Capítulo.⁠。°'¹⁵ • Última consulta, seja honesto comigo você me entende?

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Já dentro do carro, agora decidi não mirar o espelho. Queria evitar ver o meu miserável eu que sempre se refletia.

Neste meio tempo, minha mente viajou até Annie e, de repente, nossas memórias juntos se refletiram em minha mente, tornando-se o que me mantém aqui. Era isso que estava me fazendo prosseguir, até que senti mãos geladas em meu ombro. Quando olhei para o lado, lá estava ela, me observando de perto. A depressão, com seu típico sorriso, deu uma apertada em meu ombro e disse: "Já está na hora de ficarmos juntos.

Quando despertei, um clarão dificultou a minha visão. Por impulso, virei o volante para a direita, desviando da morte. Dos pneus do meu carro saiu um barulho ensurdecedor, que me fez sentir uma dor aguda nos ouvidos. Quando pisei no freio e parei o carro, suspirei profundamente.

- Foi por pouco, quase que meu carro, junto comigo, fosse de encontro aos portões do céu. - Fiquei com o carro parado em um canto da rua, na tentativa de me recuperar do susto. Depois que minhas mãos pararam de tremer, voltei a dirigir e, sem perceber, já estava em frente à clínica.

Estacionei meu carro e desci logo em seguida. Andei até a porta do consultório, empurrei-a e entrei. Lá estava a recepcionista com seu famoso sorriso e celular. Cumprimentei-a e a questionei:

- Com licença, será que já posso entrar? - Ela me olhou e deu um sorriso amistoso. Eu, por outro lado, continuei neutro.

- Sim, o doutor Jiho está lhe esperando.

- Obrigado. - Assim que terminei de falar com a recepcionista, caminhei em direção ao corredor e meus olhos caíram sobre a última porta, que era a do psicólogo. Bati na porta e esperei até que o médico desse uma resposta. Quando penso desta forma, parece que sou um moribundo, mas a minha doença era diferente e não afecção, só me mata aos poucos.

- Pode entrar. - Mas assim que ouvi a voz do médico, uma careta se formou em meu rosto. Quando entrei, lá estava ele, sentado. Diferente do antigo psicólogo, este tinha uma aura escura e pesada. Me sentei na poltrona macia e ele ficou olhando para mim.

- Por que não começamos com esta pergunta: como está se sentindo agora? - Olhei para ele fixamente e deixei um suspiro escapar de meus lábios, que continha todos os pesos que estava carregando.

- Perdido, sem saber para onde ir, acho que me sinto meio vazio.

- Vazio?

- Sim, eu não sinto nada. É como se todas as minhas emoções estivessem de alguma forma adormecidas ou mortas, algo assim. Tipo, eu não me importo mais, sabe? Eu preciso parar.

- Parar com o quê?

- Eu preciso parar com tudo.

- Mas isso não é uma razão para você querer parar. Você tem que entender que todo mundo passa por isso. Poderia me dizer qual é o motivo de você querer parar e por que dói tanto? - Naquele momento, meus olhos por um instante deslocaram-se, mas tratei de voltar à minha realidade e o encarei e disse: Eu sei muito bem. Estou me machucando por causa de mim. É tudo culpa minha, porque nasci desse jeito, doutor. É isso que você queria ouvir?

- Sr. Kim Jonghyun, você não acha que a culpa é da sua personalidade? - O psicólogo ficou me olhando e, ao mesmo tempo, gravando o que eu dizia. Mas quando o senhor Jiho me disse, com aquela voz calma, que é por causa da minha personalidade, pensei o quão fácil era ser um médico.

- Por favor, deixe de me dizer coisas que você não entende. Você me pede para descobrir por que estou tendo dificuldades. Eu já disse várias vezes o motivo. Não posso estar tão triste por essas razões? Eu preciso ser mais específico e dramático? Preciso ter melhores motivos? Eu já te disse. Você estava realmente ouvindo? Não importa o que eu diga, honestamente as pessoas só me julgariam. Só por um minuto pensei que talvez pudesse vencer isso, mas vejo que não tem como vencê-la. Não tenho mais nada a dizer.

Após isso, levantei-me e, ao me retirar, o médico também se levantou e apertou um botão vermelho. Naquele instante, entendi que ninguém poderia realmente se colocar no meu lugar, abrir a porta e sair correndo para fora daquele lugar, batendo a porta atrás de mim. Quando saí lá fora, olhei para cima e vi que o céu estava cinza, denunciando que iria chover.

Entrei dentro do carro, liguei-o e saí dali o mais rápido possível, em alta velocidade. De repente, meus olhos ficaram inundados com lágrimas de solidão, que molharam o meu rosto. Agora, longe dali, parei e desci do carro. Ergui os meus olhos para o alto e olhei para o céu. E assim como eu, o céu estava chorando.

Mesmo que eu queira que aquela dor desapareça, minhas preces não seriam atendidas. Agora, meu objetivo tinha mudado. Antigamente, era fazer todos ao meu redor felizes. Mas de que adianta fazer os outros sentirem a felicidade se estou longe de alcançá-la? Meus sentimentos se perderam dentro desta depressão. Agora, sem sair, não tenho para onde me abrigar da tempestade que faz minhas emoções vibrarem e calarem. Os pingos da água me molhavam e, em seguida, meus joelhos perderam a força e foram de encontro com o chão.

"Eu só quero ser livre e feliz, será que é pedir demais..."

Apenas me deixe ir •  ᝰ'Jonghyun゛Onde histórias criam vida. Descubra agora