Um sorvete para congelar seu sorriso

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"Parabéns pra você

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"Parabéns pra você

Nessa data querida

Muitas felicidades

Muitos anos de vida"

Os colegas da turma de Belinda cantaram em comemoração ao aniversário de Lewis, pouco antes de eles serem liberados para casa. Já do lado de fora da escola, a menina mantinha um sorriso feliz para o rapazinho.

― Ah, amigo... é tão bom saber que o Bondoso está te abençoando com mais um ano de vida, não é? ― Bel se agarrou no braço do colega agora um centímetro mais alto que ela, para felicitá-lo. ― tem algum versículo que fale sobre isso?

Lewis gostava do carinho de sua amiga. Na verdade, nunca uma garota fora tão próxima dele quanto ela vinha sendo. O menino queria que um dia eles pudessem ir à igreja juntos e poder apresentá-la a seus pais.

― Não tem não, Helena. As únicas vezes que os aniversários aparecem sendo comemorados na Bíblia são com pessoas pagãs, sem ordem de Deus.

Eles caminhavam alinhando os passos, enquanto Jessica ia atrás escutando música em um mp3 que era tendência na cidade. Um pouquinho depois, ela se despediu dos dois ao atravessar a pista e ir encontrar seu pai.

― Pagãs são o quê? Pessoas que pagam? ― Belinda refletiu em voz alta. O garoto abriu a boca para responder, só que alguém interrompeu a conversa.

― Parabéns pra você... ― Francesa surgiu com um ovo na mão, cantando. ― Tome seu presente, Lewis! ― Sem que o menino pudesse se defender, ela quebrou o ovo na cabeça dele.

Não só o garoto, mas Bel ficara boquiaberta com aquela brincadeira de mau gosto.

― QUAL O SEU PROBLEMA? ― a criança de olhos coloridos cerrou os punhos, enraivecida.

― Não se intrometa ― Francesca avisou. ― No seu aniversário, prometo fazer algo especial também!

E saiu.

Bel quis correr atrás dela, puxar os cabelos bem-penteados da pirralha e dar-lhe um soco bem dado. Mas achou melhor prestar ajuda a seu amigo, que agora exalava um terrível odor.

― Oh, Lewis! Você... ― ela fez careta ao sentir o cheiro de ovo. ― está com o cabelo todo sujo.

O garoto riu. Não, na verdade, ela disse que ele gargalhou.

― Divide esse sofrimento comigo? ― Lewis balançou o cabelo, na intenção de respingar na amiga. Belinda se abaixou para se proteger, ao passo que ria também. ― Preciso comprar uma água para me limpar antes de chegar em casa. Não quero que meus pais saibam da Francesca. ― respirou fundo, antes de enfatizar ― Especialmente minha mãe. ― Depois, ofereceu sua mão para Bel se reerguer ― Podíamos tomar um sorvete no caminho, o que acha?

A menina se animou, mas pensou em dois empecilhos.

― Mas será que vai dar tempo de pegarmos o ônibus? E... estou jazindra de dinheiro. Nadica de nada. ― Enfiou as mãos no bolso, e fez bico.

― Hoje é por minha conta ― Lewis garantiu, sem preocupação. ― Além do mais, é meu aniversário. Pense que está realizando um desejo meu!

Ela sorriu. Claro que sorriu! Por dentro e por fora. Lembrou-se de um dia especial de sua vida e decidiu compartilhar com seu amigo enquanto caminhavam rumo à sorveteria mais próxima.

― Quando eu ainda não morava aqui, meus amigos me deram um dia especial de aniversário. Não posso te falar o que desejei. Nem te contar muito eles... mas foi filávido demais. Espero encontrá-los de novo logo.

― Eu nunca tive uma amiga, você é a primeira! Então acho que não sei como é ter saudade de alguém, como você tem ― Depressa, chegaram à sorveteria ainda conversando ― mas sei que um sorvete pode congelar seu sorriso para não ficar triste.

A menina lambeu os lábios ao ver a variedade de bolas geladas à sua frente. Escolheu baunilha e chocolate.

― Isso tá uma delícia! ― Depois de pago, os dois faziam o caminho oposto para chegar ao ponto de ônibus. A esse ponto, o menino já havia jogado água no resquício de ovo em seu cabelo.― Obrigada por me alimentar, amigo. Está me fazendo infinitamente feliz. Se um dia eu for dona de uma padaria, mercantil ou alguma coisa assim, vou te deixar levar toda a comida que quiser.

Lewis meneou a cabeça rindo do exagero dela. A buzina de um carro que passava ao lado, porém, assustou os dois. E fez Bel derrubar uma bola do sorvete. Nisso, ela já ficou brava.

― Por que não está em casa? ― Sr. Potter parara o carro, encarando a menina com um semblante nem um pouco feliz. ― Entre no carro.

A menina balançou as bolas do olho de um lado ao outro, não sabendo bem como reagir. Foi Lewis quem a incentivou a obedecer o homem, aconselhando-a um pouco sonoro "vai".

De dentro do carro, a criança não conseguiu discernir o que acabara de acontecer. Ficou se perguntando o que havia acontecido para receber tamanha frieza do senhor ao seu lado. Claro, tentou compreendê-lo. E, daquela vez, não foi muito bem-sucedida.

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Maratona intercalada 1/3

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