Giovanna acordou com a melhor amiga gritando, se lembrava de ter dormido depois de abandoná-la encharcada, ainda vestia o mesmo roupão, se levantando pensou em como seu cabelo estava despenteado apontando para todas as direções, andou até o espelho só para confirmar, seu cabelo realmente estava muito bagunçado.
Ana entrou sem bater como sempre, nenhuma das duas sabia o que era privacidade.
— Não choveu de madrugada! – O olhar de Ana era de desespero.
Bateu a cabeça de novo enquanto acordava, foi a única coisa que Giovanna conseguiu pensar quando viu a amiga.
— Okay – Giovanna ia até o armário ignorando totalmente o desespero da amiga – e isso é um problema por quê?
— Porque o sangue não foi limpo da parede, a mancha na frente de casa continua lá, porque você deixou o meu quarto todo sujo e minha mãe entrou sem bater e viu tudo!
Enquanto Ana simplesmente despejava as informações, Giovanna parou de escolher a roupa e virou bem devagar para olhar o real desespero no rosto da amiga.
— Okay, me diz que você tá brincando ou só delirou isso depois que bateu a cabeça quando caiu da cama – Giovanna tinha começado a tremer e não era de frio.
Ana virou as costas para a amiga e foi até a porta, abriu uma fresta e ficou olhando para o corredor.
Meu Deus é verdade e agora a gente morre.
Giovanna entrava no mesmo estado de choque, elas nunca foram pegas e sabia que suas mães não ficariam felizes com o que vinham fazendo.
— Liga pro Lucas, ele vai dar um jeito – Giovanna falou para Ana enquanto trocava o mais rápido possível de roupa, pegou uma saia, peças íntimas limpas e uma blusa com mangas curtas, enquanto se vestia a amiga sussurrava um pedido de ajuda a Lucas, Giovanna não teve tempo de perguntar o motivo de estar falando baixo.
Alguém bateu na porta.
— Giovanna Eloá, abra essa porta agora! Se estiver dormindo vou derrubar essa merda e tirá-la da cama – Giovanna sabia de quem era a voz, sua mãe estava batendo com tanta força que tinha certeza de que derrubaria a parede se continuasse.
— Só um momento mãe, estou me arrumando! – Giovanna respondeu enquanto puxava Ana até a janela, quando olhou para baixo sabia que estava encrencada e sem saída, seu irmão a olhava mexendo a boca sem falar: "se ferrou, vou adorar ver sua tortura".
A porta se abriu com um único chute da mãe, ela estava com a mesma expressão de quando colocaram fogo na casa. As duas foram levadas até a escadaria principal, quando desceram o pai de Ana estava esperando no hall, um homem alto com cabelos cacheados e loiros, o grisalho mal era percebido entre os fios dourados, sua feição calma e gentil dizia ser muito mais novo do que realmente era. Sua mãe as deixou com ele e foi para a cozinha.
Suas famílias moravam no mesmo lugar, a única separação entre as duas era o corredor e a escada principal. O lado direito da casa era da família Rodrigues e da esquerda dos de Melo, por isso sempre estavam juntas, nos momentos felizes e nos desesperadores, por esse motivo também recebiam os castigos juntas, sem distinção de pais.
— Então... vão me dizer por que temos uma marca de queimado na frente de casa e um rasto de sangue demoníaco até a sua janela? – O pai de Ana apontava para a garota, seu rosto era calmo e o tom de voz tranquilo, seus olhos castanhos como de Ana tinham aquele pequeno brilho âmbar característico dos aasimares. Não parecia irritado, o que deixou Giovanna tranquila sobre qual seria sua punição.
— Ouvimos um chamado e não queríamos acordá-los, sabe, já temos dezessete, sabemos cuidar de alguns demônios menores – Ana respondeu olhando para o chão.
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Mundo espelhado: O brilho da graça
AdventureAna Rodrigues é apenas uma adolescente que foi abençoada por um anjo, em seu recesso escolar protege sua cidade lutando contra demônios, mas quando os ataques começam a sair do controle da Legião, a organização dos abençoados, ela e seus amigos deci...