Capítulo 8

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Hana

Eu sabia que seria repreendida pelas minhas ações, mas fazer o quê? Já aconteceu e não tem como voltar atrás. Também não decidi ainda se evitaria o que aconteceu. Tudo pode ter se transformado num bendito abacaxi para descascar, mas ter o melhor sexo da minha vida, em vinte e oito anos não é algo que se possa arrepender. O fato é, mesmo com esse desafio à minha frente, pode ter certeza que aqueles orgasmos valem cada problema que estou enfrentando e ainda vou enfrentar.

Depois de vestir um biquíni, decido aceitar o convite da Manu. O calor está infernal, essa época do ano, fim do mês de novembro, é muito quente aqui em Goiânia. Sem contar que o ar ainda está bem seco.

Quando chego à área da piscina vejo que o churrasco já se transformou em uma festa. Há uma roda ao redor dos instrumentos, cada um toca uma coisa. Com certeza o grupo que está reunido aqui é parte da banda e amigos que compõem o grupo do Rico. Quem está com o microfone na mão é a Manu. Eu fico um pouco mais distante apenas acompanhando o show que eles dão. Manu está cantando com sua voz maravilhosa, até gravei o refrão:

Deixa, deixa mesmo de ser importante
Vai deixando a gente pra outra hora
E quando se der conta já passou
Quando olhar pra trás já fui embora...

Depois de acompanhar a Manu cantando por dois momentos eu acho que eu não estava dando o valor que a música sertaneja merecia. Não quero que ela pare de cantar. Não compreendo porque essa mulher ainda não está na carreira de cantora?

As músicas continuam em um ritmo animado, sou servida de bebida, opto por ficar sem álcool e até me arrisco a tomar um banho de piscina. A tarde começa a ser substituída pela noite, a música dá uma pausa para a galera se abastecer de comida e bebida e a Manu resolve me fazer companhia na piscina. A água é aquecida e não dá vontade alguma de sair.

— Cada vez mais me apaixono por sua voz, por sua música e quero montar um fã clube para te levar a cantar.

— Eu já desisti dessa carreira. A do Rico foi transtorno demais para nós, não vale a pena insistir em trazer mais problema para a nossa família que já tem encrenca de sobra.

— Por que a carreira do Rico foi problema?

— Nosso pai nunca aceitou que seu filho deixasse tudo para viver de música. Se eu entrar nessa também é capaz dele enfartar. Não quero aumentar ainda mais o problema

— Poxa... mas vocês fazem sucesso, pelo que andei pesquisando, são conhecidos no Brasil todo. Ele deveria se orgulhar.

— Quanto mais sucesso a gente faz, mas ele se afasta, sabe aqueles animais xucros? Ele é exatamente assim, cabeça dura e orgulhoso. Há anos os dois não se falam, o pior é que eu sei que os dois sofrem. A vida do Rico não foi nada fácil, ele cresceu sem mãe, não quis o que o pai impôs. Ele conseguiu tudo por ter muita coragem. Eu não tenho a mesma que ele.

— Que coisa! Não imaginava.

— É... mas vamos mudar de assunto, quero saber como está pretendendo colocar um freio no meu descarado? — ela pergunta enquanto saímos juntas da água e me dirijo para a cadeira para pegar a toalha. A Manu continua falando alguma coisa mas meu cérebro não consegue acompanhar mais. Tem um par de olhos verdes perseguindo meus passos. Eu podia jurar até que a cor verde já está mudando para um tom tão vermelho quanto os pelos que cobrem a cabeça e a face de seu dono. Ele aperta um lábio contra o outro, não sei por que motivo exatamente, mas suspeito que seja uma forma de se controlar porque ele não consegue disfarçar algo mais profundo que o afeta, algo como o desespero.

Meu Prazer (Liga Do Sucesso - Livro 2) Degustação - Livro IndependenteOnde histórias criam vida. Descubra agora