Epílogo

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Victoria Furlan
-Mamã eu quelu papai - diz Luara agarrando as minhas pernas enquanto lavo a louça do almoço.
-Lua o papai já vai chegar, brinca um pouco de boneca por enquanto - digo enxaguando um copo.
-Não! Eu quelu o papai - diz cruzando os braços de forma emburrada.

Lua é muito apegada ao pai, desde bebêzinha. Confesso que me causa um ciúmes tamanho, mas me controlo. Minha filha, hoje tem três aninhos. Tem os cabelos castanhos como os meus, e os olhos verdes do pai. É toda fofinha, eu sempre a acostumei a usar vestidos, lacinhos, e ela se tornou uma verdadeira boneca. Dizem que amor de mãe é incondicional, e você só tem certeza disso quando realmente vira mãe. Meu amor por Lua, ultrapassa os limites do coração, é uma coisa tão pura, tão verdadeira, que não consigo descrever em palavras. Minha filha é tudo pra mim. Deus no céu, e minha filha na terra.

-Quem está me querendo aqui? - diz Arthur entrando em casa.

Ele continua do mesmo jeito, lindo. Permanece sendo um marido espetacular, e um pai perfeito, faz de tudo para Lua, e para mim também. Não canso de repetir que, sem dúvidas, escolhi a melhor pessoa do mundo para me casar.
Lua quando vê o pai, descruza os bracinhos e corre até ele sorridente.

-Oi minha princesa - diz Arthur todo babão pegando sua filha no colo.
-Papai! Tava com dadis - diz Lua colocando as mãozinhas no rosto do pai.
-Eu também estava com saudades - diz ele dando alguns beijos em seu pescoço.

Termino a louça, e seco minhas mãos no pano de prato, me virando para os dois.

-Hey, e eu aqui? - digo fazendo um biquinho.

Arthur vem com Lua ainda no colo, pra perto de mim. Minha filha agarra meu pescoço, mas não saí do colo do pai.

-Oi baby - diz Arthur me dando um beijo - também morreu de saudades de mim? - me pergunta com um sorriso sapeca.
-Sempre morro - digo retribuindo seu sorriso.
-Queru sovete - diz Lua.
-Vamos na sorveteria amor? - peço ao Arthur.
-Quer sorvete princesa? - pergunta Arthur à Lua.
-Queru - responde sorrindo.
-Então vamos a sorveteria - diz meu marido sorrindo.

Nos arrumamos rapidamente, e eu preferi colocar um shorts, e uma camisa. Antes, eu adora meus vestidos soltinhos, com cintos na cintura. Mas agora com Lua, tenho que ficar toda hora abaixando, e a pegando no colo, e vestido não é muito confortável. Visto Lua com uma saia jeans curtinha, e uma regata que tinha um ursinho brilhante na frente. Penteio seus cabelos lisos, e coloco um de seus famosos laços.

-Vai lá perguntar pro papai se você está bonita - digo à Lua.

Ela saí correndo porta à fora, e vai encontrar seu pai na sala. Só consigo escutar do Arthur: "Nossa! Você é a princesa mais linda que já vi!".

Arthur Lounge
-Vamos amor - chamo Vic.
-Mamã demola né? - diz Lua no meu colo.
-Um pouquinho princesa - digo rindo.
-Nanão, ela demola muito - diz fazendo uma carinha triste.
-Podemos ir? - diz Vic entrando na sala.
-Sim sim! - diz minha filha animada em meu colo.

(...)

Chegamos na sorveteria, e Lua queria comer todos os sorvetes. Nós achávamos graça, mas nos enforçávamos para não rir, e lhe dar uma bronca. Depois de uma briga, pra Lua escolher só dois sabores de sorvete, fomos caminhar pelo parque. Esses são momentos que me fazem me sentir tão sortudo, tão sortudo, que mal consigo acreditar. De um lado, seguro a mão da minha esposa, e do outro, tento segurar a mão da minha filha.

