O REI

1.1K 190 32
                                    

Lily

Eu observei Aaron partir ou fugir, porque do jeito que ele caminhava parecia estar fugindo. Fiz uma prece para que ele não fosse castigado por minha causa.
Nesse momento, olhei para o que ele havia colocado em minhas mãos: uma pedra colorida como o arco-íris.

Como isso poderia me ajudar? Questionava-me. Tive de rir disso.

Certo que era extremamente bela, mas ainda assim, só uma pedra multicolorida. De qualquer forma, guardei o presente.

Ainda me demorei, um pouco, para me recompor e sair do esconderijo. Tive cautela ao me aproximar da ponte elevadissa que começara a ser baixada para um carregamento entrar na capital; este seria o momento perfeito para eu sair.

Procurei ocultar-me à sombra dos animais e cavalheiros. Estava quase fora e já respirava aliviada.

-Senhorita?

Petrifiquei instantaneamente. Aquela voz? Só de ouvi-la, respirei com dificuldade.

-Então, era você?

A pergunta acusadora de Marek me arrastou de volta à realidade. Dei alguns passos, com intenção clara de fugir, ele percebeu.

- Não se atreva! - ele ameaçou.

-Suponho que eu devia me entregar de bom grado à morte que me aguarda? - ironizei voltando-me para ele e o encarando furiosamente.

Havia ali muitos soldados sob o comando dele, mas alguns, junto ao portão, faziam parte da guarda real.
Vê-los me fez ponderar numa saída capaz de salvar meu pescoço. Lembrei do presente de Aaron e apesar da ideia me parecer absurda, àquela altura, eu não tinha mais nada a perder.

Porém, não confiava na idoneidade de Marek e menos ainda de seus subordinados, então, gritei chamando o guarda real.

- Eles não podem ajudá-la!- o comandante avisou.

-Fique vendo! - deliberadamente o provoquei, enquanto torcia para não entrar numa enrascada ainda pior.

-Em que posso ser útil?- o guarda me questionou ao se aproximar.

- Estes senhores não querem me deixar passar, espero que isso encerre a questão! - disse e depositei nas mãos dele a pedra de minha salvação ou escárnio.

Fiquei observando a reação deles. Assim que Marek viu do que se tratava, ficou lívido e agarrou-me pelo braço, exigindo uma explicação.

-Onde conseguiu isso? Acaso roubaste? Responda!

- Eu não roubei nada!- defendi-me.

"Céus, onde fui me meter? Aaron, o que você fez?"

Contudo, o olhar do guarda real não era de acusação, mas de absoluta confusão.

-Solte-a comandante!- exigiu - Não tem como ela ter roubado uma jóia da coroa e se ela a tem em mãos, nós dois sabemos o que isso significa.

"O quê? No que me meti agora?"

Meu queixo quase caiu. Ou eu estava salva ou muito encrencada.

O comandante ainda estava aferrado ao meu braço, o que fez o outro chamá-lo de volta à razão.

-O senhor vai soltar a noiva favorita do rei ou prefere reportar sua conduta diretamente a ele? Garanto que se ela sofrer um arranhão sequer, estaremos em apuros.

"Favorita? Do que ele estava falando?"

Marek afrouxou a mão.

-Isso não vai ficar assim!- Ameaçou-me baixinho antes de me soltar.

IMPUROSOnde histórias criam vida. Descubra agora