Rotina

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São Paulo, 2012.

Seis horas da manhã. Laura limpou a bancada na sala do laboratório do hospital Beneficente. O cansaço que sentia, graças a sua rotina, dera as caras às três da manhã e ela tinha 50 minutos para chegar em casa, tomar um banho, relaxar e dormir.

Havia oito anos que Laura trabalhava no mesmo hospital e no mesmo horário: das 18 horas às 6 da manhã, apesar de toda a Especialização em Hematologia que tinha e dos inúmeros convites para tornar-se Professora Universitária, ela preferia fazer seus turnos de 12 x 36, sempre a noite, afinal de contas, ela procurou por uma carreira que possibilitasse trabalhar a noite e dormir de dia, apesar dos sons da cidade agitada correndo atrás do pão de cada dia. A Biomédica Laura Martini sofria de insônia desde os 15 anos de idade.

Ela entrou no carro e dirigiu por 20 minutos até o apartamento na avenida Armando Ferrentini, um tempo muito bom, visto que ela costumava fazer o percurso em 40 minutos. Deixou o veículo no subsolo, entrou no elevador e chegou ao 6o andar. Entrou no apartamento, deixou sua bolsa, a mochila do notebook e, após tomar banho, vestiu um pijama antes de dormir, das 7:30 às 13 horas, quando acordaria para tomar um café reforçado, organizar seu apartamento, fazer compra de supermercado e atualizar-se sobre o que estava acontecendo no mundo.

Laura não tinha nenhum animal de estimação justamente pela vida que levava: morava sozinha em São Paulo, os pais, aposentados, moravam em Ubatuba; um de seus irmãos, o mais velho, estava morando em Maceió com a família e a irmã mais nova, fazia pós-graduação na Alemanha. O seu último namorado tinha se casado um mês antes e ela não pretendia ter outro relacionamento tão cedo. Eventualmente, os colegas de trabalho convidavam-na para confraternizações em bares ou restaurantes. Eis o resumo de sua vida social.

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