𝙂𝙞𝙣𝙣𝙮 𝙒𝙚𝙖𝙨𝙡𝙚𝙮 𝙖𝙣𝙙 𝙩𝙝𝙚 𝙃𝙖𝙡𝙛-𝘽𝙡𝙤𝙤𝙙 𝙋𝙧𝙞𝙣𝙘𝙚

09: Acid Pops

Era o mesmo pesadelo geral que ela vinha tendo, intermitentemente, durante a maior parte dos quatro anos: ela se viu deitada novamente na Câmara Secreta, tentando freneticamente apagar tudo o que havia escrito no diário de Tom Riddle, sua frieza, uma bela risada ecoando nos tetos altos, suas feições nubladas girando ao redor dela, ficando apenas fora de foco e visão.

─ Ele não está vindo, garota tola! ─ Riddle gritou. ─ Não desta vez! Você está sozinha! Você não é amada! Você está presa e não será salva! Eu voltarei e matarei todos eles, e será tudo culpa sua! ─ Ela podia ouvir o basilisco deslizando pelo chão em sua direção, embora ela não pudesse vê-lo, ela sentiu sua respiração sibilante contra seu pescoço enquanto apagava, as palavras voltando à existência assim que ela as removeu ... sim, o pesadelo não tinha mudado muito ao longo dos anos.

Exceto que desta vez, havia uma diferença. 

Desta vez, enquanto ela apagava freneticamente e Riddle ria e o basilisco se aproximava e seu pânico crescia, ela olhou para cima. E lá, a apenas alguns metros de distância, estava a fênix de Dumbledore, Fawkes, sentada quieta e olhando para ela.

─ Fawkes! ─ seu eu-lírico implorou. ─ Me ajude! Por favor! Eu tenho que saber! Me ajude!

Fawkes não fez nenhum movimento ou som. Ginny estava prestes a gritar por ele novamente quando notou uma única lágrima que se formou em seu olho. Em transe, ela observou enquanto a lágrima se acumulava, lentamente rolava por seu longo bico dourado, alcançava a ponta ... e então caía no chão. No instante em que a lágrima espirrou contra o solo frio da Câmara Secreta, Fawkes explodiu em chamas, consumido, um inferno furioso que rapidamente se espalhou ao redor dela, ameaçando queimar a Câmara e tudo dentro dela até as cinzas. E ainda, teimosamente, o diário na frente dela permaneceu intocado...

Ginny acordou assustada.

Ela estava enrolada em seus lençóis e pingando de suor, como geralmente ficava depois de um pesadelo. Ela se sentou na quietude do dormitório feminino da Grifinória do quinto ano, sua respiração rouca e puxada por trás de seu dossel. 

Eventualmente, seu coração desacelerou e retomou o ritmo normal; ouvindo, ela não ouviu nenhuma indicação de que qualquer um de seus companheiros de quarto tinha acordado, felizmente. Certa vez, ela cometeu o erro de contar a eles no segundo ano sobre o que eram seus pesadelos noturnos. Eles não falaram com ela por semanas depois, até que os sonhos um pouco diminuíram.

Na verdade, pensando bem, ela não sentira falta da conversa deles.

Os detalhes do pesadelo estavam desaparecendo rapidamente, como sempre acontecia, mas uma nova característica permaneceu com ela por mais tempo do que as outras, intrigando-a: a imagem de Fawkes, observando-a e chorando uma única lágrima, enquanto ela exigia que o pássaro o compartilhasse ela algum conhecimento. 

Fawkes, ela pensou consigo mesma. Isso é novo.

Ela estava bem acordada agora. O sono não iria acontecer agora; pelo menos, não tão cedo. Ela silenciosamente abriu o dossel de sua cama e olhou para o relógio antigo na parede. Três e meia da manhã. Calçando silenciosamente os chinelos e vestindo o robe, ela se dirigiu para a porta. Ela precisava limpar a cabeça.

Ela fez seu caminho através da sala comunal e saiu pelo buraco do retrato, para os corredores escuros de Hogwarts. Ela rapidamente desejou uma capa de invisibilidade, mas empurrou o pensamento de lado. Ela se insultava se pensasse por um momento que não poderia ir aonde quisesse nos corredores do castelo, quando quisesse.

Afinal, ela tinha administrado bem o suficiente quando estava sob o controle de Riddle.

Ela estremeceu e empurrou esse pensamento para fora de sua cabeça. Sem ruminar sobre isso, muito obrigada. Em vez disso, pensou no grande dia que planejara, e que péssima ideia seria não estar bem descansada para isso. Ela empurrou esse pensamento de lado também. Dormir, ela sabia por experiência, atualmente não era uma opção. Ela caminhou pelos corredores, na escuridão, nenhum destino em particular em mente.