Victoria Furlan
Eu estava certa. Eu estou apaixonada por Arthur. Talvez seja cedo já pra me envolver com outra pessoa, mas não consigo controlar meu coração. É inevitável. Arthur é todo romântico, cuidadoso, é impossível não gostar dele. Nossa relação no momento é, estamos enrolando. Ficamos juntos quase todas as noites, nos vemos quase todos os dias, agimos como casal. Mas ainda é cedo pra nomear o que estamos tendo. Até porque, ainda, oficialmente, estou casada com Lorenzo. Em falar nele, ele sumiu do mapa. Mas hoje o verei, já que chegou o dia da audiência do divórcio. Tomara que dê tudo certo. Acordei mais uma vez com Arthur com me abraçando.
-Bom dia baby - ele diz beijando meu ombro.
-Bom dia - respondo baixo.
-Que desanimo é esse? Não é hoje o dia do divórcio? - pergunta animado.
-É sim. Mas não estou tão empolgada. Na verdade, eu estou com medo de Lorenzo não aceitar de novo, e ficar adiando uma coisa que não tem mais futuro - respondo sincera.
Arthur me abraça mais forte, colando nossos corpos.
-Fica calma! Vai dar tudo certo. Agora coloca um sorriso nesse seu rosto lindo, que não gosto de te ver assim - diz fazendo cócegas em minha barriga. Eu caio em uma gargalhada alta.
-Para Arthur! - grito batendo em seus braços e gargalhando a ponto de perder o fôlego. Arthur para de fazer cócegas em mim, e me olha divertido.
-Assim que eu gosto! Você bem alegre! - diz sorrindo.
(....)
-Boa sorte - diz Arthur com o carro parado no estacionamento do tribunal.
-Obrigada! Vai dar tudo certo! - digo tentando convencer mais a mim mesmo.
-Claro que vai! Pensamentos positivos atraem coisas positivas - diz me dando um selinho.
-Até mais tarde - digo saindo.
-Até. Te espero baby - diz sorrindo.
Eu mando um beijo no ar e entro no tribunal. Em frente a sala que irá se realizar a audiência, encontro meu advogado.
-Bom dia Sra. Furlan - diz meu advogado.
-Bom dia Doutor. Será que esse divórcio saí hoje? - pergunto na expectativa.
-Isso só depende do Sr. Goulart - diz sincero.
-Falando de mim? - pergunta Lorenzo aparecendo no fim do corredor.
-É só falar em assombração que ela aparece - digo com um sorriso cínico. Não me contive em tirar um pouco com a cara dele.
-Nossa Vic, você já foi mais educadinha - diz Lorenzo.
-Cada um tem o que merece - respondo grossa.
-Você não vai mesmo mais voltar pra mim, né? - pergunta Lorenzo com um olhar tão triste que chegou a apertar meu coração.
Por um segundo me lembro de todos o momentos felizes que vivemos juntos. Lorenzo não é 100% ruim. Ele tem suas qualidades, e muitas. Não posso ser hipócrita de dizer que ele não me amou, pois é mentira. Agora, nesse momento, olhando Lorenzo no fundo dos seus olhos, eu ainda consigo ver seu amor por mim. Mas infelizmente acabou. Pra mim não dá mais. Eu respiro fundo e respondo:
-Não. Nosso casamento acabou - tento soar firme, mas acho que minha voz saiu falha.
-Então vamos logo acabar com essa merda - ele diz se virando e entrando na sala da audiência.
(...)
Finalmente o meu divórcio saiu. Eu esperava estar mais feliz. Não que eu esteja triste. Mas é que meus sentimentos estão confusos. Por um lado estou feliz, pois agora posso viver meu relacionamento com Arthur sem amarras. Mas por outro lado estou chateada por ver a indiferença que Lorenzo teve por mim. Durante toda a audiência ele não olhou para mim uma única vez, e quando o juiz deu por encerrada a sessão, Lorenzo saiu da sala sem nem olhar em minha direção. Claro que eu não esperava que ele implorasse pra voltar, mas sei lá. Fiquei chatiada com a indiferença.
Saio do tribunal e agradeço ao meu advogado. Caminhei até o carro do Arthur que me esperava no estacionamento. Entrei no carro e Arthur me olha com um sorriso empolgado.
-E aí? - pergunta me dando um selinho.
-Saiu - digo sorrindo.
-Aêê!!! - ele diz empolgado - agora podemos fazer as coisas direito - diz sorrindo misterioso.
-Não estávamos fazendo direiro antes? - pergunto sem entender.
-Estávamos. Quer dizer, nem tanto - diz colocando o carro em movimento pra saída do tribunal.
-Tudo bem, nem vou tentar te entender porque eu não consigo - confesso. Arthur solta uma risada gostosa.
-Você quem sabe. Mas estou muito feliz que agora você é só minha - diz fazendo carinho em minha perna com uma mão, enquanto com a outra dirige.
-Ainda não garanhão. Ainda sou solteira! - digo sorrindo e mostrando minhas mãos sem nenhuma aliança.
-Não por muito tempo - diz ele me olhando de relance e me dando uma piscadela.
(....)
Fomos almoçar no shopping, pois eu tinha sido despençada do trabalho por conta da audiência. Comemos no Subway, que diz ser lanche natural, mas não tem nada de leve. E depois voltamos pro meu apartamento. Passamos o resto do dia juntos, namorando, conversando, até que Arthur saiu para trabalhar em sua boate, e eu fiquei em casa dormindo. Eu estava exauta e sem ânimo pra aguentar uma noitada. Deitei em minha cama, após um banho relaxante, e dormi. Sonhei que estava em um jardim de uma casa grande. Eu estava caminhando entre as orquídeas bem cuidadas do local, quando vejo dois homens em minha direção. O primeiro, eu logo reconheço, era Arthur, e o outro se parecia muito com ele, na verdade, parecia irmão. Eles viam até a mim sorrindo, felizes da vida. Arthur veio até a mim e passou os braços em minha cintura, me puxando para seu peito e beijando minha cabeça de forma romântica. E o menino, sua cópia, ficava nos olhando com orgulho, até que diz:
-Nossa mãe, e pai, vocês formam o casal mais lindo que eu já vi! - diz o garoto que agora sei que é meu filho.
Eu sorrio feliz, e chamo nosso filho para um abraço.
-Vocês são meus amores - diz Arthur nos apertando em seus braços.
Acordo assustada, mas com um sorriso nos lábios. Não tem porque eu ficar dividida entre sentimentos, em relação ao Arthur e o Lorenzo. Porque está na cara, que o amor que eu quero viver, só o Arthur poderá me proporcionar.
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Cansei de ser boazinha
Literatura FemininaPLÁGIO É CRIME ! No Código Penal Brasileiro, em vigor, no Título que trata dos Crimes Contra a Propriedade Intelectual, nós nos deparamos com a previsão de crime de violação de direito autoral - artigo 184 - que traz o seguinte teor: Violar direito...