Não consegui adormecer no carro, e minhas roupas secaram em meu corpo. O som de buzina me fez despertar rapidamente de meus pensamentos. Quando olhei, era apenas um caminhão que passou rapidamente. Continuei a escrever naquela folha todas as angústias que vivi. Coloquei naquela carta, já que não havia contado para Annie sobre o que estava acontecendo comigo. Mas agora ela poderia, de alguma forma, saber através desta mensagem escrita. Compreenderá que não foi por culpa dela. Mas é apenas minha culpa que venho sofrendo. Não suportaria que Annie se culpasse por minha escolha.
Era minha escolha, e ela não tinha culpa. Não queria envolvê-la em meus problemas, por isso não contei sobre a minha depressão. Depois de terminar de escrever, dirigi o carro até a casa de um amigo. Só ele poderia fazer isso. Se eu desse na mão de outro, poderiam descobrir o que eu estava pretendendo fazer.
E tudo iria por água abaixo quando cheguei lá. Saí do carro e agora estava em frente à porta dele. Não sabia se continuava ou simplesmente ia embora. Minha coragem tinha se esvaído. Quando estava prestes a dar meia volta, a porta se abriu e eu levei um pequeno susto.
— Jong… — Pelo semblante dele, pude notar que ele estava feliz com minha visita. Já fazia um bom tempo que não o via. Ele me abraçou tão fortemente que me senti seguro em uma fração de segundos. Tudo parece ter desaparecido e me senti feliz. Depois de uns minutos, o abraço foi desfeito.
— Olá, faz tanto tempo que não te vejo. Eu senti tanto a sua falta — disse, com os olhos marejados, olhando fixamente.
— Eu também senti sua falta. Por favor, entre para conversarmos. — Ele me deu espaço para passar. Assim que entrei, fechou a porta logo em seguida atrás de si. Ele me guiou até o sofá e nos sentamos. A casa continuava igual ao primeiro dia em que vim.
— Você continua o mesmo do primeiro dia em que nos conhecemos. Acho que eu fui o único que mudei. — A tristeza nublou minhas feições. Eu realmente tinha mudado e isso me fazia sentir extremamente angustiado.
— Talvez para as outras pessoas, você tenha mudado, mas para mim, você continua o mesmo de sempre, aquele que me fazia sorrir com suas brincadeiras.
— Como sinto falta dos momentos em que nos divertíamos com coisas simples, que hoje em dia não têm mais sentido. — E um sorriso amargo se formou em meu rosto.
— Sim, é verdade. Mas me pergunto o que mudou, ou melhor, o que te fez mudar? — A pergunta que Beon fez me pegou desprevenido.
— Não sei, ou talvez eu saiba e não queira dizer. — Eu não poderia dizer para ele, não queria sobrecarregá-lo com meus problemas. Todos, de alguma forma, ficam cansados de mim.
— Você está sendo muito misterioso em suas palavras. — Ele ficou meio pensativo, mas logo tratei de mudar de assunto.
Conversamos por um bom tempo, relembrando as coisas do passado. Algumas me faziam sorrir, outras apenas me deixavam triste.
— Eu preciso que você me faça um favor.
— Certo, o que seria? — Ele me encarou como se quisesse ver algum vestígio estranho em meu semblante, mas me mantive neutro.
— É apenas um pequeno favor, não irá tirar muito do seu tempo. Eu preciso que você entregue esta carta para esta garota quando for a hora certa. — Mostrei a foto de Annie e, em seguida, lhe dei a carta. Os olhos dele se estreitaram.
— Por que você mesmo não entrega? — Me disse, e sua expressão ficou cada vez mais desconfiada.
— Por que não vai dar para mim fazer isso? — Pronunciei, tentando convencê-lo a fazer isso para mim.
— Mas por que não vai dar? — Mais Beon continuou tentando tirar alguma informação de mim.
— Porque estou muito ocupado, é por isso que não vou conseguir entregar a carta. Por favor, apenas isso, não vou te pedir mais nada. — Depois de insistir mais uma vez com ele, Beon me olhou e sorriu.
— Tá certo, vou fazer isso para você, só desta vez. — Quando Beon aceitou, a felicidade não nublou meu semblante; pelo contrário, havia apenas tristeza dentro de mim.
— Para quem é a carta? — Meu amigo fazia muitas perguntas. Era o jeito dele. Ele apenas estava curioso para saber. Não o culpo por ser assim.
— É para uma amiga minha. — Mesmo que Annie tenha me dito tudo aquilo, eu não conseguia fazer os meus olhos não iluminarem-se com o simples fato de falar dela.
— Entendi, você gosta dela, não é? — Por ser um amigo de infância, ele conseguia saber de algumas coisas que eu tentava esconder.
— Sim, eu amo ela muito, mas não quero falar sobre isso. — Eu não queria falar sobre os meus sentimentos agora. Se continuasse falando sobre Annie, poderia acabar desistindo de tudo o que estava prestes a fazer.
— Certo.
— Apenas entregue esta carta quando as notícias sobre mim aumentarem, ainda neste mês. — Assim que o instruí, ele me encarou sério e disse.
— Por que tem que ser logo depois de as notícias aumentarem? E por que neste mês? A não ser que seja um mês especial para você. É isso ou outra coisa? — Beon me perguntou, e a desconfiança retornou para seu rosto. Mas logo eu trataria de fazê-lo confiar em minhas palavras.
— Talvez seja um mês especial, ou não. Depende de como você vê as coisas — respondi vagamente. Depois da minha resposta, Beon me olhou derrotado e pegou a carta.
— Ok, não vou perguntar mais nada. Você não está respondendo e sim me deixando cada vez mais cheio de questões.
— Bem, eu preciso ir.
— Você já vai? Está cedo. Não importa se o momento é bom, curto ou ligeiro, ele sempre passa mais rápido do que os dias maus.
— Tenho mesmo que ir. — Me esforcei para dar um sorriso e, aos poucos, ele foi se desfazendo. Me levantei e fomos até a porta.
— Tá certo. — O abracei fortemente, na certeza de que aquele abraço era o último. Logo em seguida, nos separamos depois que Beon abriu a porta. Eu apressei os meus passos para longe, sendo ele o único que se despediu, sem saber que, a partir daquele dia, ele não iria mais me ver.
Deixei meu carro para trás e continuei andando pelas ruas, observando cada pessoa que passava perto de mim, indo para caminhos diferentes, assim como eu. Todos que passavam ao meu lado tinham um objetivo, enquanto eu me sentia vazio e sem sentido.
— Porque eu estou me impedindo de fazer isso? Talvez seja o meu coração que não quer te deixar. — Sim, era definitivamente isso. Eu não queria ir, mas precisava partir. Mesmo que isso fosse machucar Annie, eu não poderia voltar atrás. Enquanto eu vivesse, ela não seria feliz. Era a única forma de estar livre desta dor em meu coração.
“Sinto que falta alguém ou algo que eu perdi...."
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Apenas me deixe ir • ᝰ'Jonghyun゛
Fanfiction﹆ᝰ Concluindo ₊ Ao ir a uma recepção de casamento, Jonghyun conhece uma garota que desperta um sentimento que há muito não sentia e com isso ele começa uma amizade com a garota e os seus dias sem cor passar a ter cor, mas ainda sim os dias cinzentos...