Desastre as Pressas

97 14 65
                                    

Minha adrenalina subia a cada metro que ultrapassava em direção ao beco mais distante que pudesse encontrar.

Meu coração batia, enquanto meus pés seguiam em frente.
Era como se uma harpa tocasse no mais alto som no meu estômago, e isso era incrível!

As ruas estavam desertas, o único som que podia ouvir era de meus próprios passos tocando ao chão, a luz fraca de velas iluminavam de forma fraca o sentido em que corríamos.

Segurava sua mão firme, a puxando de uma forma com que ela não se machucasse, mas também tivesse espaço para correr, sabia que estava destemida, mas eu também conseguia ouvir seus suspiros de cansaço, tanto ela quando eu queríamos parar.

Eu sabia que ele já ia chegar, mas me forcei a parar, para recuperar o pouco fôlego que me havia restado.

Bel gaguejava:
- V-v...ocê está bem?

Eu definitivamente não estava
Minhas pernas doíam, meu coração acelerava, eu me sentia como umas senhora de idade, depois de ter levado 5 socos nas costas.

Mas eu obviamente não iria deixar isso transparecer.

- Tô, tô bem, vamos seguindo.

Segurei sua mão, e tentei puxa-la, para voltarmos ao ritmo, mas logo ela a puxou de volta.

- Você não está bem - ela tocou minha testa - Não precisamos correr, apenas vamos achar algum lugar pra nos esconder e vamos ficar bem, certo? - Ela gaguejava em cada fala, mas estava tentando pensar de forma racional, talvez eu também devesse.

Belinda me acompanhou até um beco fechado, segurando meus ombros e me sentando no chão com calma.

Ela tremia
Talvez de frio, ou medo.
Eu não sabia dizer.

O chão pálido era como gelo, e a madeira da cerca atrás de mim não ajudava na sensação árida, parecia que eu estava dividindo meu leito com um cadáver, era realmente uma sensação única.

Ali haviam apenas casas, pela sua arquitetura, estávamos em um lugar mais nobre, mas não realmente dos ricos, esse nós nunca seríamos permitidas de frequentar.

As ruas brilhavam num tom fraco, as últimas velas estavam sendo apagadas, apenas um lugar ainda brilhava no meio da escuridão.

Bel o encarava com desdém enquanto se esgueirava pro meu lado, talvez com um tom de melancolia, ou arrependimento.

Segurei sua mão com calma.

- Não precisa se sentir presa a mim só porque te salvei, você está livre para ir se quiser.

Ela me encarou, como se estivesse prestes a chorar, seus olhos brilhavam a luz da lua, não havia notado realmente o quanto ela era linda.

Seus longos cabelos que caiam aos ombros, o vestido curto a dava um toque provocante, seus lábios pintados e sua pele perfeita.

Ela era realmente alguém que eu odiaria em qualquer ocasião.

- Eu não... Realmente não... - Bel soluçou, engolindo o choro - Eu não gostava daquilo, fico realmente agradecida pelo o que fez, você mal me conhecia...

Era verdade, nem eu sabia exatamente o porque fiz aquilo, meu corpo só agiu, essa não era a primeira vez que isso acontecia...

E nunca resultava em algo bom.

- Você é estranha - disse rindo - Mas... Eu realmente me sinto bem com você. - Isso me faz ser uma estranha também?

A olhei, estava sorrindo.

- Acho que sim, mas as vezes ser estranho é legal.

- Eu pelo menos sou uma estranha na minha - ela se aproximou - Vi o porque esconde seu cabelo... Ele é bonito deveria deixá-lo mais a mostra.

Me assustei

Fiquei a encarando por alguns segundos, incrédula, quando ela viu? Quando eu caí? Mas foi tão rápido... Não tem como...

- Sabe... Você não é a única que eles querem a cabeça, mas... É com certeza a mais interessante - ela fixou seus olhos em mim - Eu vi quando você me levava ao quarto, eu fiquei com medo, mas logo vi que não precisava.

Seus olhos brilhavam, e seu sorriso resplandecia, era como se não houvessem mais problemas, como se não houvesse mais nada.

- Eu não tenho medo de quem salvou minha vida, eu tenho admiração - ela voltou a olhar pra frente, tocando seu pingente - E se você for realmente uma bruxa, eu não ligo em ser amaldiçoada.

Eu sentia meu coração pulsar, era como uma sinfonia, eu estava corada, com medo, atônita, mas acima de tudo, muito feliz

- Então... Lina, ou seja lá qual for o seu nome, deixe-me tentar lhe retribuir... Mesmo que seja só com minha companhia, deixe-me ajudá-la - ela segurou minhas mãos me olhando fixamente.

- Eu não te salvei pra te colocar em perigo

- Eu já estou em perigo só de estar viva, todos estão, você sabe disso.

A luz da lua não me deixava mentir em minhas expressões, ela estava certa, qualquer coisa por menos que seja, era sinal que você merecia a morte.

Sempre foi assim, e sempre será.

Para Deus e seus seguidores, Você sempre será o errado, o defeituoso.

Você nunca será tão perfeito quanto ao todo poderoso, e por isso, merece queimar para aprender a pelo menos se ajoelhar em seus pés.

Talvez esse seja um dos motivos para eu repudia-lo tanto.

Olhei em seus olhos, marcados pela dor e culpa.

Senti seu nervosismo, mas também senti sua adrenalina, como a que fui arrepiada a minutos atrás.

Eu não a conhecia direito, mas senti que podia confiar nela.

- Eu vou falar com a Sra Wood, ela vai nos ajudar, daí você me fala seus planos e eu...

Em um pulo eu a abracei, meus sentimentos transbordaram, meu coração bateu de uma forma estranha, era isso que eu precisava fazer, então eu fiz.

Senti seus braços me envolvendo, o retribuindo com clareza, nossos corações estavam em sincronia, isso era tão... Estranho...

A olhei desviando o abraço

- Se você quiser vir comigo, Só saiba que não será fácil, tudo bem?

Ela riu

- Eu não sou uma mulher fácil Lina! - nós duas rimos - não se preocupe, eu vou te ajudar, como você me ajudou.

Olhei em seus olhos para agradecê-la, mas antes que pudesse me mover, ouvi passos fortes de alguém atacando o chão.

E quando olhei pra trás o vi, um enorme bíceps em um colete engomado.
Nosso amigo fortão havia nós alcançado.

E não parecia nem um pouco feliz.

Queime a Bruxa Onde histórias criam vida. Descubra agora