Senti seus olhos pálidos encarando profundamente meu fino corpo tremendo em antecipaçãoEthan despejava seu sorriso zombeteiro enquanto tomava crescentes goles em seu copo de bordas planas, fixando o peso do seu dedo entre o vidro escorrido que ele dividia sua atenção.
Willian balançou o braço lentamente, chamando minha atenção ao líquido que porá em minha frente, uma mistura de vermelho sangue com dejetos flutuantes e o cheiro forte de álcool.
Senti meu estômago embrulhar, pensando no misto de sensações que sentirá ao menos em cogitar engolir aquilo, fazendo meu corpo dançar uma valsa junto com minha razão, discutindo se havia feito a decisão certa.
Eliard me olhava de forma estranha, como se estivesse me julgando a cada ação que tomara, encarando o copo e a mim, pensando talvez se realmente teria a coragem de toma-lo.
- É gostoso, vá em frente! - Ethan jogava-me palavras de torcida em minhas costas, fazendo barulhos de comemoração enquanto batia fracamente a mão na mesa em entusiasmo.
Segurei o copo curvineo, observando seu entorno com cara duvidosa, o balançando em minhas mãos, refletindo por qual lado eu me sentiria menos pior tomando aquilo.
Minha razão apitava, falando "larga isso e vai embora, Você vai morrer!"
Enquanto meu coração rebatia " Você pediu, Eliard vai ficar envergonhado se recusar!"O líquido borbulhante fazia-me sentir enjoada, gritando palavras internas desejando minha boca em si, olhei para garoto dos olhos mortos mais uma vez, pedindo internamente uma resposta, que ele recusava-se em dar claramente.
Apenas seus doces olhos claros, fixados em mim com uma chama interna, implorando que eu tomasse uma atitude, sua boca sorrindo maliciosa parecia se mover lentamente em direção ao mais profundo abismo.
Respirei fundo, tomando coragem para engoli-lo, enquanto minha chama interior parecia cada vez mais quente em minha barriga, minha ansiedade crescente apenas subia mais em minha cabeça que já se encontrava sem forças para lutar.
E em um gole, coloquei o líquido flamejante em meu estômago, sentindo uma intensa queimadura em minha língua, que se estendeu por toda a minha boca, levando-me ao completo desuso, queimando em ardência enquanto levava-me junto em seu estopim queimante.
Jogando-me para frente como se estivesse perdido uma partida de xadrez, dando-me por vencida enquanto bati o copo contra o balcão, sentindo tudo em mim arder, como uma fogueira em chamas.
Eliard estendeu-se até mim, levando suas mãos até minhas costas, que por algum momento havia esquecido que tinha.
Meus olhos exitavam em abrir por completo, conseguindo apenas ver um pequeno feixe vermelho que fazia meus olhos brilharem, e uma risada calma vindo da minha esquerda, uma risada que pareceu corroer-me por dentro.
Eliard segurou-me até si, tocando meu rosto com delicadeza, tentando fazer-me voltar a consciência, seus doces olhos escarlate, brilhando em direção aos meus fizeram meu corpo parecer cada vez mais quente, como se pequenos insetos invadissem-me por todos os lados, eu realmente nunca havia me sentido tão fraca.
Um estrondo estendeu-se por todo o salão, seguido de passos enfurecidos e expressões surpresas, que chegaram até mim como uma flecha lançada de muito perto, quase sem impacto.
Virei-me para trás, encarando um rabisco na paisagem brilhante, uma pintura exposta em um castelo como uma obra de arte, se estendendo até cobrir completamente minha visão.
Uma coloração cor de madeira, que voava ao vento, trazendo longos cabelos castanhos que chegavam em minha direção como uma raposa vindo em sua caça, com um pequeno tom loiro em suas costas de forma quase imperceptível.
Um longo tufo de pelos negros subiu até meus olhos, sentando-se em meu colo enquanto acaraciava meu peito com sua pequena cabeça.
- Eu sabia que não podia confiar em você! - Bel lançou-se como um predador até a gola de Eliard, o empurrando para trás, enquanto colocava seu rosto próximo ao dele, o olhando com raiva.
- Eu não... - Ele não conseguia responder, o ataque o havia deixado quase incapacitado, não conseguirá ver direito, mas acredito que suas pernas estavam tremendo com a intimidação repentina.
