Capítulo 4

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Victoria Furlan

Terminei meu dia de trabalho e fui pra casa. Não estava muito cansada pois só tinha trabalhado meio período, já que durante a manhã tinha passado com o advogado. Cheguei no hotel e estava sem um pingo de sono. Resolvi descer e caminhar pelo playground, pela área da piscina, etc. Vesti um biquíni daqueles que eu usava na época da faculdade, e que depois que me casei, eles ficaram esquecidos na gaveta, por ordem de Lorenzo. O biquíni era cortinha nas duas peças, e tinha uma coloração meio avermelhada, meio rosa. Contrastava bem com minha pele branquinha. Ainda não estava totalmente confortável com seu uso, pois na época em que eu o vestia, eu era uma vara, agora eu estava bem cheinha, mas mesmo assim eu o coloquei. Vesti por cima uma saia jeans curta, e uma regata. Coloquei uma Havaianas e desci. Tudo estava bem movimentado, com o calor infernal ninguém aguentava ficar no quarto. Caminhei por uns 40 minutos, só olhando as áreas de lazer, quando parei eu estava pingando suor. Fui pra piscina e dei um mergulho rápido, só pra refrescar. Depois vesti a roupa por cima do corpo molhado mesmo e subi. Já me sentia cansada o suficiente pra tomar um banho e dormir. E foi assim que fiz. Tomei um banho morno e vesti um pijaminna fresco. Liguei o ar condicionado do quarto no máximo, pois queria sentir frio. Depois de um tempo o quarto se tornou em um gelo. Me joguei debaixo de um manta geladinha e dormi.

Acordei preguiçosa, me esforcei para me arrumar logo e saí para o serviço. Hoje tinha apostado em um dos meus antigos saltos, que também tinham ficados esquecidos no fundo do guarda roupa, pois Lorenzo julgava que os me deixavam sensual demais. Vesti um vestido preto básico, mas que nas laterais tinham alguns brilhinhos. Minha maquiagem apesar de básica me deixavam diferente, já que eu tinha perdido o costume de até passar um mísero gloss. Quando cheguei no trabalho e percebi que chamei atenção. Acho que nunca fui trabalhar tão bem arrumada. Eu me sentia bem, me sentia tão diferente. Eu e o Lorenzo não podíamos viver uma vida de casal normal? Ele não poderia parar de querer que eu renuncie as coisas e deixar eu agir como eu quero? Nosso casamento teria muita mais harmonia, tudo seria tão mais fácil! Mas Lorenzo gosta de complicar, gosta de causar!

(...)

Lorenzo Goulart

Estava deslocado. Perdido. Eu simplesmente não sabia o que fazer sem minha esposa. Tudo bem eu esta errado, más quem nunca errou? Agora pedir divórcio é demais, ela está agindo sem pensar e vai se arrepender. Nunca vai encontrar um marido melhor do que eu! Eu faço tudo por ela! Eu a amo com todas as minhas forças! Nem sei o que fazer. O pior é ter que ficar em casa com tudo que me faz lembra-la. E eu não sei pra onde correr. Permanece jogado no sofá, até que a campainha toca. Sem vontade nenhuma me arrasto até a porta e a abro sem olhar pra fora.

-O que houve com você meu filho? - escuto a voz do meu pai e ergo os olhos.

Ele esta em frente a minha porta me olhando com preocupação, me lembro das duas faltas seguidas na empresa, provavelmente ele ficou sabendo, já que o dono da empresa o onde trabalho é irmão do meu pai, meu tio Gilberto. O que me preocupada é saber que fiz ele sair de casa doente, por minha causa.

-Oi pai - tento mudar meu semblante - o que faz aqui?

-O que faço aqui? - ele entra na sala e se senta no sofá - você falta dois dias na empresa sem dar nenhuma justificação e não atende telefone, nem você nem a Victoria. Ficamos preocupados. - Vic.... Ouvir o nome dela me dói.

-É que tive um problema com meu casamento. To mal pai - confesso me jogando de volta no sofá.

-Que você esta mal eu to vendo, mas me explica o que houve - pergunta carinhoso.

Quando eu ia começar a falar a campainha toca. Me arrasto novamente até a porta, esperando ver mais alguém da minha família, mas encontro um senhor engravatado.

-Senhor Lorenzo Goulart? - pergunta formal.

-Eu mesmo - respondo perdido.

-Trago essa intimação para comparecer no tribunal dia 15/06, terça-feira da semana que vem, para darmos início no pedido de divórcio requerido pela Senhora Victoria Furlan. Assine aqui por favor - ele me estende uma prancheta e uma caneta.

Quase caio pra trás. Pensei que Vic não fosse levar isso adiante. Achei que ela disse isso só para me intimidar. Mas não. Ela realmente não quer mais nada comigo. Mas eu não vou tornar as coisas fáceis para ela, até porque, eu não tenho intenção nenhuma de me separar, muito pelo contrário, eu prometi no casamento "Até que a morte nos separe", e realmente pretendo cumprir a minha palavra.

Victoria Furlan

A essas horas espero que Lorenzo já tenha se dado conta que eu cansei e não estou pra brincadeira. Eu realmente não quero mais esse casamento. Eu deixei de ser eu mesma para acatar suas vontades, claro que também tenho parcela em toda a culpa, não nego, mas cansei, só isso. Quero viver, quero fazer minhas vontades, claro que no casamento você tem renunciar algumas coisas para entrarem em harmônia, mas com Lorenzo ou as coisas eram do jeito dele, ou eram do jeito dele. Nunca me deixou decidir nada. Amor nos torna idiotas, mas ainda bem que abri meus olhos à tempo.

Cansei de ser boazinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora