Capítulo 21

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Victoria Furlan
Eu escuto tudo, desde o choro da minha filha até a linda voz do meu marido cantarolando em meu ouvido. Mas parecia que eu tinha perdido as forças, e por mais que eu me esforçasse, meus olhos não se abriam.

(...)

Acordo meio perdida. Aos pouco, vou me lembrando dos últimos acontecimentos, e sorrio realizada. Varro o quarto com os olhos, e estou sozinha. Logo percebo a falta da minha barrigona de grávida. Aliso minha barriga, e apesar de não estar chapada do jeito que era, está murcha. Procuro por um botão ao lado de minha cama, em meio de tantos aparelhos, e acho um botão vermelho para chamar as enfermeiras. O aperto, e logo uma moça de cabelos negros entra em meu quarto.

-Cadê minha filha? - questiono logo de cara.
-A bebê está na maternidade, e logo trazeremos ela até aqui - diz simpática.
-E meu marido? - pergunto ansiosa.
-Vou chama-lo - diz saindo do quarto.

Aguardo ansiosa, e o que na verdade devem ter sido apenas alguns minutos, para mim foi uma eternidade. Arthur entra no quarto sorridente, o que me faz sorrir instantaneamente. Ele vem até a cabeceira da minha cama, segura minhas duas mãos e as beija repetidas vezes.

-Senti tanto medo de te perder - diz emocionado.
-Eu também meu amor - digo o olhando emocionada.
-Nossa filha é tão linda - diz orgulhoso.
-Quero tanto vê-la! - digo empolgada.
-Logo vão traze-la aqui para você amamentar - fala colocando uma mexa de cabelo atrás da minha orelha.
-E meus pais? - pergunto.
-É que na verdade, agora já está bem tarde - diz coçando a barba invisível - mas eles passaram a manhã toda aqui, desde o nascimento da Lua. Eles já a viram na maternidade, assim como meus pais - diz sorrindo.
-Dei muito trabalho? - questiono fazendo uma careta.
-Nããão, só quase me matou do coração - diz irônico e depois dá uma risada - você teve uma parada cardíaca na sala de parto, mas logo depois conseguiram te reanimar - fala sério.
-Que bom né! Quero viver muitos anos ao seu lado, e ao lado de nossa filha - falo sorrindo.
-Olha quem veio visitar a mamãe - diz a enfermeira entrando no quarto com minha pequena Lua nos braços.

Fico olhando para aquele embrulhinho rosa, até a enfermeira depositar minha filha em meus braços. Não retenho as lágrimas de felicidade. Meu coração bate rapidamente quando seus olhinhos encontram os meus, aliso seu cabelinho levemente, e deposito um beijo em sua testa. Puxo sua mãozinha que estava dentro da coberta, e vejo a perfeição de seus minúsculos dedinhos.

-Baby para de chorar, vai afogar nossa filha com suas lágrimas - diz Arthur sorrindo.

Acabo sorrindo junto, e seco meus olhos. A enfermeira me orienta como dar a primeira amamentação, e no começo dói um pouco, mas logo se torna uma sensação maravilhosa. O laço que nos une parece mais forte agora, e é um momento tão nosso, que sinto como se estivesse só nos duas aqui nesse quarto de hospital. Luara suga meu seio faminta, e eu sorrio do seu desespero.

-Parece que a mocinha estava faminta - diz a enfermeira - agora que você sabe como fazer, vou deixar a família a sós - fala saindo do quarto.

Continuo amamentando minha filha, que não demora à ficar satisfeita. Ela solta o peito, e faz uma carinha feliz, e sonolenta ao mesmo tempo, e logo fecha os olhos, entrando em um sono profundo. Coloco meu peito de volta ao sutiã, e ergo um pouco Lua em meu colo para arrotar.

-Você nem parece mãe de primeira viagem - diz Arthur me olhando.
-Aé? Que bom né! Quero ser a melhor mãe do mundo - digo rindo.
-Você vai ser, eu tenho certeza - diz sorrindo.

Ficamos um tempo com a nossa filha, pensando no futuro, em como nos sairemos nesse desafio em ser pais.
Mais tarde a enfermeira veio pegar a minha bebê, para levar ela de volta à maternidade. Quase chorei de tristeza, queria Lua o dia todo em meu colo. Arthur dormiu comigo mais um dia, e logo após o dia amanhecer recebi inúmeras visitas, desde familiares, até meus amigos e amigos do Arthur. Eu estava adorando toda aquela atenção, mas já queria ir embora, estava com saudades da minha casa.

Cansei de ser boazinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora