Apenas Loli

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Se alguém pedisse para Loli se descrever usando apenas uma palavra ela diria resiliente. Desde muito nova tinha passado por algumas situações difíceis e a cada vez que pensava que não seria capaz de superar algo dentro de si mesma fazia com que se reerguesse e partisse para a próxima. A cada uma dessas quedas ela via uma nova Loli surgir dentro de si mesma e os obstáculos que antes pareciam tão altos se tornavam mais fáceis de serem superados.

Ver seu noivado terminar daquela forma a abalou mais do que ainda era capaz de admitir para si mesma. Sempre lidava com todos os seus problemas de frente e transparente como sempre foi idealizava o mínimo de franqueza da parte de seu ex-noivo. Além de ter sido alguém com que ela cogitava viver uma vida inteira junto ele não tinha tido nem coragem de terminar a relação que tinham cara a cara. E isso a indignava, pois Loli sempre prezou a verdade em todos os seus relacionamentos. Na verdade, o que mais lhe doía naquela situação toda nem tinha sido o término em si e sim a forma como aconteceu. O rompimento havia sido ao vivo em um dos programas de maior audiência na emissora que trabalhavam.

Foi aí que a tal da resiliência mais uma vez se fez presente em sua vida. Quando estava no meio de um filme água com açúcar regado a sorvete de chocolate foi que ela teve a ideia que mudou a sua vida. Jogou o controle da tv para o lado e decidiu que a partir daquele momento iria retomar o controle de sua vida. Ia dar adeus as lágrimas e comidas extremamente calóricas e tentaria reencontrar a sua essência.

Ligou para Mariana e a convidou para irem juntas para o Havaí. Seria o destino de sua lua de mel e nada melhor do que aproveitar o local com a sua melhor amiga. Deixaria de ver o destino com pesar e veria aquela viagem como o recomeço de tudo. Norita, mãe de Mariana, não gostou nem um pouco da ideia de a filha viajar com Loli. Quer dizer, viajar com a avoada da Loli. Porque certamente a senhora deve ter dito exatamente estas palavras. Por fim, a mulher aceitou ficar com Sam e Nicky para que Mariana pudesse viajar com Loli.

Loli entrou no quarto de hotel sorrateiramente e com um sorriso travesso no rosto. E logo Mariana já sabia que a amiga queria alguma coisa. Afinal, a conhecia com as palmas das mãos.

— O que você está aprontando Loli? — perguntou para a amiga que logo mostrou a garrafa de tequila que trazia escondida.

— Chula, é nosso último dia de viagem e precisamos aproveitar cada detalhe. — disse. — Vamos beber e depois sairmos para curtir nossa última noite nesse paraíso. Aliás, fiquei sabendo que está rolando um luau na praia privativa do hotel. Nem precisaremos ter que ir muito longe para encontrar diversão.

— Já vi que você não vai desistir até me fazer dançar a hula. — Mariana comentou rindo.

— Agora me diz quem viaja para o Havaí e não dança a hula? — questionou puxando a amiga para dançar. — Só você Marianita. Precisamos colocar nossos corpos para dançar.

— O que você não me pede sorrindo que não faço chorando. — Mariana provocou.

— Eu te amo Marianita. — Loli abraçou a amiga toda animada.

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Quando retornou a empresa depois que tudo aconteceu quase não conseguiu lidar com os olhares de pena. Isso sim era uma coisa que Loli detestava. A viagem veio no momento certo porque faltava pouco para a mulher mandar alguém dali tomar conta da própria vida. E se isso acontecesse as fofocas tomariam conta de todos os lugares possíveis e isso afetava diretamente os programas pelos quais ela era responsável.

O lado bom de se estar viajando para um lugar distante era poder aproveitar ao máximo toda a experiência e ter a certeza de que nunca mais veria aquelas pessoas. E seu lema naquela viagem foi: aproveitar a vida como se não houvesse o amanhã. O que acontecesse na viagem somente as ondas de Waikiki saberiam.

As ondas de WaikikiOnde histórias criam vida. Descubra agora