EU POSSO AMÁ-LO

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Lily

A conversa com John foi pior do que eu esperava. Pensei que ele entenderia o porquê de tudo que fiz, mas ele ficou bravo. Isso me deixou arrasada.
Claro, não me arrependo de nada, inclusive, faria tudo de novo. Talvez ele esteja apenas confuso, afinal ele tentou me beijar.
Que papo foi aquele? Ele é como um irmão para mim, isso não fez sentido algum.

Quando saí de lá, não imaginava encontrar Markus à minha espera.
Rapidamente tentei esconder as lágrimas, mas ele não deixou passar batido.

-Não saiu como você esperava?!

Poxa, ele tinha que compreender as coisas tão facilmente?
Apenas me encolhi e mantive silêncio. Não necessitava resposta para aquilo que ele já sabia.
E sim, ele entendeu minha postura e simplesmente passou o braço em volta de mim e me puxou para o aconchego de seu corpo.

-Dê um tempo a ele! Vocês passaram por muita coisa...

Suas palavras aqueceram meu coração e me apertei ainda mais contra ele, procurando absorver ao máximo aquela sensação de segurança que ele me transmitia.
Markus me levou para seus aposentos e ao contrário da sessão de libertinagem que eu imaginava, ele apenas me deixou ali sozinha.
Provavelmente soube que eu precisava de um tempinho só para mim.
Sua atitude me fez admirá-lo ainda mais.

É óbvio que eu não sairia ilesa desse cuidado todo e a noite ele veio cobrar seu preço e juro que que adorei pagar cada "centavo" dessa dívida, mesmo meu corpo ficando todo moído. Aliás, eu estava só o pó.
Céus, que homem era aquele?!
Não sei quanto tempo isso duraria, mas eu aproveitaria cada minuto.
Eu seria feliz, mesmo que fosse por pouco tempo.
Afinal, eu não acreditava que ele levaria adiante essa ideia de me ter como sua rainha.

Na manhã seguinte, as coisas estavam bem mais tranquilas e Anne trouxe John para falar comigo no escritório real.

-Você está péssimo!- falei ao ver a cara dele de quem não dormiu.

-Você também não está nos seus melhores dias com essas olheiras de panda...

Alisei o rosto, ciente de que ele estava exagerando; minha pele nunca esteve tão boa quanto agora.

-Culpa do rei que não me deu sossego!- disparei com um sorriso bobo.

Porém, ele pareceu não entender as entrelinhas e ficou sério.

-Ele tem machucado você?!

Ele me pergunta, obviamente preocupado, posso sentir a tensão emanando dele.

-Eu sinto muito, Lily! Tudo isso é culpa minha... O rei te obrigar a isso...

-O quê?! NÃO, NÃO! Você está entendendo tudo errado, o rei não está me obrigando a nada, - seguro o rosto dele obrigando-o a me encarar- olhe para mim, John... você saberia se eu mentisse, você me conhece!  Markus tem sido muito bom comigo...

-Mas você me disse que esteve com ele para me salvar...

-Sim, sim! Mas não fui obrigada a nada, ele não me machucou... Descobri que ele é muito diferente do que Marek nos fez acreditar...

John se sentou à minha frente; seu olhar criterioso sobre mim indicava que ele procurava qualquer indícios de que eu estivesse mentindo, mas então seu olhar se suavizou.

-Quer dizer que você está transando com o rei por livre e espontânea vontade?!

Mas que merda!
Eu não esperava uma pergunta tão direta.
Senti minhas faces queimarem de vergonha, ainda mais por lembrar tudo que eu tinha feito na noite anterior.

-Sim!- resmunguei.

Ele riu.
Aliás, o filho da mãe, gargalhou alto.

-Olhe, confesso que tô com ciúmes, porque eu queria que fosse eu e não o rei metido, mas saber que Marek é corno não tem preço.

Dessa vez, eu não me aguentei e cai na gargalhada também.

-O miserável deve está se curvando na porta para conseguir passar com os chifres...

Misericórdia. Agora eu ria tanto que minha barriga começou a doer e lágrimas escorrer de meus olhos.
John era assim, sempre conseguia me fazer sorrir, mesmo nas horas difíceis, o que não era o caso agora.
De repente, o rei entra no recinto com toda sua pompa e me encara com um olhar curioso.
John se empertigou imediatamente.
Já eu, tentei engolir o riso, o que só piorou a situação.

-Para, Lily...- Meu amigo praticamente implora.

Aposto que ele teria chutado minha canela se o rei não estivesse ali.
Mas eu simplesmente não conseguia tirar da minha cabeça a imagem de Marek com longos chifres na cabeça tentando passar numa porta.
Desabei a rir sem limites, enquanto John ficava vermelho.

-Amo o seu sorriso...

Quando o rei falou isso, me engasguei e comecei a tossir Covulsivamente.
Mas que droga!
Senti os dois homens ao meu lado, cada um puxava um dos meus braços para cima, como se eu fosse uma boneca de pano, enquanto eu tentava respirar.
É claro que isso só piorou a situação, meu ataque de riso ficou pior.

A cena devia ser cômica, os dois me segurando feito boneco de ventríloquo, enquanto eu ria e tossia feito uma louca. Minha barriga estava doendo e eu quase desmaiando.
Senti-me ser erguida do chão.
Markus havia me pegado no colo, agora claramente preocupado com minha loucura.

-Vou levá-la a um curandeiro...

-E...e...eu estou bem!- consegui proferir.

Os dois me encararam ao mesmo tempo.
Finalmente eu estava conseguindo me recompor.

-Tem certeza, Lily?!

Meu amigo questionou.

-S-sim! Pode me pôr no chão! - pedi olhando para Markus, que apenas arqueou uma sobrancelha e ali eu já sabia que ele não acataria meu pedido.- Por favor, eu não sou um bebê...

-De modo algum!- ele negou- você vem comigo!- Ele diz se dirigindo à porta e então se volta para John e diz- Você também!

-O quê?! Não, não! Não quero fazer parte disso.- ele diz ficando vermelho.

-Como?! Não quer vir tomar o desjejum conosco?!- o rei parece confuso.

John fica envergonhado e eu desato a rir de novo.
Que mico!
Ele achou que o rei o estava chamando para um "ménage à trois".
Que horror!
Meu amigo nos segue em silêncio, enquanto eu rio e tento descer do colo do rei, que aproveita para me bolinar.
Esse homem não me dá trégua.
Pior que gosto e fico imediatamente acesa.
Confesso que posso amá-lo.
Deus, nunca fui tão bem tratada e cuidada assim por um homem.
Isso faz eu me sentir tão viva.

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