Esquecidos pelo tempo

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O barulho intenso de marteladas acordou Giovanna, estava na cama de Ana com os travesseiros jogados no chão, o sol da tarde brilhava forte mesmo com a cortina fechada. Se levantando, tinha noção de onde vinham as marteladas, só esperava chegar no porão antes que fosse tarde.

A casa estava arrumada e cheirando a produto de limpeza, Ana não teria tempo para arrumar a casa sozinha, o que fez Giovanna desconfiar de quem estava no porão da escola.

A temperatura subia conforme a menina descia as escadas, a porta do porão estava trancada, ela bateu na porta, duvidou que alguém ouviria com o barulho intenso das marteladas.

— Bom dia Gih' – Lilian abriu a porta, seu vestido azul estava coberto de graça, por baixo usava uma calça que claramente era de Gabriel e seus cabelos longos estavam amarrados em um lindo coque trançado.

— Bom dia Lili... o que estão fazendo? – Giovanna perguntou entrando no porão, um robô de quase 1,80m estava sendo montado, Gabriel martelava algo no canto do cômodo.

— Estamos terminando nosso robô, fizemos várias simulações digitais, mas Gabriel queria ver como seria montar um de verdade... estamos tendo alguns problemas em configurar o braço mecânico, sempre que o robô tentar usar muita força no braço, ele se desprende e voa para longe – Lilian andou até Gabriel e o cutucou, o menino parou de martelar e olhou para trás, pelo menos estava usando um óculos de proteção.

— Bom dia! Quer ajudar a soldar o braço do robô? – Gabriel gritou tirando os óculos de proteção.

— Não me diga que estão usando um maçarico – Giovanna estava cansada mesmo depois de dormir por horas, tinha muito trabalho até conseguir todo o sangue necessário e a preocupação com seu irmão não ajudava.

— Não se preocupe Gih', meu irmão colocou alguns feitiços de segurança para não nos machucarmos – Lilian disse pegando uma máscara de soldagem pesada.

— Só precisamos de grana pra' jantar – Gabriel disse sorrindo com a mão estendida.

— Só vou dar dinheiro se prometerem não fazer nada perigoso, isso inclui usar um maçarico e construir um robô... que não faço a mínima ideia do que isso faz.

— É um robô assas-

— Um robô amigo que vai ajudar muita gente, mas precisamos melhorar o material dos braços para não quebrar no meio do processo – Lilian cortou o que Gabriel estava falando – Não é perigoso... e quanto ao maçarico, temos um extintor ali do lado e estamos repletos de feitiços de proteção.

Giovanna podia sentir que Lilian estava escondendo algo, sabia quando alguém mentia, mas o cheiro de solda e graxa no lugar não colaborou para Giovanna.

— Se alguma coisa acontecer...

— Não vai, não precisa se preocupar, enquanto estiver do lado do Gabriel não vou deixá-lo se matar – Lilian disse mostrando seu lindo sorriso, parecia uma boneca suja de óleo, Giovanna confiava na menina, só se preocupava demais com que poderia acontecer com eles – E também vou deixar tudo limpo, como deixamos no andar de cima.

— Então foram vocês que limparam a casa.

— Os adultos estão muito ocupados com os desastres do mundo, vocês estão tentando o melhor para ajudar... só achei que poderíamos ajudar de outra forma – Lilian disse pegando o maçarico.

— Prometa que vão me ligar se alguma coisa acontecer – Giovanna disse arrumando o cabelo suado do irmão.

— Vamos ligar e não precisa ficar preocupada, Ana vai voltar logo – Gabriel disse, Giovanna se acalmou um pouco mais, por algum motivo seu irmão sempre sabia quando as pessoas estavam se aproximando.

Mundo espelhado: O brilho da graçaOnde histórias criam vida. Descubra agora