-Papai olha o au au - diz Lua com os olhinhos brilhando.
-Gostou? - pergunto formulando uma ideia em minha cabeça.
-Sim! - diz sorridente.
-Nem pense nisso - diz Vic ao meu lado me dando um cutucão.
-Pensar no que? - pergunto me fazendo de desentendido.
-Você sabe muito bem Arthur, nada de cachorros - diz desvendando a ideia que estava planejando na minha mente.
-Mas ela gostou tanto... - digo em forma de súplica.
-Não Arthur. À não ser que você - diz apontando no meu peito - se responsabilize de cuidar do cachorro.
-Tudo bem - falo vencido - tudo pra ver essa mocinha feliz - digo fazendo uma baguncinha no cabelo de Lua.

Lorenzo Goulart
-Sinto muito, mas não conseguimos reanimá-lo - diz o médico que atendeu meu pai desde o início de sua doença.

Saio daquela sala de hospital correndo em direção a rua, as lágrimas já começam a descer livremente pelo meu rosto. Maldito câncer que levou meu pai embora. Eu sinto tanta dor, parece que vou explodir! Caminho rápido entre as pessoas, e só consigo pensar em tudo de bom que meu pai e eu fizemos. Lembro do seu carinho, e sua super proteção. Nunca consiguerei superar sua morte.

-DROGA DE VIDA! - grito no meio da rua.

Algumas pessoas olham pra mim, como se eu fosse algum louco, mas elas não fazem ideia do que estou sentindo, do tamanho da dor no meu coração. Atravesso a rua correndo e entro em um parque, um lugar mais calmo pra eu tentar me acalmar. Porque infelizmente, quem se foi, foi meu pai, e eu ainda estou vivo, e preciso ser forte pra ajudar minha mãe.
Caminho entre as árvores, e o vento bate de encontro com meu rosto, espalhando as lágrimas que ainda insistem em cair. Tento colocar meus pensamentos em ordem, e uso uma típica frase pra tentar me consolar. "Seu pai foi pra um lugar melhor". Tento me convencer disso, mas sou egoísta o suficiente para querer ele aqui entre a gente. Escuro uma gargalhada alta em algum canto do parque, que acaba chamando minha atenção. Olho instantaneamente para aquela direção, e entre uma fresta de duas arvores, vejo Victoria, minha ex esposa. Já fazem quatro anos que nos divorciamos, e ainda me culpo por não ter sido um bom marido. E apesar de ainda manter um sentimento, mesmo que mínimo por ela, eu não a procurei mais. Porém, vê-la aqui hoje, faz meu coração saltar dentro do peito. Me a próximo mais, ainda entre as árvores, e vejo que não está sozinha, tem mais um homem, e uma menininha junto. Fico os olhando, e parecem uma família feliz. O homem olha para Vic e para a menina de forma apaixonada, e vejo um sorriso sincero no rosto de Vic. Engulo o nó na minha garganta quanto escuto a menina chamar Vic de mamã. Meus olhos ardem em lágrimas, e sinto o chão sair debaixo de meus pés, e eu me sento na grama colocando a cabeça entre os joelhos, me sentindo arrasado. Não sei porque, já estamos divorciados à tanto tempo. Choro, porque por um lado, tinha esperanças de tê-la de volta. E acima de tudo, choro, porque gostaria que essa linda menininha tivesse sido fruto da nossa paixão.

"O que me deixa mais triste, é saber que a pessoa que eu amo, pode ser feliz sem mim".

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Gente! Infelizmente acabou! A história está em um tamanho razoável, e se eu continuasse, acabaria perdendo o real sentido. Então, espero realmente que tenham gostado! Obrigado pelos votos, comentários, e por todos que leram. Doce beijos.

*Outras obras minha:
-Sr. Destino (Obra concluída s/ revisão).
-O Caipira (Obra concluída c/ semi revisão).
-Kadu - Uma luz no fim do túnel (Obra concluída c/ semi revisão).
-Recém Casados (Continuação do O Caipira, obra em andamento).

Milena Diniz, 21 de março de 2015.

Cansei de ser boazinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora