O livro do Bondoso

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TRÊS PASSOS ATÉ TER um novo encontro com a Matemática, o Português, a Geografia

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TRÊS PASSOS ATÉ TER um novo encontro com a Matemática, o Português, a Geografia... Bel estava a segundos de entrar em sua nova sala de aula. Quando o professor ouviu as batidas da porta, deu um sorriso cordial e pediu para a loirinha entrar e esperá-lo ao lado do birô, de frente à turma. A barriga dela revirou.

Novas crianças. Novas pessoas para compreender! A menina se acalmou assim que percebeu que não estava ali à toa. Talvez, ali ela iria encontrar um propósito e tornar seu segundo sonho real.

― Sou Roger, o professor de Ciências. Minha querida, vejo que é a conhecida do senhor Potter... ― o professor aumentou o sorriso ao conferir a ficha de apresentação que Belinda havia trazido nas mãos. ― Senhorita Helena, é de costume que os novatos se apresentem aos demais colegas com algumas poucas palavras. Vamos lá, nos conte um pouco sobre você. ― Com um gesto de incentivo, ele deu um espaço para Bel falar.

Ela coçou a cabeça, tentando lembrar o discurso que havia ensaiado na noite anterior com a srta. Tames.

― Hum... certo ― respirou fundo, buscando as palavras. ― Meu nome é Helena e...

Ouviu-se uma risada abafada, no canto direito da sala. Bel, que não olhava para nenhuma criança específica, conseguiu visualizar quem fazia o deboche. Era uma garota de lindos olhos verdes arredondados, sobrancelhas marcantes, cabelos lisos longos com uma pequena mecha rosa na franja. Bel logo notou também que, não só a menina gaiata, mas as outras não usavam o mesmo penteado de Bel. Aquele com um rabo de cavalo de cada lado da cabeça que a srta. Tames jurara ser necessário.

― Eu sou... ― Belinda tentou se concentrar. Tentou mesmo. Buscou respostas até mesmo em sua verdadeira identidade, mas naquele momento parecia que tudo estava fugindo.

E olha que ela nunca foi de não saber o que falar.

― É...? ― O professor ergueu as sobrancelhas, tentando ajudá-la.

― Sou... ― com um sorriso sem graça, abaixou os ombros. Era tão difícil falar de alguém que ela não conhecia. ― Eu não sei.

A turma riu bem mais alto que antes. Por dentro, Belinda sentiu um pouco de raiva e os encarou mal.

― Entendemos o seu nervosismo, minha querida ― o homem tentou esconder o riso, coçando a barba por fazer. ― Quem sabe daqui a alguns, quando estiver mais à vontade, possa nos falar mais? Sente-se onde achar melhor para que continuemos nossa aula.

Belinda assentiu e abancou-se no primeiro lugar que viu, lá na frente.

― Eles riem de tudo, não ligue ― o menino da cadeira de trás cutucou-a, quando ninguém mais prestara atenção nela. Bel não quis conversa e nem tentou compreendê-lo.

O intervalo chegou mais rápido que a garotinha pudesse imaginar; quando se deu conta, todos saíam da sala para ir lanchar ou brincar nos corredores.

― Uma chave salvadora ― a menina da mecha no cabelo ergueu sua mão que continha a chave da porta, enquanto tapava a saída da sala. ― para não permitir que crianças estranhas se misturem com crianças normais. Tchauzinho!

E trancou não só Bel, mas o menino que sentava atrás dela e outra garota. O rapazinho tinha um cabelo claro, bochechas vermelhas com muitas sardas, usava óculos, e era exatamente da altura da menina de olhos coloridos. A garota era bem alta e forte e tinha um sorriso faltando um dente na lado direito.

― É só uma brincadeira, não é? Já ela abre... ― Belinda perguntou, torcendo que sua indagação fosse respondida com um sinal positivo de cabeça.

― Oi, eu sou Jessica. É por isso que eu trago lanche escondido ― pegou sua lancheira e começou a bebicar um achocolatado, sentada em sua carteira. ― Te aconselho a trazer também.

A loirinha indignou-se com os fatos. Ainda mais quando viu o garoto sentado lá no canto da sala, lendo um livro, como se nada mais importasse. Bel foi até lá, pisando forte.

― Ei, você!

― Oi? ― Ele baixou o livro para visualizá-la.

― Não vai fazer nada? Só aceitar que aquela menina tenha nos prendido aqui? Isso é frastinoso da sua parte! ― A mão na cintura e os cabelos ligeiramente frisados, mesmo amarrados, demonstravam que Bel estava bastante estressada.

O menino suspirou, voltou a ler e expressou:

― A Francesca luta com as armas dela. Eu luto com as minhas.

Belinda tentou compreender, de verdade. Mas sua mente deu um nó.

― O Lewis está falando do livro ― Jessica virou-se e, de boca cheia, meneou a cabeça na direção do menino.

Livro. A loirinha inclinou-se e espremeu os olhos na direção do conjunto de páginas que estava nas mãos dele. Bíblia Sagrada.

― Nunca ouvi falar sobre essa Bíblia Sagrada. O que é isso?

O menino Lewis ficou com as bochechas mais vermelhas que antes, ao expressar um bonito sorriso. Parecia o sorriso de Kill.

― É o livro da vida! Da minha, da sua e de todos ― aquilo prendeu a atenção de Belinda em tal nível que ela não queria fazer perguntas, apenas ouvir. ― Fala sobre o Deus Criador. Aquele que mora lá no céu e cuida de nós.

A menina arregalou os olhos. Logo, eles encheram de lágrimas. Era o livro do Bondoso! Ela nunca imaginara que conseguiria tê-Lo ali, materializado em forma de papel, em sua frente.

― Se quiser, posso ler para você.

Bel balançou a cabeça, emocionada e correu para sentar ao lado de Lewis.


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Maratona de capítulos intercalados 1/5

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