1997.
Quase fim de setembro. Laura e os irmãos, depois do jantar, despediram-se dos pais para dormir. A menina de 15 anos pretendia dar os últimos retoques no trabalho de História feito em folhas de papel almaço e a qual ela gastou muito tempo e esforço, inclusive gastou algum dinheiro na papelaria tirando cópias de ilustrações de diversos livros.
Entrou no quarto, ligou o rádio relógio e sintonizou a 100.1 FM, mas em um volume baixinho, só para não dormir enquanto terminava o índice e a bibliografia do trabalho. Duas batidas na porta do quarto: era sua mãe.
– Não fique até tarde fazendo o trabalho, senão você não vai conseguir acordar de manhã, Laura. – Dona Célia deu-lhe um beijo na testa – Boa noite, filhinha. Durma bem!
– Boa noite, mamãe. Durma bem, também.
A caneta de tinta roxa continuava a preencher os nomes dos autores e depois, com a caneta preta, ela preenchia o título da obra. Com a caneta dourada, ela dava destaque ao nome dos autores.
Vinte e duas horas: Laura arrumou a cama para se deitar. Ao som de "Hero", da Mariah Carey e no escuro, Laura pensava no Ricardo, sua paixonite de escola e com quem estava fazendo o trabalho de Física. Ela adorava as sardinhas no rosto dele! Seus olhos ficaram pesados... Pesados...
Acordou com uma luz forte vinda do lado de fora, o Morceguinho cantando alto e Tom latindo. Estranhou a movimentação no quintal, levantou-se da cama para olhar entre as frestas da janela quem estava perto da edícula.
– Ué... Pai?! Você está aí?!
Abriu a parte de madeira da janela e viu que a luz não vinha da arandela fixa na parede externa da edícula e, sim, de cima, do céu, para onde Tom latia com agressividade. Laura saiu do quarto descalça, desceu as escadas, passou pela cozinha e saiu para o quintal olhando para cima.
– Tom... Vem...
Tom continuava latindo com ferocidade para cima e, conforme a luz vinda do alto, de uma aeronave redonda, se moveu do quintal para o corredor, Tom seguiu a luz.
– Não, não, Tom, não! Vem!
Laura seguiu o cachorro e a luz passou por cima da casa, enquanto Tom passou correndo pelo portãozinho aberto em direção ao portão da garagem, também de barras de ferro. Por causa de um defeito na lingueta na tranca do portão e o pulo que o cachorro deu, o portão se abriu e Tom ganhou a rua, correndo para a esquerda. A adolescente continuou a seguir o cachorro que já estava na outra esquina, próximo da nave que pousara sobre um galpão da Prefeitura, um Posto de Saúde que a Prefeitura nunca terminaria de construir.
– Tom! – Laura gritou parando no meio do caminho – Tom! Volta aqui! Tom!
Misteriosamente, apesar do tamanho da nave, ela não fazia mais do que um "vuuuuu" como o de um ventilador; não tinha um som alto como o de um avião ou helicóptero.
Tom continuava a latir feroz, dentes para fora, pelos eriçados, em direção a nave. A luz tornou-se mais forte em direção ao cachorro, pois a nave se abrira.
– Tom! Não! – Laura gritou mais uma vez e correu de volta para o portão, de onde viu o cachorro correr para trás assustando, com o rabo entre as pernas e se abaixar ganindo. Com a voz trêmula, ela chorou – Tom, vem!
O Pastor Alemão correu com o rabo entre as pernas para sua dona. Laura deu um tranco no portão, conseguindo que a lingueta se soltasse e voltasse a posição de tranca. A luz vinda do lado esquerdo da rua subiu e diminuiu, diminuiu até sumir no céu.

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INSÔNIA
Misterio / SuspensoCAPÍTULOS NOVOS ÀS TERÇAS E SEXTAS, ANTES DAS 20:00HS. Caso de abdução alienígena ou delírio persecutório? A resposta estaria no passado da Biomédica Laura, que prefere trabalhar à noite no laboratório de Análises Clínicas de um renomado hospital de...