- Cala a boca! Sabia que queria embebeda-lá! Eu falei a ela para não confiar em você! - Seus olhos ferviam de raiva amargurada quase completamente, diminuindo seu fluxo de ar enquanto o balançava pela gola, o sufocando.
O garoto dormia calmamente em suas costas, preso por um enorme pano branco que se estendia até seus seios, o segurando contra si, que desprendia de qualquer luxo, descansando calmamente, como se nada estivesse havendo.
Meu corpo estava cada vez mais solto, fazendo-me sentir como se não o controlasse, minha visão embaçada retirava qualquer campo de longitude que já enxergará, aos poucos ia caindo cada vez mais por cima do peludo, que já havia deitado-se em minhas pernas.
Bel virou-se para mim, esquecendo de Eliard por um momento, tocando meu rosto enquanto media minha temperatura desesperada, seus olhos estavam trêmulos, quase chorosos, não imaginara quanto tempo nos estaria procurando, pensando que eu teria ido embora ou pior.
Por um momento senti-me completamente culpada.
- El... O que ele fez com você...? Tá tudo bem? Eu tô aqui tá?... Vai ficar tudo bem... - Seu rosto tomou uma forma chorosa, acalmando seu desespero, o tornando uma fonte de mágoa mas também de calma.
Tomando meu rosto para si, o encostando em seu peito enquanto acariciava meu cabelo por baixo do capuz, como uma mãe ninando seu filho, mas... Lá no fundo eu sabia que ela não se sentia assim.
Seu rosto desesperado, seus olhos em prantos, sua ansiedade em minha procura...
A olhei fixamente, sem meus sentidos de volta a mim, seus olhos escuros pareciam ter um outro mundo em si, por um momento só queria perder-me neles uma pequena vez, tomar aquele mundo para mim, torná-lo nosso lugar de repouso.
O forte brilho do candelabro batia em sua pele, como se tudo em si brilhasse, quando realmente olhei Bel, não como uma estranha, ou uma companheira, mas uma garota que sóbria em meio de tantos bêbados, pude ver sua verdadeira beleza.
Ela abaixou-se, colocando seus olhos próximos aos meus, enquanto sorria por entre suas lágrimas, olhando-me de forma carinhosa.
Eliard nos olhava ao longe, seus olhos pareciam amargurados, o verde esmeralda que sempre destacou-se em si, nunca estivera tão ofuscado, como se algo em si, o houvera apagado, deixando-o ali, olhando-me melancólico.
- Eu pensei que tivesse te perdido... Eu pensei que... - Bel gaguejava enquanto engolia o choro, sua voz se apagava no meio de tantas conversas, como um pequeno ruído, mas eu conseguia compreender o que ela falava, como uma línguagem de sinais própria, que só nos duas conhecíamos a fundo.
Era só...
...
Quando menos percebi, um abalo sísmico atingiu-me, um enorme estrondo ecoou por todo o salão, como um tiro, transmitindo uma enorme luz e desespero, que consumiu todos que ali estavam, seus gritos e conversas tornaram-se abalos, que os fizeram correr até a saída que logo fora aberta por um homem esguio.
Vestindo uma roupa social preta, seus detalhes de luxo e acabamentos de ouro o faziam se destacar por entre toda a plebe que o entornava, seu grito ecoou por entre o ouvido de todos que ali habitavam, como um chamado de guerra em desespero, consumindo a si próprio em um único grito:
- É O REI! ESTÁ ATACANDO A IGREJA!
E com um tiro, ele caiu-se ao chão, ajoelhando-se por entre a dura pedra enquanto seu sangue escorria de seu tímpano, derramando em sua roupa de grife que agora não valeria nem mais uma moeda, enquanto seu dono estivesse sendo derrubado por uma multidão desesperada que infestava as ruas com gritos e trotes, como cavalos em uma corrida até a morte.
E quando menos percebi, meu corpo já não respondia-me mais, jogando-me ao chão enquanto lúcifer miava de forma histérica, tocando meus seios com suas patas de forma frenética.
Mas sem nenhuma resposta.
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Queime a Bruxa
Historical FictionO fim é apenas um início Dizem ver ao longe Uma menina com cabelos brancos que balançavam como neve no inverno Dizem ver ao longe Pegadas marcadas ao chão, pelo sofrimentos de inocentes Dizem ver ao longe Seu doce grito estridente, que ecoava p...