Hana
Eu acho que deveriam pagar um prêmio por destruir uma raça perigosa e que é um risco para humanidade. As pessoas deveriam ser incentivadas a exterminar as pestes. Eu deveria fazer isso, com certeza eu deveria. Matar o Rico seria livrar o mundo de uma substância tóxica que é capaz de entrar em nosso cérebro e causar distúrbios. Se alguém como eu está sendo afetada patologicamente por ele, o que falar das pobres mulheres sem preparo físico e psicológico?
Eu sei que eu fui uma menina má por grande parte da minha vida, sei que aprontei com meus irmãos de maneira cruel, principalmente o pobre do Heron. Quando ele nasceu senti como se ele estivesse roubando o meu lugar. Não foi uma ou duas vezes que eu roubei sua chupeta e joguei fora. Eu tomava sua mamadeira escondido da mamãe e o Hugo mesmo sendo mais velho teve que aturar as vezes que eu sabotava ou roubava sua lancheira, furava o pneu da sua bicicleta, eu fiquei possessa quando ele ganhou uma maior e mais bonita que a minha. Eu roubava a bola e seus carrinhos, na verdade eu queria estar no meio deles e seus amigos. Quando ele me impedia eu roubava seus brinquedos e escondia. Foi daí que surgiu o meu apelido de pivete que eles usam até hoje. No fim das contas eles sofreram comigo e como eu era a menina, no fim das contas, nem eles nem meus pais conseguiam me castigar o suficiente. Por esse motivo até hoje assumo que não tenho muitos limites no que faço.
Cresci sendo paparicada e protegida por meus irmãos e admirada por minhas amigas. Eu era a destemida, me destacava de todas por aprontar muito na escola, na rua, era a primeira a bater a campainha das casas, atirar bexiga cheia de água nos pedestres que passavam debaixo da casa da Júlia. Das minhas amigas, eu fui a primeira a beijar um menino e também a primeira a me entregar sexualmente ao namorado. E aí, depois disso cresci sendo aquela que todos os garotos queriam namorar, mas só por isso, eu nunca ficava com qualquer babaca, eu só queria os que eu precisava conquistar e depois que conseguia, perdia a graça.
Por esse fato nunca fui de me prender a ninguém. Minhas amigas me veneravam por minha coragem de abordar qualquer garoto que queria e mesmo assim, nunca tive que viver rastejando atrás dos caras e muito menos ficar destruída por uma paixão não correspondida. Eu me tornei uma mulher dona de mim. Que mesmo quando não estava tão bem como quando perdi meu pai, fazia questão de me mostrar bem, fingia estar no controle e ser inatingível.
Por isso, quando aparece um cara que toca em um ponto que jamais eu permitir que tocassem, eu quero matá-lo. Quero destruir tudo que me faz fraquejar, quero aniquilar o que ameaça a minha fortaleza, que construí por muitos anos.
Eu não gosto de como meu corpo reage a seu jeito despreocupado de ser. De como parece inerente dele ter um corpo que exala uma masculinidade tão natural, sem esforço. De como aquele olhar manhoso e aquela coçadinha na nuca tão enganosamente inocente contrasta com a forma que seu corpo grita pecado e luxúria. Eu odeio isso. Odeio perceber essas coisas, odeio ter que ficar perto dele e principalmente odeio que dessa vez ao invés de destruí-lo, tenho que ajudá-lo.
Assim que eu chego à casa da Manu o som que escuto vem da piscina. Eu a encontro estirada numa cadeira de sol. Tem mais dois caras na churrasqueira, uma mulher preparando alguma bebida e outros dois na piscina.
— Gostosa... — falo quando sento ao seu lado e vejo suas belas curvas escancaradas em um biquíni vermelho — não é por nada não, mas hoje é terça- feira. — Provoco.
— Não tenho culpa que a gente, diferente dos outros mortais, podemos descansar na semana, mesmo que isso custe trabalhar no fim de semana.
— Isso seria muito injusto se o meu trabalho também não me desse essa flexibilidade. Às vezes também preciso estar na ativa quando muitos descansam. A sorte é que eu gosto tanto do que faço que nem percebo que estou trabalhando, exceto, é claro pelo seu irmão. Ele vai me dar trabalho.
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Meu Prazer (Liga Do Sucesso - Livro 2) Degustação - Livro Independente
RomanceO que você faria se te privassem do seu maior prazer? Hana Bernard, sexóloga da Liga do Sucesso chega a Goiânia para um trabalho desafiante: Tratar um cantor com a vida sexual desregrada. Por ironia do destino, o primeiro encontro com o seu cliente...