26

6.6K 430 93
                                    

Aurora Bitencourt.

Eu tava vendo série quando o interfone tocou.

- Alô?

- Boa tarde, dona Aurora. Chegou encomenda aqui pra senhora.

- Obrigada. Já tô descendo, Paulo.- desliguei a chamada e fui pegar um casaco.

Lá embaixo tá muito frio, igual ontem.

- Boa tarde, seu Paulo.- disse já na portaria.

- Boa tarde, aqui está a sua encomenda.- ele disse com um sorriso e me entregou a caixa.

- Muito obrigada.- eu agradeci.

O Paulo virou meu amigo desde que eu cheguei aqui, ele tem compartilhado a vida amorosa dele comigo e tem me contado fofocas do bairro dele também.

Ele é um senhorzinho muito legal, tem filhos e ama a mulher dele. É um senhor como poucos, raro eu diria.

Ele é baixinho, tem cabelos brancos e cheira a perfume e às vezes cigarro. Já falei pra ele parar de fumar, ele pode morrer ainda mais com 67 anos.

- Junto com essa caixa não tem nenhuma novidade não?- eu perguntei animada lembrando da nossa última conversa.

- Tem sim. Uma menina lá do meu bairro foi corneada. Quer que eu conte a história?

- Claro, pode falar. Pra você eu tenho todo tempo do mundo.- eu disse me sentando no sofá que tinha ali.

- Então, uma menina adolescente começou a namorar com um garoto. Aí a gente tem um grupo do bairro né, pra se acontecer alguma coisa todo mundo fica sabendo, sabe? Aí a gente tava jogando papo fora e o menino começou a falar no grupo também, ela começou a xingar ele no grupo. Mandou ele ir se fuder, tomar no cu, um horror. Aí ela tava passando na rua e eu perguntei se eles tinham terminado o namoro deles, aí ela me respondeu que eles já tinham terminado há muito tempo. Depois eu fiquei sabendo pela minha neta que ele traiu ela com a atendente da floricultura indo comprar flores para a garota.- ele me contou gesticulando igual uma Maria Fifi.

- Gente, por isso que ela tava xingando tanto ele. Que babado.- eu disse chocada.

- Pois é, mas eu acho bem que eles vão voltar, porque eles tão amiguinhos ultimamente.

- Pra ela voltar com ele só sendo muito trouxa, né?

- Sim, mas eu também acho que aquilo foi um desespero pra namorar da parte dela.

- Entendi, e sua vida amorosa? Como anda?

- Cê acredita que ela me perdoou?- ele falou todo animado.

- Mentira Paulo. Que bom, parabéns pra vocês.- eu disse feliz por ele.

É que a ele e a mulher tinham brigado, porque ele tava andando muito com uma senhorinha que faz bolo lá no bairro dele pra fazer uma surpresa de aniversário pra Rosa, a mulher dele. Aí ela achou que ele estava traindo ela e eles brigaram.

Ele ficou muito triste quando eles brigaram, mas agora eles estão bem, graças a Deus.

- Eu vou indo, seu Paulo. Outro dia eu volto pra gente conversar mais um pouco, tchau.- eu levantei do sofá.

- Tchau, dona Aurora.- ele me deu tchau animado e eu subi as escadas feliz por ele ter se resolvido com a Rosa.

Cheguei no quarto do Ethan e vi que era a caixa do meu vestido. Tranquei a porta e agradeci por ele não estar em casa.

Eu abri a caixa e logo senti o cheiro de um perfume doce acompanhado de um bilhetinho.

Agradecemos pela confiança em nós, espero que goste da sua encomenda e sinta-se à vontade para comprar mais vezes.

Com carinho,

Maria Luísa.

Era a própria dona da loja que tinha mandado o bilhete.

Tirei um papelzinho que tinha e logo vi o meu vestido.

Segurei ele pelas alças para que eu pudesse ver melhor.

Do jeitinho que eu pedi, ele é muito lindo mais lindo do que nas fotos.

Vou ter que esconder isso aqui, não quero que o Ethan veja ele antes da festa da Ana.

Do jeito que eu falo até parece que é casamento.

Deus me livre, mas quem me dera...

Peguei a caixa e coloquei em uma gaveta que não tinha nada dentro e que em todo esse tempo não vi ele abrir.

Logo depois escutei a porta abrir e destranquei a porta indo deitar na cama.

- Deitada a essa hora? Tá tudo bem?- ele perguntou quando entrou no quarto.

- Tudo sim, só tô um pouco cansada.

- Vem ver o que eu comprei.- ele disse me chamando com um sorriso e eu levantei da cama.

- Misericórdia, você é perfeito.- eu disse vendo as sacolas do McDonald's.

- Muito obrigada, mas eu sei disso.- ele piscou um olho e se sentou na mesa.

- Sabe o que eu sonhei hoje?- eu perguntei.

- O que?

- Eu sonhei que a gente era o SharkBoy e a Lavagirl, só que a gente tava com roupa de funkeiro. Então eu era a Sarragirl e você o Chaveboy.

- Caralho.- ele riu.

Continuamos a comer o lanche. Sinceramente eu não quero deixar vocês com fome, mas isso tá muito bom.

- Seu vestido já chegou?- ele perguntou.

- Meu vestido? Não, não chegou ainda não.- eu disfarcei e bebi a coca.- É a primeira vez que eu compro lá e se não chegar eu vou processar caran.- eu disse fazendo uma voz engraçada.

- Quem é Carol e por que você vai processar ela?- ele perguntou um pouco confuso.

- Eu disse que eu vou processar 'cara' só que aí eu coloquei um 'n' no final.- eu disse rindo e ele riu também.

- Eu vou processar a Carol.- ele disse rindo ainda.

- Qualquer coisa eu coloco a Carol na prisãum.- eu disse e ele riu.

- Eu acho que tô começando a ficar surdo.

- Acha?- eu perguntei sorrindo de lado.

- Yasmin, vamo parar de palhaçada Yasmin. Vamo Yasmin, parar de palhaçada.- ele disse me fazendo rir.

Sabe aquela música?

E se eu te der meu coração...

- Me desculpe querer te bater, te humilhar. Já parei pra pensar, é ciúmes, vem cá. Para de blá blá blá, vamos nos mais amar. De hoje em diante eu te amo e vem cá.- eu cantei e ele riu.

continua...

Não consegui postar cap ontem, mas hoje eu consegui, amém.

O Cara da EscolaOnde histórias criam vida. Descubra agora