Caso Indefinido ━━ Bruninho e Rosamaria

onze

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Rosamaria brincava com a correntinha em meu pescoço, concentrada no assessório e parecendo evitar a todo momento me olhar nos olhos.

Estava a achando estranha desde o jantar. Diferente de outros dias, ela não estava falante, não parecia estar se divertindo junto com os demais e, todas as vezes que eu tentava contato com o olhar para a perguntar se tudo estava bem, ela desviava rapidamente.

— Aconteceu alguma coisa? — Pergunto baixinho, afastando alguns fios de cabelo do seu rosto de maneira delicada.

— Não. — Respondeu ainda sem me olhar.

— Rosa... — Chamo e me aproximo mais dela. — Olha aqui pra mim. — Peço.

Seus olhos encontraram os meus e eu tentei desvendar o que eles transmitiam naquele momento, mas não consegui.

— Você está b... — Começo, mas ela me interrompe.

— Algum dos meninos sabe que nós dois, temos... isso? — Perguntou e eu pisquei algumas vezes, a olhando confuso.

— Não. — Respondo. — Por que? Algum deles falou alguma coisa?

— Você fala pra eles sobre as mulheres que você fica? — Me respondeu com outra pergunta.

— Ah, às vezes. — Digo. Um silêncio tomou o quarto e eu franzi o cenho, encarando Rosamaria. — Você quer que eu fale de você para os meninos?

Pela primeira vez, mesmo já a conhecendo a anos, eu vi Rosamaria ficar sem graça. Suas bochechas pareceram ganhar um tom mais avermelhado e ela se afastou de mim, soltando minha correntinha e limpando a garganta.

Rio da sua cara, a achando adorável daquele jeitinho.

— Não foi isso que eu disse. — Falou baixo e eu a puxei para mais perto, fazendo ela olhar para mim novamente.

— Pareceu. — Digo sorrindo abertamente.

Não era como se eu não sentisse vontade de gritar para o mundo inteiro que nós dois estávamos tendo algo, mesmo eu não sabendo exatamente o que era aquilo que tínhamos. Só que nunca conversamos sobre o assunto e, para mim, ela queria manter tudo em segredo.

Rosamaria era a mulher mais linda e incrível que eu já havia conhecido. Ficar com ela me fazia bem e eu sentia que podia ser o Bruno Rezende em sua presença, não o Bruninho do vôlei ou filho do Bernardinho.

— Depois que você falou sobre termos que fingir durante todo o jantar, eu fiquei pensando. — Disse e eu a olhei atento. — Por que nós nos escondemos? — Perguntou.

— Acho que é porque não é nada sério ou sei lá. — Murmuro. — Para ser sincero, eu não faço a mínima ideia do que é isso que nós dois temos. — Confesso.

Claramente não era mais só sexo sem compromisso para aliviarmos a tensão que toda a competição nos causava, como em 2016. A quatro anos atrás eu não sentia vontade de estar perto dela a todo momento como sinto agora.

A mulher manteve o olhar conectado ao meu, até limpar a garganta outra vez e se afastar novamente do meu corpo.

— Não sei se eu quero me relacionar sério com alguém por agora. — Falou baixo.

O silêncio que sucedeu após sua fala foi o mais desconfortável de todos que já havíamos tido.

Nem sempre tínhamos assunto para a noite toda, então deixávamos que o silêncio dominasse os quatro cantos do quarto e era bem confortável, diferente daquele.

Eu não queria ter, de algum modo, insinuado que desejava algo mais sério naquele momento. Não seria uma coisa ruim, mas eu sabia que não era a hora e queria que Rosamaria não tivesse entendido a minha fala da maneira errada.

— Não, eu não... — Digo afobado. — Minha intenção não foi dizer que deveríamos ter algo sério, eu só... — Suspiro fundo. — Que droga. Acho que essa é a conversa mais embaraçosa que nós já tivemos.

Rosamaria soltou uma risada baixa e eu sorri, sentindo o climão ser quebrado.

— Quero aproveitar esse tempo com você, antes que as Olimpíadas acabe e a gente só se encontre em Paris, em 2024. — Sorriu divertida.

Tive que dar um meio sorriso em resposta, mas no fundo eu não queria ter que esperar até 2024 para a encontrar novamente depois que aquelas Olimpíadas acabasse. Agora eu já sabia como era ruim ficar quatro anos longe daquela mulher e não desejava ter tal experiência novamente.

— Eu também. — Murmuro. — E eu não me importo em manter isso só entre nós dois, mas também não ligaria se contássemos para os nossos amigos. O que você quiser, eu quero.

Rosa sorriu e se aproximou, deixando um selinho em meus lábios.

— Eu quero ficar com você. — Sussurrou.

— Eu também quero ficar com você. — Digo no mesmo tom e seguro em seu rosto, selando nossos lábios mais uma vez.

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e eu quero ficar com vocês dois
😫