo afastar-se e sorrir calorosamente.
  Arius exclamou um alegre "Até mais, Yaze!" e o lobo devolveu com um igualmente alegre, mas mais calmo, "Até mais, Arius", então, sem mais despedidas, o ruivo virou as costas e caminhou para fora da floresta e atravessou o riacho, sendo acompanhado pelo par de olhos atentos do lobo. O garoto olhou para trás após atravessar o riacho e sorriu uma última vez ao ver a enorme sombra do animal lá dentro, então colocou o capuz vermelho sobre a cabeça e caminhou na direção de seu vilarejo com calma e com o peito pesado de dor enquanto Yaze acompanhava-o com os olhos até o perder de vista.
  Então, segurando com força o aperto no peito e de cabeça abaixada, Arius caminhou por mais alguns minutos até ver, mais uma vez após muito tempo, seu vilarejo, e imediatamente todos os sentimentos de saudade e felicidade e tristeza o atingiram e o garoto sentiu seus olhos marejarem. Entretanto, assim que o ruivo deu mais três passos, viu uma pequena figura parar no meio de sua corrida e lhe encarar.
  Era Leana quem lhe encarava, quase petrificada, pois esta estava indo para o riacho, como fazia todos os dias, rezar pelo irmão e pedir para que ele voltasse para casa. E, assim que a pequena ruiva viu o garoto abaixar o capuz e percebeu de quem se tratava, correu o mais rápido que pôde em sua direção e Arius a abraçou com força após abaixar-se quando a viu correr.

  -Arih!!! -Leana exclamou chorosa enquanto apertava o mais forte que conseguia o irmão. -Eu sabia! Sabia que você ia voltar!! -Exclamou sem conter o choro de felicidade e Arius chorou junto, apenas abraçando a irmã. -A mamãe! Ela e todo mundo pensam que você morreu! Vamos! Temos que mostrar para a mamãe que você está bem! -Leana falou agitada ao separar um pouco o abraço e o ruivo mais velho sorriu para si, fazendo-a chorar mais, pois havia muito tempo que a pequena não via o sorriso caloroso do irmão. -Arih...!! -Murmurou e o abraçou mais uma vez.
  -Eu sei, Lea... Eu sei. Me desculpa por demorar tanto. -Pediu igualmente choroso à irmã e beijou seus cabelos. -Vamos ver a mamãe? -Perguntou ao soltar o abraço e a pequena segurou em sua mão com força, como se o ruivo fosse sumir caso não o segurasse.
  -Vamos, sim. -Concordou ao fungar o nariz e balançar a cabeça. -Ela ficou bem triste quando você foi embora... Só saiu de casa três vezes desde aquele dia e fica quase o dia inteiro deitada ou na janela olhando na direção da floresta... -A garota falou entristecida e Arius sentiu uma pontada de culpa no peito, pois não queria deixar sua mãe daquele jeito. -Mas ela vai ficar bem! Agora que você voltou, ela vai melhorar e ficar mais feliz! Tenho certeza! -Disse com um animado e belo sorriso e o ruivo mais velho sorriu junto, apertando mais forte a mão da irmã na sua.

  Então, após não muita caminhada, Arius e Leana chegaram em casa -a rua estava vazia, pois a noite já começava a cair e estava frio- e a garota abriu a porta com força, chamando pela mãe e vendo-a encarar o lado de fora da janela com o mesmo olhar melancólico e triste dos últimos meses.

  -Mãe, olha aqui! Olha aqui! -Leana exclamou animada ao correr até a mulher e virou-a bruscamente para si. -O Arih voltou, mãe!
  -O que...? -Henrietta indagou confusa e logo parou os olhos sobre o filho, sentindo a visão ficar turva de lágrimas e o peito apertar. -A-Arius? -Indagou com a voz quase inexistente e o ruivo sorriu entristecido e com os olhos molhados.
  -Mãe... -Balbuciou baixinho e a mulher levantou-se ao mesmo tempo em que o ruivo caminhava até si, então ambos se abraçaram com força. -Mãe!
  -Arius, meu filho! Você voltou! Está mesmo aqui? É verdade? -A mulher indagou chorando enquanto apertava e tocava o garoto, sentindo seus cabelos macios e bagunçados -e um pouco maiores do que lembrava- e seu corpo quente e um pouco mais firme e maior do que da última vez que o abraçou. -Meu filho!!
  -Eu estou aqui, mãe! Estou aqui! -Exclamou em meio ao choro, inspirando o odor confortável que sua mãe sempre teve e do qual sequer percebera que sentia falta.
  -Como...? Quando...? O que houve? Por que ficou fora tanto tempo? Você não havia ido... lá? -Henrietta indagou ao afastar seu corpo, encarando, ainda chorando, os olhos cor de mel do filho.
  -É uma longa história, mãe, e acho melhor eu contar quando o pai chegar. -Arius disse com um sorriso fino e a mulher o abraçou mais uma vez.
  -Fico feliz que você esteja aqui, querido. Eu rezei tanto e supliquei tanto aos Espíritos para que você voltasse para casa, meu filho. É quase um sonho ter você aqui outra vez! -Henrietta exclamou sorrindo em meio às lágrimas e o ruivo apenas a abraçou mais forte.

  Então, assim que Arius e sua mãe separaram o abraço cheio de saudades, Henrietta disse que ia preparar algo para o ruivo comer, pois deveria estar morrendo de fome, e a dupla de irmãos sentou-se à mesa, com Arius tirando as armas que carregava nas costas e as apoiando ao seu lado, tendo os olhares curiosos de sua mãe e irmã sobre os objetos.

  -Onde conseguiu essas armas? -Henrietta perguntou enquanto arrumava a mesa e acendia alguns lampiões ao redor, pois estava cada vez mais escuro.
  -Elas são... de uma pessoa que eu conheci. -Arius disse com um sorriso nostálgico ao tocar nos objetos e Leana encarou-o curiosa.
  -E esse colar bonito? Posso experimentar? -A pequena ruiva indagou movendo a mão naquela direção e o garoto protegeu o colar com as mãos no mesmo instante em que se afastava, deixando sua mãe e irmã surpresas pelo ato repentino.
  -Ah, desculpem... É só que... esse colar é... é muito importante para a pessoa a qual pertence e eu tenho que protegê-lo. -Disse com o olhar intenso sobre a pedra e o objeto brilhou um pouco, espalhando um conforto e calor pelo peito do ruivo.

  Sua mãe foi a primeira a notar o que era a sombra de sentimento que estava em seu olhar e sorriu discreta com sua constatação, realmente feliz por seu filho, mas logo seus pensamentos mudaram quando ouviu a porta da casa ser aberta e viu Linus passar pela mesma.
  O homem bateu rapidamente os pés no chão para tirar a sujeita e olhou na direção da mesa, vendo Henrietta, Leana e, para sua surpresa, Arius, o qual estava sentado ao lado da irmã e o encarava com saudade.

  -Arius? -Linus indagou com os olhos arregalados e o ruivo levantou-se de imediato, caminhando apressadamente até seu pai e abraçando-o com força.
  -Pai! -Arius exclamou com os olhos cheios de lágrimas e sentiu o homem abraçá-lo com ainda mais força.

  E logo Henrietta e Leana foram até os dois e os abraçaram, todos reunidos outra vez e gratos por Arius estar ali, finalmente em casa.













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Novamente agradeço pela sua atenção e peço desculpas por qualquer erro aqui cometido.

A Maldição do LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora