Capítulo.⁠。°'²² • Quando tento ir até você, algo me impede de partir.

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Nesta manhã, era uma daquelas em que eu estava parada, olhando pela janela de vidro da sala de Kibum. Havia se passado alguns dias desde a morte de Jonghyun e todos, de alguma maneira, estavam fazendo o possível para continuar prosseguindo. Não estava sendo diferente para mim, mas sentia que, de alguma maneira, havia perdido a minha essência de viver. Tudo que acontecia ao meu redor não fazia o menor sentido e, aos meus olhos, as coisas eram repetidas e estranhas.

Lá fora, o sol sorria alegremente, banhando os pedestres, e todos pareciam estar conseguindo prosseguir com suas vidas. Mas eu sentia que, a cada instante, estava mais longe de mim e mais perto de me entregar à tristeza e saudade que me envolviam.

O sorriso que outrora tinha em meus lábios quando Jonghyun ainda estava vivo havia sumido com a ida dele. Qual era o sentido em sorrir? Se ele não estava aqui para apreciar a felicidade junto comigo.

Enquanto observava as pessoas que passavam, imaginava que entre elas Jonghyun estaria, mas era apenas uma mera ilusão que minha mente criava para escapar da realidade. E aquele sonho ruim continuava a cada dia. Mesmo se eu quisesse acordar deste pesadelo, nada mudaria e ele não voltaria para mim.

Tentava de todas as maneiras não acreditar nesta triste realidade que batia de frente comigo, e o meu subconsciente criava ilusões para tentar escapar desta dor que me agarrava e me machucava.

E finalmente, durante estes dias, a ficha havia caído e estava difícil aguentar este sentimento de saudade que a ausência de Jonghyun deixou.

Mesmo se eu chorasse ou gritasse, a minha dor não desapareceria e ele não voltaria. E tudo que eu queria naquele momento era saber o porquê de Jonghyun ter feito isso? Mas ele levou a resposta consigo, deixando apenas questões.

A dor que sentia dentro de mim dilacerava o meu coração, fazendo tudo ficar doloroso demais para suportar. Até mesmo os meus pensamentos me torturavam com a imagem do corpo sem vida de Jonghyun.

Mas, à medida que me aprofundava neste mar, Kibum de alguma forma conseguia me trazer de volta à superfície, tirando-me dos meus pensamentos.

— Annie, você está bem? — Olhei para o lado e Kibum me olhava com uma expressão que parecia preocupada.

— Não se preocupe, eu estou bem. — Nublei minha tristeza com um sorriso e Kibum logo soltou um suspiro profundo e bagunçou os meus cabelos.

— Que bom, então eu vou ali comprar manteiga, já que acabou e eu não consigo viver sem. Se você não se sentir bem, é só me ligar. O meu número está marcado naquela folha ali — Kibum apontou para a mesa, onde havia uma folha de papel e um celular. Olhei para ele e sorri.

— Certo.

— Então, eu já estou indo. Se cuida enquanto eu estiver fora — Acenei e ele deu um meio sorriso antes de sair pela porta. Fiquei parada ali perto da janela por alguns minutos, até que Kibum estivesse longe o suficiente para não me ver. Me levantei, peguei o celular e salvei o número. Em seguida, fui para o lado das mensagens e escrevi.

“Agradeço por tudo que fez por mim, mas eu não consigo suportar isso. Eu juro que estou tentando, mas é doloroso demais viver num mundo onde o Jonghyun não existe. Eu preciso ir, espero que você me entenda. Adeus.” Depois de enviar a mensagem, desliguei o celular. Não esperaria por uma resposta.

A falta dele era imensa e, para todos os cantos que olhava à procura de algo que fizesse a minha alma e coração pararem de doer, não encontrava nada além do vazio e solidão.

— Jonghyun, eu quero te ver novamente, ouvir sua voz, ver seu sorriso e sentir mais uma vez o calor do seu abraço.

Mas o que eu poderia fazer? Ele já tinha ido, e mesmo se eu desejasse do fundo do meu coração, não havia como Jonghyun voltar.

Apenas me deixe ir •  ᝰ'Jonghyun゛Onde histórias criam vida. Descubra agora