Decisões

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Lucas estava no portão da escola quase uma hora antes do horário marcado, durante a noite recebeu uma mensagem de Ana, pedindo para se encontrarem no hall de entrada para fazer o feitiço.

O portão estava destrancado e a porta principal também, a última pessoa a entrar esqueceu das trancas, se não fosse pelas entradas abertas, tudo parecia como sempre, o lugar parecia mais limpo que o normal, todos pareciam estar dormindo.

Contudo, um grito desesperado ecoou pela escola, sabia de onde vinha e quem gritava, correu com todas as forças em direção ao quarto de Giovanna, deixando para trás o estojo com o violino.

Empurrando a porta com força, entrou no quarto da garota, Giovanna estava sentada na cama abraçando suas pernas, ela tremia e chorava sem parar.

— Gih' o que aconteceu? – Lucas perguntou segurando os braços da garota, mas ela continuou chorando sem responder ou olhar para ele – Gih'?

Giovanna parecia perdida, as lágrimas escorriam por seu rosto, ela abria a boca como se quisesse falar algo, mesmo que nada fosse pronunciado. Lucas tentou prestar mais atenção, mas os sons dos passos de Ana se aproximando eram mais altos.

Ana apareceu na porta pouco tempo depois, estava usando seu pijama verde fluorescente e sua melhor espada, seus olhos tinham determinação e raiva. Quando Giovanna viu a menina na porta, empurrou Lucas para o lado e se soltou do aperto do rapaz, ela se arrastou na cama em direção a Ana.

Lucas tentou segurá-la antes de cair da cama, mas Giovanna nem ao menos hesitou em se jogar e continuar a se arrastar em direção a amiga, Ana se aproximou e deixou sua espada no chão para abraçar a menina.

— Vai ficar tudo bem – Ana disse para Giovanna acariciando seus cabelos bagunçados – Lucas... o que aconteceu?

— Não sei... acabei de chegar e ouvi o grito.

— Gih'... o que aconteceu meu bem? – Ana murmura para Giovanna.

— Foi só um pesadelo – Giovanna respondeu com sua voz abafada, abraçava a amiga tão forte que parecia querer parti-la ao meio.

Um gosto amargo se formou na boca de Lucas, conhecia bem o sentimento, a inveja e o ciúmes, durante a maldição de Azazel, esse sabor amargo foi substituído por visões estranhas e sentimentos flutuantes, mas agora, livre da maldição, o sentimento de inveja era como um remédio ruim que foi obrigado a beber.

— Vai ficar tudo bem, não tem porque ter medo – Ana acariciava as costas da amiga, Gabriel e Lilian estavam na porta observando toda a situação – Seus pais estão aqui para apoiá-la, seu irmão se preocupa com você, nossos amigos humanos e do submundo também vão te ajudar no que precisar... além disso, você tem a mim e ao Lucas.

Pela primeira vez no dia Giovanna soltou um pouco do abraço e olhou para trás em direção a Lucas.

— Obrigada – Giovanna sussurrou, seus olhos ainda vermelhos e cheios de lágrimas, um alívio pairou em seu peito, todo o sentimento ruim de inveja se foi com um simples olhar da garota.

— Vamos tomar um café e nos acalmar, quando estiver pronta podemos ligar para Thaís – Ana disse enxugando as lágrimas da amiga, que confirmou com a cabeça.

Horas se passaram, Thaís enviou o endereço do local depois que Ana telefonou, todos pegaram seus "ingredientes", Ana carregava uma caixa grande e Giovanna uma bolsa que supostamente deveria estar cheia de sangue. Como a carga estava pesada para as meninas, Lucas pediu um Uber, esperava que a viagem fosse tranquila.

O Uber chegou em minutos, Giovanna parecia incomodada de deixar o irmão e Lilian sozinhos em casa, mas depois de muita insistência Lilian convenceu que cuidaria de tudo até voltarem, a viagem foi tranquila, a preocupação crescia quanto mais perto chegavam do destino.

Mundo espelhado: O brilho da graçaOnde histórias criam vida. Descubra agora