vinte e três

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Solto o meu corpo no assento, ainda um pouco atônito

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Solto o meu corpo no assento, ainda um pouco atônito. Eu sentia os olhares dos meus companheiros de vôlei voltados para mim, mas não os encarava de volta, repetindo sem parar o "eu te amo" dito por Rosamaria minutos atrás.

Ela pareceu não perceber o que disse, tanto que nem me deixou a responder.

— Que cara é essa, ela não gostou? — Lucão perguntou e eu pisquei algumas vezes, olhando para ele e para os outros.

— Eu disse que devia ser de outra cor. — Leal falou. — Não é porque ela é brasileira que tinha que ser verde e amarelo.

— Fica quieto, brasileiro falsificado. — Alan falou e recebeu um soco no ombro, dado por Leal.

— Espero que ela tenha gostado, porque eu não saí de madrugada e tropeçando mais do que tudo para nada. — Thales resmungou.

— Ela disse que me ama. — Conto, interrompendo a discussão em que todos entraram.

O silêncio se instalou e todos me encararam com os olhos levemente arregalados, não diferentes de mim.

— Só por causa de uma presilhinha mal feita?! — Lucarelli perguntou e eu o olhei.

— Não é uma presilhinha mal feita! — Falo indignado. — É um presente que eu mesmo fiz pra ela. — Digo.

Nós fizemos. — Lucão corrigiu, passando a mão no cabelo.

— Vocês só fizeram bagunça na loja e passaram vergonha. — Retruco e ele ri, parecendo se lembrar da noite anterior e do quão loucos estávamos.

Não me lembrava exatamente em que momento da comemoração eu decidi fazer algo para Rosamaria, mas me recordava que a mulher não havia saído da minha mente um minuto sequer durante toda a noite.

— Cheguei, gatas! — Ouvimos e Douglas se sentou ao lado de Leal, fazendo um toque com o mesmo. — As meninas já estão comendo as norte americanas vivas? — Perguntou animado.

— Não, mas a Rosamaria disse que ama o Bruninho. — Lucarelli contou, apontando para mim.

Os olhos de Douglas se arregalaram e ele soltou um gritinho, balançando as mãos.

— Lindos! — Falou. — O que você respondeu?

Forço um sorriso, ficando quieto e recebendo olhares incrédulos dos meus companheiros de Seleção.

— Você respondeu, não é? — Perguntou.

— Não, mas só porque ela saiu correndo. — Digo rápido. — Não tenho dúvidas de que a amo mais do que tudo nessa vida, mas como que eu iria dizer? Estava surpreso pela naturalidade em que ela disse e depois ela teve que se apressar para o jogo. — Disparo a falar. — Será que ela está achando que eu não sinto o mesmo?! — Pergunto preocupado.

— Talvez. — Lucão me respondeu.

— Estraguei tudo?!

— Rapaz, nunca imaginei ver o Bruninho assim. — Lucarelli disse como se eu não estivesse presente, olhando para os demais. — O cara tá com os quatro pneus e o estepe completamente arriados.

— Cala a boca, Lucarelli! — Resmungo, me esticando para o bater. — O assunto é sério e você fazendo graça.

— Não sei porque está surtando, é tão fácil de resolver esse problema. — Leal disse. — É só você dizer que a ama, até porque você sente isso mesmo.

— Exatamente. — Ouço um coro.

— Ela não deve nem ter percebido. — Lucão falou.

— Isso. Depois do jogo você se declara pra ela, se ajoelha, pede em casamento e finge que as medalhas de ouro são a aliança! — Glinhas falou rapidamente, olhando para um ponto qualquer e parecendo imaginar toda a cena.

— Não vou pedir Rosamaria em casamento! — Digo. — Não agora. — Completo.

Volto o olhar para a quadra, vendo ela se preparar para o jogo, e mordo o lábio, enquanto a analisava e torcia para que a mesma não estivesse pensando que eu não a amava.

*

— É horrível provar do próprio veneno. — Digo e puxo um pouco o meu cabelo, a um passo de surtar naquela arquibancada.

O jogo das brasileiras contra as estadunidenses se encaminhava para o tie-break. A equipe do Brasil começou perdendo e recuperou os sets perdidos no terceiro e quarto, empatando com as rivais e levando a partida para o set de desempate.

Eu parecia estar mais ansioso e nervoso do que se estivesse na quadra e poderia ver que toda a torcida brasileira se encontrava da mesma maneira.

As jogadoras voltaram a se posicionar na quadra e eu avistei Rosamaria mexer no cabelo, mais precisamente sobre a presilha que eu havia a dado de presente. Um sorriso largo se abriu em meu rosto e eu pedi mentalmente para que ela olhasse na minha direção.

Talvez nossos pensamentos estivessem conectados, pois Rosamaria olhou ao redor no mesmo segundo e encontrou o olhar com o meu.

Jogo um beijo para mesma, como ela havia feito quando era eu quem estava naquela situação.

Nosso beijinho de boa sorte.

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o beijinho de boa sorte deles
🥺🥺🥺

Caso Indefinido ━━ Bruninho e RosamariaOnde histórias criam vida. Descubra agora