Escuridão das cores

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Lucas acordou no sofá da sala tossindo, a casa ficou empoeirada com o tempo, seus pais ainda não avisaram quando voltariam e ele passou mais tempo procurando pistas que limpando a casa.

Seu celular tocou.

— Alo? – Lucas disse se levantando e sacudindo a roupa.

— E ai cara! Descobriram algo no mercado ontem? – Era Erick, mas como o amigo sabia que tinha acabado de acordar e ido ao mercado?

— Vou desligar a câmera.

— O que! Não, espera! Foi só uma medida de ... – Lucas foi até a estante e encontrou uma câmera pequena entre os livros – Segurança.... não sabia se o círculo ia funcionar sem uma preparação potente... Eu escondi tão bem, como você sempre acha?

— Pelo brilho da lente... e outra, isso é crime, sem falar que todo mundo já 'tá desconfiando de você.

— O que?! Isso é um absurdo, posso ser louco mas não maluco!

— Pra' mim é a mesma coisa – Lucas disse subindo as escadas e indo ao banheiro – Consegue alguma informação sobre ANE?

— ANE? é uma pessoa? Um objeto?

— Uma arma

— Posso procurar... tenho permissão para procurar em todos os lugares?

— Fique a vontade para hackear qualquer governo ou sistema que preferir – Erick gritou de felicidade do outro lado da chamada.

— Essa semana já te passo algo.

— Valeu cara e mais uma coisa... como sabia que o castelo estava cheio de espíritos?

— Eu armei a armadilha para vocês, pena que ninguém morreu – Erick disse com uma voz grave.

— O que!? – Lucas perguntou, não acreditava no que ouviu.

— Falei que minha amiga do cemitério me contou, disse algo sobre os espíritos estarem indo para o castelo, pensei que era o bairro, não a casa, mas quando fui buscar vocês percebi qual castelo realmente era.

— Podia ter chegado antes – Lucas passou a mão pelo rosto.

— Foi mal, me perdi conversando com a senhora Roseli

— Faz parte – Lucas desligou o telefone, ele entendia bem como era ficar preso na conversa com a senhora Roseli, a velha fantasma protetora do cemitério sempre parava alguém para conversar, mas era estranho ouvir Erick brincar com algo sério.

Depois do banho quente Lucas parou em frente ao espelho do banheiro, uma barba curta castanha crescia e seu corpo estava marcado de hematomas e cortes antigos, por mais que Ana sempre os curasse depois de cada dia, os hematomas eram inevitáveis, sem falar na dor muscular que vinha sentindo.

Olhando para o reflexo de seu olhos percebeu que o prata estava mais presente, deixando sua íris acinzentada, com um piscar de olhos a imagem refletida mudou, ele se viu com olhos escuros, coberto de sangue e um corte no peito, sua primeira reação foi socar o espelho, cacos caíram no chão junto ao sangue que escorria de sua mão. Talvez estivesse cansado demais, precisava pintar, deixar as imagens fluírem para fora de sua mente.

O telefone tocou pela segunda vez no dia, tirando Lucas de seu mundo particular de cores.

— Onde você está? – Era Giovanna, sua voz parecia preocupada.

— Em casa, no ateliê.

— Então vem abrir o portão pra' gente, já tocamos a campainha várias vezes, não sei se percebeu mas você deveria ter aparecido em casa há duas horas.

Mundo espelhado: O brilho da graçaOnde histórias criam vida. Descubra agora