Tundra

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Se afaste das trevas, Ana ouvia sua voz interior avisando, mas resolveu ignorá-la, a dor de cabeça voltava a se intensificar desde que saíram da casa do famoso Alexandre Dean, era reconfortante ouvir as vozes do submundo, mesmo que a dor não fosse agradável.

— Ana, pode me explicar porque estamos procurando um livro, chamado livro das trevas? – Lucas disse, Giovanna ao seu lado tremia de frio mesmo colocando a touca da blusa.

— O feiticeiro contou uma história sobre a virada do século – Ana se aproximou dos amigos e concentrou a magia em suas mãos, não queimavam como antes, mas estavam quentes o bastante – Aparentemente durante o ano de 1999 os Aasimares tentaram fechar todos os portais, teve uma rebelião e muita discussão, até alguém usar o livro das trevas, vários portais se abriram e muita gente achou que o ano 2000 seria o fim do mundo, acreditavam que uma guerra no mundo das sombras significava o fim do mundo.

— Então depois de um tempo descobriram quem era o feiticeiro que usou o livro, ele foi sentenciado a morte, mas antes de morrer tentou criar um portal alternativo aqui na Sibéria – Giovanna espirrou enquanto explicava o restante da história – mas conseguiram pará-lo, mesmo que tenham perdido o livro de vista.

— Então estamos atrás de um livro que supostamente abre portais aleatórios pelo mundo? – Lucas perguntou

— Não só abre, mas também pode fechar vários de uma vez – Ana disse – Gih', se está com tanto frio porque não escolheu uma roupa sintética?

— Estou com roupas térmicas por baixo, a diferença é que não sou agraciada por ninguém, então não tenho mãos mágicas com calor portátil ou um corpo feito para suportar qualquer coisa – Giovanna falou se aproximando das mãos da amiga.

— Pode usar meu gorro, até ofereceria minha jaqueta, mas sei que mesmo com um corpo feito para "suportar" qualquer coisa, ainda posso morrer de hipotermia – Lucas disse entregando o gorro azul para Giovanna, que usou por baixo da touca.

— Resumindo, precisamos do livro pra' fechar os portais, o livro deve dizer o que precisamos e depois pediremos para Alexandre fazer o feitiço.

— Só não gostei do nome livro das trevas... e Thaís rastreou as trevas, então significa que o local onde estamos agora é o lugar na Sibéria onde tem a maior concentração de trevas.

Ana não pensou nisso, estavam seguindo algo, mas não perguntou para Thaís o que era e supostamente tinham chegado ao local onde as trevas surgiam, ou se concentravam.

O passado está no passado, deveria se preocupar com o presente e suas ações para o futuro, Ana escutou sua voz interior falar acima das outras vozes, estava fácil reconhecê-la no meio de frases em inglês ou russas.

— O que quer dizer com isso? – Ana perguntou.

— Quero dizer que tem algo de errado nesse lugar, já qu-

— Desculpa, mas não estou falando com você, Lucas.

— Ah, okay então.

Quero dizer que às vezes se afastar é a melhor opção, não procure as trevas se não quer vê-la. A voz calma de sempre respondeu.

— Sei que estamos correndo atrás de problemas, mas temos que tentar, se deixarmos as coisas como estão, só haverá mais cidades como Novosibirsk – Ana esperou a contradição, mas as únicas vozes que ouviu lhe contava sobre suas dores e tormentos, como precisavam ser libertadas ou como não queriam morrer, mesmo estando mortas.

— Sua voz interior está falando para irmos embora? – Giovanna perguntou

— Não exatamente, mas disse para não procurarmos as trevas... principalmente se não queremos vê-la.

Mundo espelhado: O brilho da graçaOnde histórias criam vida. Descubra agora